Em Lavínia, professores criam banda musical para aproximar alunos e trabalhar interdisciplinaridade
Foto: Geisa Prates
Entre cadernos, canetas e notas se dividem alunos da Escola Estadual Padre Césare Toppino em Lavínia. Não somente notas que atestam o rendimento escolar e garantem a aprovação, mas também notas musicais, que tornam o ambiente mais alegre, atrativo e ajuda professores a trabalhar de forma interdisciplinar.
Tudo começou em 2022 quando um grupo de alunos se reunia para tocar nos intervalos e horário de almoço. Observando a interação entre os alunos, a coordenadora Maura Ester sugeriu aos professores Ricardo Antunes e Ester Gabriela Limeira que desenvolvessem uma eletiva, disciplina que envolve alunos de todas as séries.
Ricardo Antunes além de músico é professor de educação física e artes na escola. Ester Gabriela foi professora de história em 2023 e contribuiu no projeto musical. Durante todo o ano passado então, os dois professores trabalharam a música com um grupo de aproximadamente 25 alunos e os resultados foram positivos.
“A música trouxe benefícios significativos para os alunos, como por exemplo: foco, disciplina, criatividade, motivação, autoestima e confiança”, destacou o professor Ricardo Antunes
Para a aluna Wiviane Augusto da Silva, o trabalho desenvolvido com a música foi importante para o protagonismo dos alunos. “Quando eu entrei aqui eu era muito tímida e após as aulas de música eu me sinto mais à vontade com os colegas e também para me expressar.”
A BANDA
Após se apresentarem com êxito em diversos eventos escolares e fora da escola, surgiu efetivamente a ideia da banda e o que era até então apenas uma disciplina escolar ganhou o título mais sério, e que levou a gestão da escola a buscar recursos para oferecer material e um ambiente propício para os alunos.
Uma sala foi reservada onde fica uma mesa de som e vários instrumentos. Os equipamentos foram adquiridos com recursos enviados pelo governo estadual, rifas e doações.
O professor Ricardo Antunes destacou o trabalho da gestão nesse processo. “Tudo isso aconteceu porque a gestão acreditou no nosso trabalho, correu atrás de recursos e nos abraçou. Somos muito gratos por isso”.
ORGANIZAÇÃO
Todos os alunos são convidados para fazer parte da banda, inclusive os que aparentemente não possuem vocação. “No início do ano nós convidamos todos os alunos a fazer parte da banda. Geralmente os que aceitam o convite já tem ligação com a música, mas caso não tenham nós orientamos. Não excluímos ninguém, pelo contrário, o objetivo é incluir. Nós não podemos rotular quem tem vocação ou não, sem que primeiro haja interação com os instrumentos. Aqueles que realmente querem, consegue”, explica o professor.
Para aprimorar o talento dos alunos, a escola conta ainda com uma parceria com o Projeto Social Guri de Lavínia e com o Instituto Musical Gustavo Ordine de Mirandópolis. O professor responsável pelo projeto também traz músicos da região para ministrar palestras e workshop. Além disso, os alunos mais adiantados no processo musical ajudam os iniciantes. “Como me divido em várias tarefas dentro da escola, eu procuro treinar os mais velhos para ajudar os mais novos e assim todos saem ganhando”, revela Antunes.
Atualmente os integrantes se agrupam de quatro formas diferente para apresentações diversas. Recentemente, durante evento em comemoração ao aniversario da cidade, o prefeito Salvador Matsunaka ofereceu espaço na Praça Central para que os alunos se apresentem uma vez ao mês.
A coordenadora Maura Ester contou que não vê a escola sem essa atividade. “A banda foi um processo de construção, a ideia era desenvolver as habilidades musicais e artísticas dos alunos e tudo isso transformou o espaço escolar, os alunos passaram a se interessarem pela música, hoje em todos os intervalos sempre tem alunos no espaço que chamamos de ‘estúdio’ para tocarem os instrumentos, ensaiarem ou apenas estar no espaço da música. Não vejo mais a escola sem essa atividade, que espero que se prolongue por muitos anos”, finalizou Maura.