Abril Laranja em ação: a história de quem faz a diferença na vida dos animais

Abril Laranja em ação: a história de quem faz a diferença na vida dos animais

Foto: Montagem com imagens de animais que estão para adoção no Canil de Mirandópolis

Com a chegada do mês de abril, ganha força o movimento Abril Laranja, uma campanha nacional dedicada à conscientização contra a crueldade animal. A proposta é alertar a população sobre a importância do respeito e cuidado com os animais, além de cobrar mais rigor na legislação que protege esses seres indefesos.

De acordo com o artigo 32 da Lei 9.605/1998, praticar maus-tratos contra animais é considerado crime. No entanto, o delegado de polícia civil de Mirandópolis, Flávio Miranda, destaca uma fragilidade na legislação atual. “Se esse mau trato não for direcionado a cachorro ou gato, há uma falha porque são considerados crimes de menor potencial ofensivo. De modo que dificilmente essa pessoa vai pegar uma pena de cadeia”, explica.

Essa brecha foi parcialmente resolvida com uma alteração legislativa no próprio artigo, que trouxe uma qualificadora para crimes contra cães e gatos. Nestes casos, a pena passou a ser de reclusão de dois a cinco anos. “Não se trata mais de uma infração de menor potencial ofensivo, mas sim de um crime em que não pode ser arbitrada fiança”, completa o delegado.

EM PROL DA CAUSA ANIMAL

Em Mirandópolis, o cuidado com os animais vai além da legislação. Desde 2019, a ONG Gateiras do Brasil, fundada pela empresária Dominike Mustaffa, tem atuado ativamente na proteção de gatos em situação de rua. Apaixonada por felinos, Dominike já desenvolvia um trabalho semelhante em São Paulo, onde morava, e sentiu a necessidade de estender esse cuidado ao se mudar para o interior com o marido, Eduardo Mustafa.

Durante suas caminhadas pela cidade, ela percebeu a presença constante de gatos abandonados e potes de comida espalhados pelas ruas. “Senti o desejo de fazer algo, mesmo que pequeno”, conta. O projeto começou timidamente em sua própria casa, mas ganhou força com o apoio da comunidade e a parceria com o município por meio do terceiro setor.

Dominike é a responsável pela ONG Gateiras do Brasil. Foto: Divulgação

Hoje, a ONG conta com um espaço próprio para abrigar os animais e também conta com um bazar na Rua Joaquim Alves Filho, nº 743. As vendas de roupas e utensílios, que chegam no bazar por meio de doação, ajudam a custear ração, vacinas e procedimentos veterinários. Além disso, a ONG realiza a castração e promove adoções conscientes. Entre 2019 e 2024, mais de 400 animais foram castrados e 200 adotados. “Essa é nossa maior luta. Quando retiramos o animal da rua, fazemos a castração, vacinação e depois buscamos uma adoção responsável”, explica a fundadora.

O projeto é amplamente divulgado pela página do Instagram da ONG, que já ultrapassa os 300 mil seguidores. Através dela, são feitas campanhas, doações e divulgadas as histórias dos animais resgatados. Mas, antes de entregar um animal para adoção, é feita uma análise criteriosa. A ONG avalia desde a condição financeira da família até a segurança da residência. “É importante ressaltar que não basta gostar de animal, é necessário ter condições financeiras de arcar com as despesas que ele requer”, alerta Dominike. Uma exigência da ONG é que a casa seja totalmente telada, para evitar que o animal volte às ruas.

Além dos cuidados com os animais, a ONG também foca na educação e conscientização, realizando palestras em escolas e utilizando as redes sociais para falar sobre a importância da vacinação, castração e combate aos maus-tratos.

No mês do Abril Laranja, ações como as da ONG Gateiras do Brasil reforçam que o cuidado com os animais vai além da compaixão – é um compromisso social que exige esforço contínuo e, acima de tudo, responsabilidade.

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