‘Desde jovem imaginava ser professora’, lembra Regina Gonçalves, presidente da Apam

‘Desde jovem imaginava ser professora’, lembra Regina Gonçalves, presidente da Apam

Conversamos com Regina Gonçalves Rosado, presidente da Apam (Associação dos Professores Aposentados de Mirandópolis.) Natural de Nuporanga, Regina chegou em Mirandópolis aos cinco anos para morar em uma fazenda em que seu pai era administrador. Mãe de dois filhos e avó de dois netos, ela iniciou na sala de aula em 1966, sendo que trabalhou por 25 anos no Sesi. Confira abaixo a entrevista completa.

Nasceu e cresceu aonde?
Nasci em 1945, em Nuporanga, perto de Ribeirão Preto. Cresci lá com meus dois irmãos, só que com cinco anos mudei para a Fazenda Santa Odila, depois ainda fomos para a Fazenda Santa Clarice, que fica próxima da Segunda Aliança.  Meu pai era administrador de fazenda. Com 12 anos vim morar na casa do meu tio Manuel Flausino Correa para fazer a quarta série na escola Dr. Edgar. Daí no ano seguinte meus pais mudaram para a cidade, já que surgiu uma oportunidade do meu pai trabalhar na Casa Moreira. A minha mãe era dona de casa.

Quais as lembranças de Mirandópolis?
Morei na antiga rua Tibiriçá, que hoje é rua Mizael Leandro Alves. Aproveitei muito brincando de queimada e betia, outros tempos porque vivíamos na rua, mas sempre com responsabilidade. Lembro muito da praça, pois era lá que brincávamos e namorávamos (risos).

Por que ser professora?
Na juventude já imaginava ser professora o resto da vida, não foi nada forçado, era uma paixão mesmo que tinha. Terminei os estudos em 1965, daí no ano seguinte a minha primeira escola como professora foi na Fazenda Santa Lina. No segundo ano fui para a Fazenda Santo Antonio, sendo que nesse mesmo ano (1967) entrei no Sesi, onde fiquei por 25 anos até me aposentar. Minha preferência era dar aula para terceira e quarta série, gostava muito dessa idade, a minha vocação sempre foi essa faixa etária.

Como analisa a educação em 2020?
Esse ano vejo como perdido, infelizmente. Um prejuízo muito grande educacionalmente falando para uma geração toda. As crianças não estão aprendendo como deveriam, tomara que no ano que vem volte a normalidade e eles tenham reforço escolar.

Como surgiu a Apam?
A Graciosa Miloca faleceu e um grupo de amigas se reuniu para juntar um dinheiro para comprar uma coroa de flores. Entre alguns nomes desse grupo estava a Liria Susuki, Flora Marques, Terko Issui e Antiniska Mustafa, elas ligaram para outras amigas e arrecadaram o dinheiro. Daí surgiu a ideia de fundar uma associação para fins recreativos, sem objetivo financeiro. Foi justamente nessa conversa entre amigas, que por coincidência eram professoras, que surgiu a Associação dos Professores Aposentados de Mirandópolis, em fevereiro de 1997. Estou há dois anos na presidência, sendo que nosso objetivo principal é proporcionar o lazer entre as participantes, sendo como regra principal a proibição de falar sobre política, religião e futebol (risos). Infelizmente o nosso último encontro foi em fevereiro, por questão da pandemia estamos nos precavendo. Hoje somos 84 participantes, e enquanto estiver viva quero participar da Apam, assim como quero continuar ajudando a Apae com os doces.

Qual mensagem deixa para um futuro professor?
Os tempos modernos exigem muito de um professor, o salário e aposentadoria é complicada, dentro da sala de aula também vejo que não tem o respeito que tínhamos. Então sempre digo que precisa ter vocação para ser professor. Se você ama dar aula, tudo isso vale a pena, porque é muito gratificante encontrar um ex-aluno na rua, com sua família, e ser chamado de professora. Mesmo depois de 28 anos de aposentada, é um gesto que não tem preço que pague. Muito me honra saber que advogado, médico, jornalista, assim como qualquer outra pessoa que se graduou, passou por uma sala de aula.


                       
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