‘A vida me levou a ser educadora’, comenta Shizuko Miguita

‘A vida me levou a ser educadora’, comenta Shizuko Miguita

Conversamos com Shizuko Miguita, mestre em Educação com especialização em interdisciplinaridade na área. Com licenciatura em Letras Vernáculas e Alemão (1975), ela possui graduação em Pedagogia pela Faculdade de Educação, Ciências e Letras Urubupungá (1979). Confira abaixo a entrevista completa.

Cresceu em Mirandópolis?
Sim, sou mirandopolense. Cresci na fazenda Santa Cecilia, no pé de galinha, na época não tinha transporte escolar, então muitas vezes vinha a pé. Tenho uma irmã farmacêutica bioquímica e um irmão engenheiro, que também estudaram em Mirandópolis e hoje estão morando fora. Entrei primeiro em uma escola japonesa, então fui alfabetizada em japonês. Depois fiz o primário, que chamávamos de grupo escolar, onde é o Dr. Edgar, depois fiz o ginásio no Noêmia. A faculdade fiz em Marília, que era vinculada a USP, e especialização em Três Lagoas e mestrado em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.

Qual a sua ligação com a parte educacional?
Quando fazia colegial não tinha intenção de ser professora, mas a vida me levou a ser educadora. Sempre gostei de educação, comecei a dar aula em São Paulo porque passei em concurso. Depois consegui ir para a Aliança, onde fiquei nove anos como professora. Depois fui para Lavínia e na sequencia para direção de escola. A vinha vida profissional está ligada a municipalização da educação, então tenho bastante experiência com as mudanças desse setor que é fundamental.

E teve uma importante passagem na Uniesp?
Na questão de curso superior comecei na faculdade Firb, em Andradina. Mas realmente o diferencial foi quando fui professora na Uniesp, aqui em Mirandópolis, que foi um desafio porque foi uma nova etapa da minha vida. Foram bons anos que levo com muito carinho porque fiz muitas amizades e cresci profissionalmente.

E como foi ser diretora de Educação?
Foi uma experiência e tanto a passagem pela prefeitura (2017 a 2019). É muito diferente uma educação municipal na questão de executar ações porque não depende só de você para colocar as ideias em prática. Ficamos dependendo do executivo e do legislativo. O grande problema é que tem um pessoal envolvido na política que está afastado da política educacional, esse é um grande problema. A educação não é questão de merenda e apostila, mas sim fazer uma política municipal educacional própria do município com planejamento a pequeno, médio e longo prazo. Até temos o Plano Municipal de Educação, mas nem todos tem o conhecimento adequado para que serve. Sou especializada em gestão e acredito que qualquer diretor, independentemente da área, precisa entender de gestão para tocar uma pasta municipal. Um outro grande problema é que os professores não querem se atualizar, depois que conseguem o emprego alguns ficam na mesmice e não podem se acomodar.

Como analisa a educação na pandemia?
É um prejuízo educacional muito grande que levará diversos anos para recuperar pedagogicamente falando. Por mais que tenha a educação a distância, alfabetizar de forma online é muito complicado porque somos um país continental com várias realidades diferentes. Sei que na teoria não estão parados, mas sabemos que na prática é bem diferente. No primário tenho certeza que nada se compara a uma aula presencial. Uma faculdade até acho que funciona ensino a distância, mas para uma classe de alunos vai demorar para recuperar.

E sobre a volta as aulas de forma presencial?
A pandemia ainda não passou no Brasil e não podemos tapar os olhos para os riscos que o vírus transmite. Ainda não é o momento de voltar, imagina se tiver um caso em uma escola, porque aluno, professor e funcionários circulam dentro de casa e em outros locais. Não tem como falar pro aluno ficar com máscara todo o tempo na escola, não tem como não dar merenda, é complicado essa volta. A mãe precisa levar o filho pequeno na escola, é uma decisão difícil que precisa ser muito bem analisada.

Como é ser reconhecida como professora?
É prazeroso esse reconhecimento, mas como dei aula na Aliança, Lavínia, Edgar, Cene e Uniesp, então fica difícil reconhecer todos. Sempre brinco com meus ex-alunos que eles mudam demais e por isso não consigo lembrar (risos). É legal ver as turmas que saíram da faculdade para encontrar um rumo profissional. Hoje tenho conhecidos espalhados pelo Brasil e até pelo mundo, isso é gratificante profissionalmente.


                       
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