Propósitos de começo de ano

Propósitos de começo de ano

Foto: Aleteia – Gustave Doré | PD US

Há um livro não muito conhecido, mas de grande valor, e ao que me parece, um clássico da espiritualidade, chamado O combate espiritual, do Pe. Lorenzo Scupoli (aprox. 1530-1610), recomendado por São Fransisco de Sales (1567-1622), um mestre da espiritualidade. Foi escrito para orientação da vida espiritual de freiras, mas adapta-se muito bem a nós – alguns trechos não exatamente pela aplicação em nossa vida, mas por nos dar a conhecer como funciona a vida espiritual.

No capítulo 27 constam diferentes estados e situações em que alguém se encontra: os escravos do pecado, divididos entre os que não querem sair dele e os que nunca dão o primeiro passo para sair; depois os que imaginam estar no caminho da virtude, mas na verdade estão se afastando dela, e por fim os que após alcançarem a virtude caíram numa ruína ainda maior.

Aos primeiros escravos do pecado o demônio afasta qualquer desejo ou inspiração que lhe suscite a disposição para a conversão e também os leva a cair nos mesmos pecados e em outros maiores. O remédio para tal situação é acolher a graça divina que os convida a sair das trevas e ir para a luz, e repetir muitas vezes invocações como esta, ou outras semelhantes: “Ajuda-me, Senhor! Não me deixes nessa noite escura de pecado!”. E tão logo seja possível, deve-se procurar um confessor para conselho e socorro espiritual; se não for possível logo, deve-se procurar um crucifixo e lançar-se por terra diante dele, ou então diante de uma imagem de Nossa Senhora.

Para os que estão na escravidão, mas não dão o primeiro passo, o remédio é o mesmo, de acolher a graça divina, com prontidão. O erro neste caso está na negligência e descuido para com a vida espiritual, o que leva à procrastinação. O ponto importante aqui é mesmo a prontidão, e não os propósitos, os quais, segundo o Pe. Scupoli, “muitas vezes falham e levam a enganos”.

Ora, estamos em época de muitos propósitos. Muita gente animada, vislumbrando mudanças e melhorias, e essa época é mesmo propícia para isso. Mas foquemos no que é essencial: o chamado de Deus à conversão. Nada neste mundo é mais importante, pois esta vida passará, e a vida futura não. No próximo artigo falaremos das duas outras situações de vida, mas aproveitemos o início do ano para fazer um bom exame da nossa vida e de nossos planos, para que estejam voltados para o principal, que é a comunhão com Deus.

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