‘Fui o primeiro oftalmologista em Mirandópolis, são quase 40 anos’, diz Dr. Hiroshi Tanaka

‘Fui o primeiro oftalmologista em Mirandópolis, são quase 40 anos’, diz Dr. Hiroshi Tanaka

Conversamos com o Dr. Hiroshi Tanaka, oftalmologista que completa no ano que vem 40 anos de atuação em Mirandópolis. O médico que casou em 1985 com a dentista Mitiko, com quem tem uma filha, que também é medica neurologista e trabalha em São Carlos, tem em sua infância no beisebol as melhores lembranças. Confira abaixo a entrevista completa.

Nasceu e cresceu aonde?

Nasci em 1951, na Bela Floresta, que faz parte do município de Ilha Solteira, na divisa com Pereira Barreto. Somos em sete filhos, sou o segundo da família, e quando tinha mais ou menos um ano de idade mudamos para Mirandópolis. Meus avós tinham um sitio e criavam gado, mas naquele tempo, final dos anos 40, não tinha mangueira para tratar os animais como tem hoje. Eles cuidavam dos animais na unha, como se diz, e o único remédio era a creolina. Em uma dessas meu avô tomou uma chifrada e ficou um mês parado. A preocupação da minha avó foi tão grande que decidiu investir em um comércio, que era o Bazar Tietê.

Mudaram por conta do comércio?

Isso, ficava na rua Rafael Pereira, onde hoje é a Frutidellis. Cresci ali no bazar, meus pais ficaram no comércio por cinquenta anos. Cresci ajudando no bazar e estudei no município até o segundo colegial, foi quando decidi fazer medicina e mudei para estudar em São Paulo. Fiz o terceiro colegial lá, depois fiz dois anos de cursinho. Foi um período de bastante dificuldade porque era uma diferença muito grande de conhecimento e cultura. Em 1973 entrei na faculdade da Santa Casa de São Paulo, me formei em 1978, depois fiz dois anos de especialização em oftalmologia (1979 e 1980). Em 1981 passei a trabalhar atendendo convenio médico em São Paulo, mas no ano seguinte decidi voltar para Mirandópolis.

Quais os motivos do retorno?

Era o único filho que tinha a possibilidade de ficar próximo dos meus pais, até então meus irmãos não tinham manifestado intenção em voltar. Com isso voltei e montei meu consultório em março de 1982 em Mirandópolis, ano que vem completo 40 anos de atendimento na cidade, um marco que me alegra muito. Fui o primeiro oftalmologista em Mirandópolis, tinha dois em Andradina e meia dúzia em Araçatuba. Trabalhei muito no começo, pois naquele tempo não tinha atendimento pelo município e muito menos convênio médico.

Voltar foi a escolha certa?

Se tivesse ficado lá teria um infarto em pouco tempo de profissão (risos). No primeiro ano como oftalmologista comecei a trabalhar as 8 horas e parava às 19 horas, em média eram 60 consultas por dia. No final de semana só dormia por conta do cansaço, isso quando não fazia plantão porque era a maneira de conseguir juntar um dinheiro. Então a vida lá era dormir ou plantão. Lembro de sair na sexta com uma mala porque voltava para casa só na segunda. Quem cresceu no interior sofre para se adaptar a vida de São Paulo.

Quais as lembranças da infância?

Fui de uma geração muito feliz em Mirandópolis. Morava na rua Rafael Pereira, onde era tudo terra e com aquele barranco gigantesco. Nas festas juninas fazíamos fogueira e era uma festa só. Vivíamos pescando no poção e no Ribeirão Claro. Preciso falar do beisebol que fez parte da minha vida por muitos anos, dos 7 aos 18 anos. Graças ao esporte consegui viajar para várias cidades. Meus pais eram simples e se dedicavam ao trabalho, não tinha como levar a gente pra passear, e o beisebol me levou para diversos lugares e fiz muitas amizades.

Gostaria de deixar uma mensagem?

Quero primeiro agradecer a Deus por tudo que proporcionou e proporciona na minha vida. Depois preciso falar dos meus pais (Masaji e Mitsuko), pois meu avô sempre cobrou meu pai para estudar os filhos, falava que ele precisava trabalhar para dar estudo aos sete filhos. Com isso meu pai focou no trabalho e hoje entendo que ele acabava deixando de sair para dar um futuro melhor aos filhos. Meu pai chegou a ter três carros na garagem de negócio que fazia, mas nunca aprendeu a dirigir. Comprou vários prédios, mas levava uma vida sem luxo, sempre com o propósito de dar o melhor aos filhos.


                       
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