Aguardando o Natal: o Verbo Encarnado
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Diz São Paulo na Primeira Carta aos Coríntios, cap. 1, v. 22: “Os judeus pedem milagres, os gregos reclamam a sabedoria; mas nós pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os pagãos”. Noutras palavras, Deus entregue a uma morte humilhante é incompreensível para os pagãos e inconcebível para os judeus. E essa morte foi precedida pela Encarnação, algo que, se para os pagãos não soava tão estranho – basta vermos a mitologia grega com seus deuses, cujo comportamento é uma projeção do comportamento humano, um antropomorfismo –, para os judeus, sim.
Para muitos deles não deve ter sido fácil, em primeiro lugar, aceitar que Deus seja realmente um só, mas em três Pessoas distintas – eles são monoteístas estritos, que admitem um só Deus em uma só Pessoa. E depois, mais difícil ainda foi aceitar que uma dessas Pessoas se encarnou e se humilhou na cruz – coisa difícil para muitos ainda hoje, tanto ateus quanto agnósticos ou pessoas de fé. Nós cristãos professamos – porque sabemos, e sabemos porque foi revelado – que as três Pessoas divinas são o Pai, do qual procede o Filho, e o Espírito Santo, que procede do Pai e do Filho, e que o Filho foi enviado ao mundo para se encarnar e nos redimir por sua morte – morte humilhante e terrível, mas redentora e gloriosa.
E assim a Igreja, em sua sabedoria bimilenar, nos orienta a viver santamente o tempo do Natal. Embora seja infelizmente comum passar desapercebida a Solenidade da Anunciação do Senhor, em 25 de março, em que se recorda o anúncio de São Gabriel a Nossa Senhora e a Encarnação de Jesus em seu ventre, do dia do Natal é impossível alguém se esquecer… O presépio, as árvores, os enfeites e as luzes anunciam esse tempo santo e guardam seu verdadeiro sentido na espera d’Aquele que vai nascer e trazer o amor, a paz e a salvação. Que lastimável negligenciarmos essa realidade!…
Que nossos olhos se encham de lágrimas e nosso coração de alegria, esperança e paz ao vermos a representação da imagem mais bela e terna: o menino Jesus rodeado por seus pais, pastores, reis magos e animais. Aquele Menino é o Verbo Eterno, a Sabedoria encarnada, o Filho Unigênito do Pai, o Rei do universo, e veio ao mundo manifestar o infinito e insondável amor de Deus por nós!
É tempo de termos aquela mesma atitude dos reis magos ao chegarem a Jerusalém, expressa no Evangelho de São Mateus, cap. 2, v. 2: “viemos adorá-lo”.