A condição humana

A condição humana

Foto: Vatican News

No sábado (14) celebramos a Festa da Exaltação da Santa Cruz, cujo Evangelho é do cap. 3 de São João, vv. 13-17, em que Jesus recorda a Nicodemos a passagem que relata o povo no deserto sofrendo picadas de cobras: “Do mesmo modo como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que o Filho do Homem seja levantado, para que todos os que nele crerem tenham a vida eterna” (vv. 14-15). Aquela escultura da serpente, diante da qual eram curados os que tinham sido mordidos, era uma prefiguração da cura espiritual trazida pela crucificação de Jesus, pois as mordidas das serpentes são um símbolo das investidas do demônio à alma humana.

No cap. 3 do Livro do Gênesis, a serpente (o diabo) seduz Adão e Eva e os induz ao pecado: é a queda, a partir da qual o ser humano passa a ser marcado pela inclinação para o mal, e seu único remédio é a redenção oferecida por Nosso Senhor na cruz. Enquanto nós não nos dermos conta de que, por conta disso, a nossa condição na vida terrena também é a da cruz, torna-se mais difícil compreender os mistérios divinos e aceitar as adversidades. O estado preternatural, anterior ao pecado, em que viviam Adão e Eva, era superior ao nosso – como ensina São Tomás de Aquino, até os prazeres de um ser humano em estado preternatural são superiores àqueles que nós podemos sentir após a queda. No entanto, como diz São Paulo, “onde se multiplicou o pecado, aí superabundou a graça” (Carta aos Romanos, cap. 5, v. 20).

No Evangelho dominical de amanhã, do cap. 8 de São Marcos – e que se encontra também no cap. 16 de São Mateus e no cap. 9 de São Lucas –, vamos ouvir o conhecido ensinamento de Jesus: “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga. Pois quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas quem perder a sua vida por causa de mim e do Evangelho, vai salvá-la” (vv. 34-35). Os santos sempre souberam disso e fizeram de seus sofrimentos e aflições um meio de associar-se mais perfeitamente a Cristo.

A festa litúrgica de hoje, mais popular no Oriente do que aqui, remonta ao século IV, quando, segundo a tradição, Santa Helena, mãe do imperador Constantino, tendo ido a Jerusalém em peregrinação, encontrou a cruz em que Nosso Senhor foi crucificado – vale a pena saber um pouco mais sobre isso no site dos Franciscanos da Terra Santa (www.custodia.org). Aproveitemos essa data para renovar nossa pertença a Cristo e oferecer a Ele nossas cruzes: esse é o caminho para o aperfeiçoamento da nossa condição humana.


                       
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