O espírito quaresmal

O espírito quaresmal

Foto: Imagem gerada via IA – Chat GPT

Na quarta-feira (5) iniciamos novamente a Quaresma. Como sabemos, a Igreja recomenda a intensificação das práticas de mortificação, pois é um tempo forte de conversão. No entanto, a razão primeira dessa intensificação não é a penitência em si, e nem sequer os efeitos benéficos que ela traz, como auto-domínio, fortaleza, equilíbrio, serenidade, confiança em Deus e tantos outros; a razão primeira dessa intensificação é o amor, que é o espírito da Quaresma. O fruto mais nobre desse tempo é a aproximação amorosa de Deus – e do próximo, em conseqüência.

É o que ensina São Paulo Apóstolo no famoso trecho da Primeira Carta aos Coríntios (cap. 13, v. 2): “Mesmo que eu tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência; mesmo que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, não sou nada”. O amor deve ser o motivo e a finalidade pelos quais se faz uma coisa – qualquer coisa. E em sua Primeira Carta, São João Evangelista nos ensina (cap. 4, v. 8): “Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor”.

O que Deus deseja é que amemos, mas o significado da palavra amor está desgastado – aliás, já faz tempo que o príncipe deste mundo tem se utilizado de muita gente para esse intento, no cinema, na literatura, na música, no show business, na educação… Assim, o amor que Deus deseja de nós é aquele cujo modelo nos foi dado por Cristo: tudo o que Ele fez nesta terra foi amar, e na Quaresma o chamado é para que meditemos e nos aprofundemos na expressão máxima e perfeita desse amor, que é sua Paixão, Morte e Ressurreição.

Sim, por amor a Ele e à sua obra redentora, na próxima quarta-feira recebemos cinzas em nossas frontes mostrando a disposição em mortificar coisas que nos são caras para permitir que outras, mais importantes, floresçam em nosso interior! Ao pecado e às paixões desordenadas, primordialmente, mas também à nossa própria vontade, ainda que lícita, busquemos a superação, para que assim seja feita a vontade de Deus.

A rudeza da vida, as aflições, as dificuldades, as provações e as penitências são meios privilegiados para nos aproximarmos de Deus. Que nesta Quaresma ninguém sinta nada disso com tristeza ou desânimo, mas com esperança e fé! E que ao final desse tempo santo nossos corações estejam inflamados de amor, a Deus em primeiro lugar e ao próximo por amor a Ele!

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