Memórias sobre trilhos: a história de Elídio de Oliveira e a era de ouro da ferrovia

Foto: Eduardo Mustafa
Em uma entrevista, Elídio de Oliveira, nascido em 1942 no município de Lavínia, resgata memórias de uma vida dedicada ao campo e à ferrovia. Desde suas raízes na zona rural até sua carreira de 25 anos na RFFSA (Rede Ferroviária Federal S.A), Elídio compartilha experiências marcantes de um tempo em que os trens não apenas transportavam passageiros, mas também a essência do Brasil, movendo cargas que incluíam gado e automóveis. Ao olhar para os trilhos abandonados de hoje, ele expressa tristeza, mas também esperança de um futuro que reabilite a importância histórica das ferrovias para a comunidade.
Confira na sequência a entrevista completa.
Onde nasceu e cresceu?
Nasci e cresci em Lavínia, onde morei muitos anos em uma fazenda. Desde cedo, comecei a trabalhar na parte rural, desenvolvendo um vínculo forte com a terra e o trabalho. Posteriormente, me mudei para Valparaíso, onde permaneci por poucos meses, até que surgiu a oportunidade de ingressar na RFFSA (Rede Ferroviária Federal S.A).
Quando o senhor casou?
Casei em 1967 com minha esposa, Angelica Loschi de Oliveira, que conheci na fazenda Santa Helena. Dessa união, tivemos três filhos, e hoje somos abençoados com muitos netos e até bisnetos, com o mais velho já atingindo a idade de 18 anos (risos).
Na RFFSA, quais foram as suas funções?
Trabalhei na RFFSA por 25 anos, de 1970 até 1994, quando me aposentei. A maior parte do meu tempo fui responsável pela remodelação dos trilhos. Passei mais de 10 anos na Aguapei e mais de 10 anos trabalhando de forma volante, percorrendo nossa região para assegurar que os trilhos estivessem em condições ideais.




Você vivenciou uma época áurea dos trens?
Sem dúvida! Tive o privilégio de testemunhar uma época em que o transporte ferroviário era muito mais abrangente, não se limitando a passageiros; os trens transportavam também carros, animais, principalmente gado, desempenhando um papel crucial na movimentação de todo o Brasil.
Você viajava muito de trem?
Na verdade, não conseguia viajar muito devido ao meu trabalho intenso na remodelação dos trilhos. Contudo, possuía uma carteirinha que me permitia viajar gratuitamente de Bauru até Castilho. Todo mês, eu fazia uma viagem até Bauru, onde apresentava um relato das atividades, destacando o que ocorreu e sugestões para melhorias. Uma das minhas memórias mais gratificantes foi o trabalho que realizamos em conjunto para reduzir acidentes entre os funcionários, obtendo resultados significativos. Falando nisso, lembro com carinho da moção de aplausos que recebi da Câmara de Mirandópolis, através da Akemi Ikejiri e do Taba, além do reconhecimento da própria RFFSA.
Qual a sensação de ver a ferrovia abandonada?
A visão da ferrovia abandonada realmente traz uma tristeza profunda. Vivenciamos tempos em que as estações eram não apenas funcionais, mas também belos locais de convívio. Em nossa região, algumas cidades conseguiram revitalizar suas estações, e espero que nossa cidade também passe por essa transformação, pois temos um patrimônio histórico que merece ser preservado e apreciado.