ARTIGO: A necessidade de homenagens com significado em Mirandópolis
Foto: Google Maps
Nos últimos dias, o debate em torno da mudança de nome do Núcleo de Especialidades em Saúde (NES) para Núcleo de Especialidades da Saúde Vereador Carlos Sanches tem gerado diferentes opiniões entre os moradores de Mirandópolis. A proposta, apresentada pelo vereador Roberto Gonçalves, é um reconhecimento importante à trajetória política e ao serviço prestado por Carlos Sanches à nossa comunidade. No entanto, é necessário refletir sobre a relevância da denominação em relação à área que o espaço representa.
Falamos isso porque acontece de edificações municipais, como escolas, unidades básicas de saúde ou prédios administrativos, receberem o nome de pessoas que, embora possam ter desempenhado papéis importantes na vida pública ou política, não têm necessariamente uma ligação com a área de atuação daquela instituição.
É claro que homenagear pessoas é um belo gesto que perpetua trajetórias e valoriza a contribuição de indivíduos à sociedade. Entretanto, quando se trata de denominações de espaços públicos, especialmente aqueles voltados à saúde, o bom senso deve prevalecer. O nome escolhido para instituições de grande relevância social, como um núcleo que atende às necessidades de saúde da comunidade, deve remeter diretamente aos valores e à missão daquela unidade.
Carlos Sanches é, sem dúvida, uma figura que merece reconhecimento. No entanto, ao considerar nomes que se relacionam diretamente à saúde, outras opções podem se destacar, como por exemplo o Dr. Roberto Yuassa, referência no setor de saúde e cuja história está intrinsicamente ligada ao bem-estar da população mirandopolense. Nomes como o do Dr. Roberto (tem diversos outros profissionais da saúde, ele foi apenas um exemplo) não só simbolizam a dedicação à saúde, como também servem de inspiração para futuras gerações.
É fundamental que os representantes da nossa cidade considerem a importância e a representatividade dos nomes que atribuem a espaços públicos. Uma denominação que remete a uma figura diretamente relacionada à saúde não apenas engrandece o espaço, mas também educa e conscientiza a comunidade sobre a relevância daquela unidade. A memória coletiva que se constrói através dessas homenagens deve, portanto, guiar-se pela contribuição direta ao bem comum.
Para evitar distorções ou percepções negativas, uma possível solução seria a criação de uma comissão interna na Câmara Municipal, composta por representantes de diversas áreas, para avaliar os critérios e as justificativas para cada indicação. Essa comissão garantiria que as nomeações sejam feitas de maneira mais transparente e alinhadas com o propósito e a função do espaço público, evitando que a escolha de nomes se transforme em uma questão política ou em favorecimento de determinados grupos da cidade.
Por fim, homenagear pessoas é uma prática nobre, mas é imprescindível que essas homenagens sejam direcionadas de forma a honrar não só aqueles que se destacaram individualmente, mas também a coletividade que se beneficia de seus legados. Assim, o nome dado ao NES deve ser um farol que guie os cidadãos em sua busca pelo cuidado e pela saúde. Que Mirandópolis continue a valorizar os que realmente dedicaram suas vidas ao bem-estar da comunidade, mantendo viva a memória e a relevância de suas contribuições.