“Ensinar é minha paixão, e a educação me permitiu ajudar e transformar muitas vidas”, relata Neuza Rosa de Lima
Foto: Allan Mendonça
Com 40 anos dedicados à educação, ela tem se dedicado a ensinar a língua portuguesa a seus alunos. A pedagoga Neuza Rosa de Lima Santos, 60 anos, é filha de Waldemar (in memoriam) e Ana. Nascida em Mirandópolis, cresceu ao lado dos irmãos Antônio e Wilson em uma infância tranquila, cercada pelo amor de seus pais. Sua formação foi alicerçada em princípios religiosos, no diálogo e no respeito. Neuza recorda que seu primeiro emprego foi como secretária de dentista aos 15 anos. No entanto, a paixão por lecionar falou mais alto, e ela conciliou seus estudos com o magistério, conquistando em 1984 a Habilitação Plena em Magistério. Formou-se em Letras em 1996 e realizou Pós-Graduação em Psicopedagogia em 2010, além de ter acumulado ao longo dos anos diversos cursos na área da educação. O ano de 2017 trouxe tanto alegria quanto desafio, pois Neuza conquistou sua aposentadoria na área da educação, mas também enfrentou a dor da perda do pai. O legado de amor, valores e solidariedade dele a ajudou a superar esse momento difícil. Casada com Orlando, Neuza se orgulha de seus filhos: Fernando (36), hoje professor de filosofia em Maringá, e Leandro (31), agente da Polícia Federal em Campo Grande. Ela acredita que, através da educação, conseguiu fundamentar um futuro promissor para eles. Atualmente, dedica-se a dar aulas particulares de alfabetização para crianças de 7 a 11 anos.
Cresceu em Mirandópolis?
Nasci e cresci aqui na cidade, na Fazenda Santa Catarina, no bairro Amandaba. Quando eu tinha um ano, meus pais se mudaram para a cidade, e assim tive uma infância maravilhosa, repleta de brincadeiras e com meus pais sempre presentes. Guardo essas memórias com muito carinho, pois minha educação foi alicerçada em princípios de respeito, diálogo e valores religiosos. Meu pai, na época, tinha um bar onde trazia o sustento para a família, e minha mãe o ajudava. Ambos se dedicaram muito para cuidar de nós. Além de ajudar meu pai, minha mãe também trabalhava como costureira e cuidava da minha avó Aurora.
Sempre gostou de estudar?
A minha grande paixão sempre foi estudar, e sempre tive o apoio da minha família nesse caminho. Gostaria de mencionar a professora Cecília Momesso (in memorian), que foi fundamental na minha trajetória de alfabetização e me incentivou a amar a leitura. Meu primeiro emprego foi aos 15 anos como secretária de dentista no consultório do Dr. César Gonçalves. No entanto, permaneci lá por pouco tempo, pois decidi me dedicar apenas aos estudos.
Quando decidiu que iria se dedicar à educação?
Naquele período, optei pela habilitação em magistério, e logo surgiu a oportunidade de cursar Pedagogia em Andradina. Assim, eu estudava paralelamente: pela manhã, frequentava a escola Noêmia e, à noite, estava na faculdade. Formei-me em 1984 e, logo após concluir o curso, fui convidada a exercer a profissão na escola E.E. Padre Cesare Toppino, em Lavínia, onde trabalhei na formação de professores durante dez anos. Uma das maiores dificuldades naquela época era o trânsito pela estrada de barro; quando chovia, a situação se tornava bastante complicada. No entanto, contava com uma equipe incrível. Sempre me identifiquei muito com a área de línguas, e em 1996 obtive minha graduação em Letras em Dracena. Ao longo da minha trajetória, fiz diversos cursos na área para poder colaborar efetivamente na educação dos alunos. A maior dificuldade que enfrentei foi deixar meus filhos ainda pequenos para me dedicar ao trabalho, mas sempre tive o apoio incondicional da minha família nessa fase. Iniciei como coordenadora pedagógica na E.E. Marilena Santana Correa Fernandes em 1997 e, em 1998, fui convidada para a coordenadoria pedagógica da E.E. Dona Noêmia Dias Perotti, onde construí quase 20 anos de minha trajetória. Em 2007, assumi a gestão do programa Escola da Família, que visava abrir a escola aos finais de semana para desenvolver projetos sociais. Essa experiência foi relevante na minha vida profissional, pois contribuiu para a integração entre a escola e a comunidade, alavancando o sonho de uma escola inclusiva e de qualidade. Foi gratificante poder fazer parte da transformação de vidas, proporcionando aos jovens uma existência mais digna. Aprendi que os obstáculos são necessários para construir um trabalho promissor e de sucesso. Mesmo diante de muitas dificuldades, percebi que, quando a equipe trabalha unida, com dedicação, diálogo e respeito, conseguimos trilhar os melhores caminhos. Passei por seis diretores ao longo da minha trajetória, e o que mais me marcou foi o apoio e a parceria que tivemos para garantir uma boa gestão.
Mesmo aposentada, continua dando aulas?
Sim, atualmente dou aulas particulares de alfabetização para crianças de 7 a 11 anos, focando no ensino de português. Sinto uma realização plena ao fazer o que sempre amei: a paixão por ensinar. Como Cora Coralina disse: “Nada do que vivemos tem sentido se não tocarmos o coração das pessoas.” Isso me traz felicidade e satisfação, pois, de alguma forma, estou contribuindo para a melhora na vida de alguém por meio da educação. Agradeço, primeiramente, a Deus, à minha família e a todos que fizeram parte da minha trajetória profissional. Gostaria de citar João Cabral de Melo Neto: “Um galo sozinho não tece a manhã; ele precisará sempre de outros galos.” Sou imensamente grata a essas parceiras na minha vida profissional, que me ensinaram e apoiaram ao longo do caminho: Dona Sônia Delai, Sônia Vendrame, Maura AmiKura e Fátima Vargas.