Morre aos 93 anos Jaime Perogil, o último charreteiro de Mirandópolis

Morre aos 93 anos Jaime Perogil, o último charreteiro de Mirandópolis

Morreu na manhã deste sábado (9), aos 93 anos de idade, o senhor Jaime Perogil, considerado um dos últimos charreteiros de Mirandópolis. Ele faleceu em casa. Não há informações sobre a causa da morte. O velório ocorre neste momento e o enterro está previsto para as 11 horas, no cemitério municipal.

Senhor Jaime foi charreteiro por mais de 60 anos na cidade. Nasceu em Araçatuba, morou em Guararapes e chegou em Mirandópolis com sua família em 1941 para trabalhar em um cafezal no bairro Km 52. Perogil já havia sido orientado pelo médico a parar de trabalhar, pois estava bastante debilitado.

O jornal AGORA NA REGIÃO o entrevistou em fevereiro deste ano. Confira abaixo.

Como chegou em Mirandópolis?
Nasci no bairro rural da Água Limpa, em Araçatuba, em dezembro de 1926. Tinha quatro irmãos, mas todos já faleceram. Meus pais eram lavradores e trabalhavam nas roças de café. Depois fomos morar em Guararapes, só que daí em 1941 meu pai foi contratado para trabalhar como meeiro no cafezal do senhor Joaquim Dornellas, no bairro Km 52. Quando chegamos lá era só mato, construímos a casa e o paiol, ficamos uns seis anos. Daí saímos de lá para morar em uma chácara na Ponte Seca.

Depois veio morar na cidade?
Isso, naquela época não tinha muitas casas por aqui, era só mato. Mas compramos esse pequeno sítio (indo para o Pé de Galinha) e nunca mais saímos. Naquela época passamos a plantar arroz, feijão, verduras e muitas outras coisas.

Casou e teve filhos?
Casei (Marta Cândido) e tive cinco filhos, um infelizmente faleceu em São Paulo. Tenho uma filha que mora em Araçatuba, outro em Dourados, um em Promissão e outro em Avanhandava.

Quando virou charreteiro?
Em 1951, não tinha ninguém que fazia esse tipo de transporte em Mirandópolis. Meu ponto era na Rafael Pereira e levávamos as pessoas para sítios e fazendas. Lembro que quando chegava o trem era tanta gente chamando que ficava até perdido. Além de transportar gente, pegava sempre serviços de entrega de carvão, de água da mina e as compras dos armazéns. Foi um período que consegui ganhar dinheiro, bons tempos.

Hoje fica em casa?
O médico me obrigou a parar de trabalhar, mas não queria não. O problema é que hoje tenho muita falta de ar, então não posso fazer esforço físico. Tenho coragem, mas não tenho força.

Quais as boas lembranças?
Lembro que transportei muitas vezes a dona Sílvia Golmia para a escola e o Dr. Neif Mustafa. Também servi muito a família do senhor Geraldo Braga, do senhor Joaquim Pereira dos Santos e o senhor Manoel Alves de Ataíde.

Qual o segredo para viver mais de 90 anos?
Depois de velho não estou comendo nada que presta (risos). Pra ser sincero, nunca fumei e nunca bebi. Além disso, sempre trabalhei muito, talvez seja esse o segredo.


                       
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