Propósitos de começo de ano (parte 2)

Propósitos de começo de ano (parte 2)

Foto: Felipe Rinaldo / YouTube

Continuando a tratar de um trecho do livro O combate espiritual, do Pe. Lorenzo Scupoli (aprox. 1530-1610), muito elucidador para a vida espiritual, mormente em início de ano, tempo de planos e propósitos. Mencionamos que no capítulo 27 são elencados diferentes estados e situações de vida: as pessoas escravas do pecado, divididas entre as que não querem sair e as que nunca dão o primeiro passo, depois as que se julgam no caminho da virtude mas na realidade estão se afastando dela, e as que caíram em ruína após terem alcançado a virtude. Sobre as do primeiro grupo, falamos no artigo passado.

Sobre as que acham que caminham na virtude, acredito serem em grande número. Um problema aqui é acreditar que o propósito de alcançar a perfeição cristã já é uma virtude, o que leva à soberba; a solução é nunca acreditar nisto e manter-se na luta contra os inimigos que estão próximos e realmente fazendo guerra contra a alma, e assim conseguir discernir se os “propósitos são verdadeiros ou falsos, firmes ou débeis”. Além disso, uma regra basilar para a vida espiritual, ensinada logo no começo do livro: sempre desconfiar de si mesmo e confiar totalmente em Deus, o que em nada se assemelha a baixa auto-estima ou insegurança de qualquer ordem, mas apenas a constatação de que somos propensos ao pecado e de que Deus é perfeitíssimo e bom e que, em sua providência, às vezes deixa certos pequenos defeitos em nós para reconhecermos que nada somos e conservarmos o bem que temos.

Sobre o quarto grupo, os conselhos são reveladores. Por exemplo:  pessoas doentes a quem o diabo suscita pensamentos e imagens mentais sobre o quanto elas seriam úteis se estivessem sãs, o que as leva a alimentar desejos que trazem desassossego à alma e lhes tiram a oportunidade de alcançar a virtude da paciência e agradar a Deus. Para combater isso: não alimentar qualquer desejo que naquele momento não possa ser alcançado e não se utilizar de nenhum meio lícito com a intenção de se livrar das provações, mas puramente porque Deus o permite, pois não se sabe se Ele que fazer daquela provação um canal de santificação.

Esses dois artigos trouxeram apenas pinceladas de um conteúdo denso e rico. Vale a pena ler o livro, pedindo sempre as luzes do Espírito Santo! Que Ele molde nossos propósitos para a maior glória de Deus e o bem da Igreja e da humanidade!

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