‘Um dos maiores feitos daqueles vereadores foi elaborar a Lei Orgânica do Município’, lembra Paulo Valverde

‘Um dos maiores feitos daqueles vereadores foi elaborar a Lei Orgânica do Município’, lembra Paulo Valverde

Conversamos com Paulo Valverde, de 53 anos, que foi vereador em Mirandópolis na legislatura 1989/1992. Saindo da cidade em 1993 para morar em São Paulo, o mirandopolense depois mudou para Barueri, onde também tem escritório, em 2004, onde trabalha como advogado de construtoras e loteadoras. Confira abaixo a entrevista completa.

Nasceu e cresceu aonde?

Muito orgulhosamente, sou mirandopolense e cresci nesta cidade maravilhosa. Posso afirmar, sem dúvida, que fui forjado e lapidado para vida, como o homem que sou, essencialmente com o DNA de Mirandópolis. É minha identidade fisiológica, uma marca que nunca se apagará.

Quais as lembranças na infância e juventude?

Os primeiros passos foram no Parque Infantil, depois estudei nas escolas Dr. Edgar, Ebe Aurora, 14 de Agosto e Instituto Toledo de Ensino, em Araçatuba. Tive uma infância com hábitos e costume das décadas de 70 e 80 onde tudo era muito diferente dos dias atuais. A inexistência de tecnologia remetia as crianças e jovens ao relacionamento sempre com muitas brincadeiras de rua. Os eventos cívicos talvez fossem os que mais juntava a criançada, como por exemplo o desfile de aniversário da cidade, a comemoração da Independência no pátio da Igreja Matriz. Lembro com muita nostalgia dos Campeonatos de Futsal de Fim de Férias no CAM, os Jogos Interescolas e os campeonatos Interfirmas. Para quem, como eu, gostava muito de futebol, tinha o MEC que por alguns anos disputou a 3ª Divisão sempre levando muita gente ao Alcinão. Já na adolescência, quando estudava na 14 de agosto, conheci o amor da minha vida, a também mirandopolense Miyoko Ijichi, nesse mês completamos exatos 30 anos de casamento. Nosso primeiro filho, Wallace, engenheiro mecânico nasceu em Mirandópolis em 1992 e a Milleny, estudante de medicina, nasceu em São Paulo, em 2002.

Qual a sua ligação com a política?

Fui eleito com 21 anos para legislatura 1989/1992 como vereador. Era, desde 1986, membro da Comissão Executiva do PMDB. Essa foi a porta de entrada. Eleito, fui primeiro Secretário da Mesa Diretora (89/90), líder do governo na Câmara pelos quatro anos, (Governo Ikejiri/Zanon), líder da bancada do PMDB e, no biênio 90/91, Presidente da Casa. Um dos maiores feitos daquela Câmara foi elaborar e votar a Lei Orgânica do Município, principal e mais importante lei municipal. A Constituição Federal de 1988, pela primeira vez na história do país, atribuiu aos municípios brasileiros a responsabilidade de cada um deles, diante de suas particularidades, escrever sua própria constituição. E, na época, fui eleito pelos demais vereadores como Presidente da Câmara Constituinte de Mirandópolis e acabei promulgando, em conjunto com os demais vereadores, no dia 5 de abril de 1990 a Constituição Municipal que continua em plena vigência e aplicação. É um grande orgulho e um privilégio, nunca esquecendo a gratidão pela população, especialmente aos eleitores que me levaram a vereança, possibilitando viver esse momento único. As boas lembranças são muitas e como um todo quero dizer que, participar do processo político administrativo do seu município, estando a frente de tomada das principais decisões marca a vida de qualquer pessoa. Comigo não foi diferente. As decepções existem sim. Veja, respeito e compreendo perfeitamente o agente político e, digo com toda franqueza, tem minha admiração. Mas, particularmente, logo depois de empossado percebi que não seria para mim, tanto que na eleição de 1992 resolvi não concorrer, abdicando a possibilidade de continuidade da vida pública. Mas isso é uma visão muito particular e não pode ser generalizada, principalmente por aquele cidadão de bem que deseja ingressar na vida pública para de verdade, dedicar-se em prol de sua coletividade.

Você mora em São Paulo?

Cheguei em São Paulo em 1993 e lá permaneci até 2004 quando me mudei para Alphaville/Barueri, na grande São Paulo onde atualmente tenho residência e escritório. Aliás, desde que sai de Mirandópolis sempre trabalhei como advogado de construtoras e loteadoras em Alphaville/Barueri. Tive o privilégio de acompanhar a expansão da marca Alphaville em quase todos os estados brasileiros, trabalhando ativamente na implantação dos loteamentos e de outras marcas de renome nacional: Cyrella Urbanismo, Cipasa, Tamboré, dentre outras. Nesse período tive a oportunidade de conhecer praticamente todo país. Atualmente assessoro construtoras e loteadores aqui onde moro e em muitas várias cidades do interior de São Paulo.

Qual a sua ligação atual com Mirandópolis?

Minha família e a família da Miyoko são de Mirandópolis. Perdi meus pais, mas tenho sogra, irmãos, cunhados, tios e primos. A ligação continua forte e o que mudou, infelizmente, foi em razão da pandemia. Antes dela a cada três meses íamos para Mirandópolis. Mas se Deus quiser, logo as coisas normalizam e poderemos voltar a frequentar esse lugar que tanto me traz alegria e boas recordações. Além de familiares tenho grandes amigos que ainda moram aí e é sempre um prazer reencontrá-los.

Tem pretensão de voltar a morar em Mirandópolis?

Em resposta a sua primeira pergunta, falei sobre identidade fisiológica com a cidade. Sinto como que se não tivesse me mudado daí. A sensação que tenho é que estou passando um período fora e logo volto. É estranho, mas é isso que sinto, de verdade. Com certeza, vontade tenho bastante e, se um dia tiver oportunidade, voltaria com todo prazer e muita satisfação, afinal de contas nunca esqueci e jamais esquecerei minhas origens, minha amada terra natal. Aliás, por onde ando faço questão de sempre dizer de onde sou. E faço isso com muito orgulho.


                       
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