Período de adaptação escolar: como lidar com as mudanças no início do ano letivo

Foto: Imagem gerada via IA – Chat GPT
O início do ano letivo traz consigo um misto de ansiedade e expectativas para alunos, pais e educadores. Enquanto algumas crianças estão apenas começando sua trajetória escolar, outras enfrentam desafios como a transição do ensino fundamental para o ensino médio ou a mudança para uma nova escola. O período de adaptação pode ser delicado e exige apoio tanto da família quanto da instituição de ensino para que os estudantes se sintam acolhidos e seguros.
Segundo a psicóloga especialista em neuropsicologia, Carla Koga Fiorentini, qualquer mudança na rotina escolar pode gerar insegurança, e cada aluno vivencia isso de maneira diferente. É importante que a escola e a família estejam atentas a sinais como medo excessivo, desmotivação ou dificuldade de socialização para oferecer o suporte necessário.
O DESAFIO DAS SÉRIES INICIAIS
Para as crianças que ingressam na educação infantil ou nos primeiros anos do ensino fundamental, a adaptação pode ser um grande desafio. Esse momento marca a separação do ambiente familiar por algumas horas do dia e exige que os pequenos desenvolvam novas habilidades, como a socialização e a autonomia.
“Se a criança não se sentir acolhida, a tendência é apresentar a recusa, podendo ter crises de choro frequente e se não elaborado pode até se agravar com um quadro de depressão infantil”, explica a psicóloga Carla Koga.
Ela acrescenta que acolhimento é fundamental nesse processo. “Nos primeiros dias, no ensino infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental é necessário trabalhar muito a afetividade com a ajuda de músicas, contação de histórias, por exemplo, e momentos lúdicos, para que a criança se sinta confortável no novo ambiente. O choro e a resistência são comuns, mas com paciência e carinho, essa fase passa. E se não passar, é importante que um profissional seja consultado”, destaca.

A TRANSIÇÃO
Sair do ensino fundamental e ingressar no ensino médio também é um momento de grandes mudanças acadêmicas e emocionais. Com uma carga horária maior, a exigência nos estudos e a necessidade de planejamento para o futuro, os alunos podem sentir pressão e ansiedade.
“O adolescente se depara com um novo formato de ensino e, muitas vezes, com a preocupação sobre vestibulares e carreira profissional”, reforça a professora Aline Souza Lima, que leciona o itinerário técnico em Administração no novo ensino médio, nas escolas estaduais Juventino Nogueira Ramos e Dr. Edgar Raimundo da Costa.
Outro fator desafiador no ensino médio, de acordo com a professora, são os conflitos sociais e de relacionamentos. “Eles estão vivendo ao mesmo tempo um período de decisões em relação ao futuro e de busca por aceitação, desenvolvendo suas identidades, muitas vezes inseguros em relação a aparência e amizades. Alguns praticam atividades extracurriculares, outros já trabalham para se manter ou ajudar em casa. E nesse sentido o professor tem um papel fundamental de conseguir também auxiliar da forma menos invasiva possível, sem deixar de apresentar o conteúdo previsto para cada bimestre. É desafiador”, detalha Aline
Nesse processo é importante que o aluno compreenda que não precisa enfrentar tudo sozinho. Ele pode contar com os professores, coordenadores e a equipe pedagógica da escola para tirar dúvidas e buscar apoio.

MUDANÇA DE ESCOLA
Mudar de escola pode ser um processo desafiador em qualquer fase da vida escolar. Novos colegas, novos professores e um ambiente desconhecido podem gerar insegurança e até mesmo um sentimento de exclusão inicial.
A psicóloga Carla Koga explica a fase do luto e reforça a importância da socialização nesse momento. “A mudança de professores, de colegas e as vezes até de método de ensino pode ser entendida como um luto. Luto não é apenas em relação a morte, mas também em relação a encerramento de ciclos. Então é necessário que haja paciência tanto por parte dos pais quanto dos educadores. A escola pode ajudar incentivando dinâmicas de integração e a família pode fazer um acompanhamento mais próximo nos primeiros meses. Geralmente os alunos que conseguem se adaptar mais rápido são aqueles que tem o suporte familiar”, enfatiza a psicóloga.
Melissa Costa, aluna do 4° ano do ensino fundamental I da escola Cel Joaquim Franco de Mello, em Lavínia, conta que entrou na escola no ano passado, no mês de novembro e que rapidamente conseguiu se adaptar graças ao apoio da família e do corpo docente que foi muito receptivo.
“A professora teve paciência comigo porque aqui as apostilas são diferentes. E os colegas também foram legais”, conta Melissa.
Infelizmente nem todos os alunos conseguem se adaptar tão bem, quanto a Melissa, por isso a psicóloga reforça a importância das escolas contarem com apoio especializado. “Embora esteja melhorando gradativamente, nosso sistema educacional é muito falho ainda, pois todas as escolas deveriam ter profissionais como psicólogos e assistentes sociais”, finaliza Carla