Os mártires do Japão

Foto: Jornal da Madeira
Nos dias 6 e 9 de agosto de 1945 foram lançadas as bombas atômicas nas cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, respectivamente. Foi como que um coroamento da crueldade da Segunda Guerra, conflito repleto de batalhas sangrentas e leis de guerra desprezadas, com milhões de vidas ceifadas. Coincidentemente – coincidência? – essas duas cidades japonesas eram redutos da catolicidade no Japão, país cujo primeiro evangelizador foi o grande São Francisco Xavier (1506-1552), que lá chegou em 1549.
As sementes lançadas por esse gigante – chamado de Apóstolo do Oriente, responsável por batizar perto de dois milhões de pessoas em todos os países por onde passou – frutificaram sobremaneira: em menos de cem anos houve quase meio milhão de conversões no Japão. E um dos mais belos desses frutos foi o testemunho de São Paulo Miki e seus 25 companheiros, martirizados em 5 de fevereiro de 1597 em Nagasaki.
São Paulo foi educado pelos jesuítas e, tornando-se um deles, dedicou-se à evangelização, até ser preso junto com outros dois jesuítas, seis franciscanos e 17 leigos, dos quais três eram jovens acólitos – com 14, 13 e 11 anos. Todos eles foram conduzidos até Nagasaki por cerca de 800 quilômetros, de povoado em povoado, sofrendo humilhações e torturas públicas, inclusive tendo a orelha esquerda cortada, para amedrontar quem professasse a fé católica. Mesmo assim, São Paulo Miki exortava seus companheiros à firmeza e constância, e aos algozes, à conversão. Ao final dessa autêntica ‘via crucis’ foram elevados ao madeiro, no local que ficou conhecido como Monte dos Mártires.
Embora não tenham sido trespassados por pregos como Jesus, eles tiveram seus membros atados às cruzes com cordas e cadeados, e uma argola de ferro no pescoço, e mesmo assim não cessavam de alegremente rezar e entoar cânticos de louvor. Ao final, foram golpeados com uma lança. Antes da morte, São Paulo perdoou o imperador que os sentenciou e os algozes, e os exortou à conversão, ensinando “que não há outro caminho para a salvação fora daquele seguido pelos cristãos”. O Papa Pio IX os canonizou em 1862 e sua memória litúrgica é celebrada no dia 6 de fevereiro. Que os mártires do Japão intercedam por todos nós, especialmente os cristãos perseguidos, e alimentem nossa fé, esperança, coragem e docilidade a Deus!