Com grave déficit financeiro, Ser Criança luta para equilibrar contas e pede apoio da população e empresários

Com grave déficit financeiro, Ser Criança luta para equilibrar contas e pede apoio da população e empresários

Foto: Divulgação / Equipe Ser Criança

A Associação Ser Criança, que é uma instituição sem fins lucrativos que atende 167 crianças, enfrenta um grave déficit financeiro. Com 35 funcionários registrados sob o regime CLT, a entidade presta serviços a crianças de Mirandópolis, Lavínia, Guaraçaí e Sud Menucci. No entanto, a Associação lida com uma série de despesas fixas e atualmente luta para manter suas atividades frente a dificuldades crescentes.

Os encargos trabalhistas representam um grande desafio para a Associação. Apenas no que se refere à DARF do INSS, são pagos mensalmente aproximadamente R$ 35 mil, enquanto o FGTS soma cerca de R$ 8 mil por mês. Além disso, há gastos com três aluguéis, energia elétrica, testes para as crianças, telefone, internet e materiais pedagógicos, que devem ser originais e possuem alto custo, além de outras despesas diversas.

A fundadora e diretora, Vanessa Delai Dias Bogaz, explica que as dificuldades financeiras e os encargos se agravaram no final de 2022, quando a Associação enfrentou um déficit de R$ 60 mil em relação ao DARF do INSS. “Depois desse atraso no pagamento em 2022, fizemos um parcelamento dessa divida, que eu assumo que foi falha minha”, explica Vanessa.

No ano seguinte, em 2023, além de lidar com o parcelamento desse déficit, Vanessa descobriu que tinha câncer. “Eu tive que lutar pela minha vida. Me culpei muito por isso, mas eu não tinha culpa; não escolhi ficar doente”, desabafa Vanessa, responsável pela Associação. Mesmo em tratamento na capital, ela tentou administrar a instituição à distância, reconhecendo a necessidade de delegar funções.

Com o balanço financeiro realizado no final de 2024, a dívida do INSS contabilizada está em aproximadamente R$ 700 mil. “Quitamos pouquíssimas parcelas da dívida de 2022. Além disso, ainda fizemos outro parcelamento com as dívidas do imposto de 2023 que praticamente não pagamos, que dava em torno de R$ 277 mil. Para piorar, também não acertamos essas dívidas em 2024, por isso o déficit alcançou esse valor de 700 mil Reais”, detalha Vanessa.

Atualmente, a entidade gasta, em média, R$ 27 mil por mês com todas as despesas fixas. Vale ressaltar que a folha de pagamento e a DARF do INSS serão cobertas pelos repasses das prefeituras a partir de 2025.

Equipe de voluntários e diretoria. Foto: Divulgação

CORTES E REESTRUTURAÇÃO

Diante da crise, a Associação precisou adotar medidas para reduzir despesas, sem comprometer a qualidade dos atendimentos prestados. Atualmente, os parcelamentos da dívida totalizam R$ 11.066,47 por mês, um montante que não pode ser atrasado, pois a instituição precisa manter as Certidões Negativas de Débito (CND) em dia para continuar recebendo os repasses públicos.

Além disso, a Associação enfrenta custos mensais de manutenção que totalizam aproximadamente R$ 16 mil, sem contar o 13º salário e as férias dos funcionários. Essa realidade exige a realização constante de promoções e campanhas de arrecadação.

Luciano Zatoni, Maria Cecília Baldi Squinca e Márcia Regina Tersariol Nagamatsu, membros da diretoria e da comissão de finanças, também voluntários da Associação, ressaltam a importância de manter as campanhas de doação e buscar emendas parlamentares para assegurar o funcionamento da instituição.

COMO AJUDAR

A Associação está em busca de apoio da comunidade e de empresários locais para superar a crise. Uma das opções é a doação via Imposto de Renda, permitindo que as pessoas contribuam sem custos adicionais.

“As empresas podem destinar parte do imposto devido para fundações sem fins lucrativos, e até mesmo quem tem direito à restituição pode fazer a doação. O valor inicialmente é direcionado ao município, mas, após a declaração e aprovação no COMDICAM, é enviado ao Ser Criança. É um dinheiro que já sairia de qualquer forma, então por que não ajudar uma entidade da própria cidade?”, questionam os membros da comissão de finanças.

Além das contribuições financeiras, a fundação também aceita doações de materiais de limpeza, papelaria, frutas e lanches para as crianças. Para a doação de lanches, é importante consultar a nutricionista da Associação Ser Criança, pois muitas das crianças atendidas apresentam seletividade alimentar.

Com o esforço e a mobilização da sociedade, a Associação Ser Criança espera reverter a crise e continuar oferecendo suporte essencial às crianças atendidas. “É uma entidade séria, que visa o melhor desenvolvimento para todas as crianças atendidas. Sem fins lucrativos, ela necessita da colaboração da sociedade para se manter”, finaliza a diretora.

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