Maria Nívea Pinto: a professora e escritora guardiã da memória de Lavínia

Maria Nívea Pinto: a professora e escritora guardiã da memória de Lavínia

Foto: Arquivo Pessoal / Maria Nívea

Nascida em Lavínia, em 1945, Maria Nívea Pinto é um nome que remete a história do município. Professora, pesquisadora e escritora, ela dedicou a vida ao ensino e à preservação da memória histórica por onde passou. Formada em Filosofia, deu aulas de história em diversas cidades da região: de Valparaíso a Andradina passou por vários colégios. Mais tarde, lecionou no tradicional Colégio Culto à Ciência, em Campinas. Foi lá, aliando paixão pela educação e pela escrita, que publicou seu primeiro livro: Culto à Ciência – Cento e Treze Anos a Serviço da Cultura (1986). Desde então, nunca mais parou. Escreveu também sobre a escola Padre Francisco Silva e a paróquia de sua comunidade. Mas foi com Retalhos da Memória (2005), o primeiro livro publicado sobre a história de Lavínia, que ela eternizou seu amor pela terra natal. Em 2023, juntamente com outros autores, publicou o livro Amor e Sonhos, também sobre o município. Em entrevista ao jornal AGORA NA REGIÃO, Maria Nívea fala sobre sua trajetória, suas inspirações e as lembranças afetivas que ainda guarda de Lavínia.

O que motivou a escrever sobre Lavínia?

Eu sentia que Lavínia merecia ter sua história contada. Cresci aqui, vivi momentos marcantes e conheci pessoas incríveis. Era como se cada lembrança fosse um pedacinho de tecido que eu precisava costurar. Assim nasceu Retalhos da Memória, que é exatamente isso, um livro feito com retalhos de lembranças, afetos e histórias.

Como foi o processo de pesquisa para o livro?

Foi um processo longo e delicado. Pesquisei documentos, conversei com outros moradores e mergulhei nas minhas próprias lembranças. Lavínia não tinha muitas fontes escritas, então precisei garimpar memórias e relatos. Cada detalhe era importante, desde os nomes das famílias pioneiras até as mudanças nas ruas da cidade.

Quais são suas memórias mais marcantes da infância em Lavínia?

Me lembro muito do cheiro de café pela cidade, das manhãs tranquilas, da convivência com os vizinhos. E não posso esquecer da sorveteria Farani que era um dos meus lugares preferidos. Era uma Lavínia pequena, mas cheia de vida.

A senhora sempre gostou de escrever?

Sim, desde muito cedo. Sempre fui apaixonada pela leitura e pela escrita. Gostava de escrever crônicas, poesias que eram publicadas pelos jornais da região. Naquela época ter um artigo ou uma crônica publicada por um jornal era um grande feito. Eu ficava muito feliz e minha família muito orgulhosa. A escrita sempre foi uma forma de expressar o que sentia e de manter vivas as histórias que me emocionavam.

Além de Lavínia, a senhora também escreveu sobre outras instituições. Pode contar um pouco sobre isso?

Quando trabalhei no Colégio Culto à Ciência, em Campinas, percebi que os alunos pouco conheciam a rica história da escola, os alunos que por ali já tinham passado, inclusive figuras ilustres como o inventor Santos Dumont. Com ajuda da bibliotecária, fiz um trabalho de pesquisa que virou o livro Culto à Ciência – Cento e Treze Anos a Serviço da Cultura, publicado em 1986. Depois, fiz algo semelhante na escola Padre Francisco Silva e também na paróquia da minha comunidade. 

O que representa o livro Retalhos da Memória?

É meu presente para Lavínia. Um gesto de gratidão à cidade que me formou, me inspirou e que continua morando dentro de mim. Escrever esse livro foi como costurar minha própria história com a da cidade, por isso o nome. Foi uma forma de eternizar tudo que vivi e aprendi aqui.

Como vê o papel da memória e da história nas cidades pequenas?

A memória é essencial. Ela nos dá identidade, nos ensina de onde viemos e nos ajuda a valorizar nossas raízes. Cidades pequenas, como Lavínia, têm uma riqueza enorme nas suas histórias cotidianas e é nosso dever registrá-las, para que não se percam com o tempo.

1747374407