Deixemo-nos reconciliar com o Senhor

Deixemo-nos reconciliar com o Senhor

Foto: Imagem gerada via IA – Chat GPT

Chega a ser comovente a segunda leitura da Missa da Quarta-feira de Cinzas, tirada da Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios. No cap. 5, v. 20, o Apóstolo diz: “somos embaixadores de Cristo, e é Deus mesmo que exorta através de nós. Em nome de Cristo, nós vos suplicamos: deixai-vos reconciliar com Deus”. Estando na Quaresma, é comum ao católico buscar um esforço maior para chegar à reconciliação, mas São Paulo nos ensina: deixemo-nos reconciliar o Senhor – ou seja, trata-se mais de uma permissão do que de um esforço.

Isso em nada minimiza a necessidade do nosso empenho: jejum, oração e esmola devem ser intensificados nesse período, e a vitória contra nossas más inclinações é fruto de um embate constante. No entanto, se confiarmos somente em nossas forças, não vamos alcançar verdadeiramente a reconciliação… Somente com nosso esforço, podemos até vencer alguns vícios, mas então caímos em outros, como a vaidade espiritual, por exemplo, muito típica em quem busca o máximo de perfeição em sua vida, mas se orgulha de sua irrepreensibilidade e acusa os outros por sua má conduta.

Os esforços quaresmais – e em todos os momentos da vida –, por mais duros, não são mais do que o preparo de um terreno que antecede o plantio. Depois é que vem o crescimento e a colheita, como também ensina São Paulo na Primeira Carta aos Coríntios, cap. 3, v. 6: “eu plantei, Apolo regou, mas Deus é quem fez crescer”. Ou seja, é necessária a vontade humana, mas sem a graça divina, não somos nada e nada conseguimos.

Que a súplica inflamada de amor do Apóstolo, e portanto, da Igreja, recaia em nossos corações: “nós vos suplicamos: deixai-vos reconciliar com Deus”. O trecho da segunda leitura da Missa se encerra assim: “É agora o momento favorável, é agora o dia da salvação” (cap. 6, v. 2). Aproveitemos: a graça de Deus não haverá de faltar! Que todos colhamos frutos de vida e salvação, para nós e para o mundo inteiro!

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