Grampola Pantaleão fala sobre legado, desafios e futuro: viramos a chave para uma nova Mirandópolis

Grampola Pantaleão fala sobre legado, desafios e futuro: viramos a chave para uma nova Mirandópolis

Foto: Eduardo Mustafa

Às vésperas do aniversário de 91 anos de Mirandópolis, entrevistamos o prefeito Grampola Pantaleão, que compartilhou sua trajetória, experiências pessoais e visão de futuro para o município. Em um bate-papo sincero, ele destacou as transformações já em curso, a importância da cultura e do esporte, e os desafios que enfrenta para consolidar um novo modelo de gestão pública, mais técnico, transparente e voltado para o bem comum.

Quais foram as experiências que influenciaram sua visão sobre a gestão pública?

Sempre gostei de política e tive uma inclinação para a Direita. Acompanhei políticos como Geraldo Alckmin, que atualmente é considerado de Esquerda, mas já foi de Direita. Também observei figuras como Aécio Neves e José Serra, tanto pela televisão quanto por jornais. Desde o início do Plano Real, com Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, sempre me interesso por política, incluindo a municipal. Tive referências como o vereador Júnior Mendes, Chiquito e Zezé, que tinham posturas diferentes. O contato com Jorginho e, principalmente, Chicão, que foi uma figura dinâmica que me atraiu para a política, também foi crucial.

A sua família teve alguma influência na sua entrada na vida política?

Pelo contrário, minha família sempre foi avessa à política e nunca quis que eu seguisse esse caminho. Lutei e discuti com eles, sempre de forma respeitosa. Na verdade, eu acreditava que a política deveria ser uma vocação para meu pai ou para o meu falecido tio Ié, em vez de mim. Apesar disso, meu pai influenciou minha passagem pelo SAAEM. Ele não ocupava um cargo de direção, mas exercia um papel de liderança respeitável, conseguindo extrair o melhor dos funcionários e conquistando a admiração deles. Portanto, embora minha família não tenha influenciado diretamente minha entrada na política, meu pai foi uma referência importante em outros aspectos.

Há alguma história marcante na sua vida que você gostaria de compartilhar?

Um dos momentos mais marcantes da minha vida foi a decisão de me tornar político, mesmo enfrentando a resistência da minha família. Quando me candidatei pela primeira vez, fui o nono mais votado, mas não consegui assumir a vaga devido ao coeficiente eleitoral. Na eleição subsequente, fui o segundo mais votado de todo o município e o primeiro do meu partido. Essa experiência foi transformadora, pois entrei em um jogo político para o qual não tinha uma base familiar ou formação prévia. Enfrentei críticas e desavenças, mas permaneci focado na certeza de estar fazendo a coisa certa, tentando convencer minha família disso, mesmo diante de contrapontos externos. Sofri bastante, especialmente nos quatro primeiros anos como vereador, mas não desisti. Sabia o que queria, mesmo ouvindo de meus pais frases como “larga isso” ou “isso não é para nós”, que refletiam a dificuldade que nossa família tinha com a política.

Se pensássemos em Mirandópolis em 2040, que legado você gostaria de deixar?

Ao olhar para Mirandópolis em 2040, quero deixar um legado de transformação real, marcando o fim da politicagem e o início de uma gestão comprometida com o desenvolvimento. Isso inclui a revisão do plano diretor, reformas administrativas e medidas necessárias, mesmo que impopulares. O objetivo é preparar a cidade para atrair indústrias, garantir segurança, boa infraestrutura e um sistema de saúde mais ágil. Meu legado, portanto, será baseado no trabalho e na transformação, e isso é o que realmente espero deixar como contribuição para o futuro de Mirandópolis.

Como você enxerga o papel da cultura, do esporte e do entretenimento na construção da cidade?

Acredito que cultura, esporte e entretenimento são fundamentais para a construção de uma cidade saudável e acolhedora. Não é suficiente focar apenas em saúde e educação; é preciso considerar esses elementos em um contexto mais amplo. O esporte, ao oferecer uma diversidade de modalidades acessíveis, promove o bem-estar físico e mental da população, impactando positivamente a formação de crianças e jovens. Além disso, investir no esporte é uma estratégia eficaz de prevenção ao uso de drogas, já que alternativas saudáveis são cruciais para evitar que indivíduos se tornem dependentes químicos. A cultura, por sua vez, permite que as pessoas se expressem e se descubram. No entanto, encarar aspectos negativos da cultura local, como o descarte inadequado de lixo, é essencial para promover mudanças. Para isso, devemos implementar projetos e oficinas nas escolas, educando as crianças sobre comportamentos adequados e o impacto de suas ações. Essas iniciativas promovem uma cultura de responsabilidade e contribuem para uma sociedade mais saudável e próspera. Assim, ao investirmos em cultura e esporte, estamos construindo um futuro melhor para Mirandópolis, solidificando as bases para uma cidade unida e desenvolvida.

Como aproximar os jovens das decisões do município e qual a importância disso?

Aproximar os jovens das decisões municipais passa pela educação política nas escolas, mostrando que a política faz parte da vida e pode ser uma ferramenta de transformação. Iniciativas como o projeto “Prefeito Mirim” e o programa de jovens empreendedores, em parceria com o Sebrae, despertam esse interesse desde cedo, ligando política, cultura e educação. Ao incentivar o envolvimento por meio de atividades culturais e escolares, formamos cidadãos mais conscientes, capazes de contribuir para uma cidade melhor. A participação da população é essencial para uma gestão mais eficiente.

Como prefeito, qual foi a decisão mais difícil que você tomou até agora?

Como prefeito foi a de não realizar a festa do peão, o rodeio, que é uma tradição muito querida entre a nossa população. Entendo que essa festa é enraizada na cultura da nossa cidade, e não realizá-la foi uma escolha desafiadora. No entanto, aprendi que, neste momento, o mais importante é devolver a dignidade ao nosso povo. Optar por não gastar recursos que não temos em uma festa que dura apenas quatro ou cinco dias, ao invés de investir na melhoria da qualidade de vida da população a longo prazo, foi um passo difícil, mas necessário. Fico feliz em perceber que, onde quer que eu vá, tenho recebido o apoio da comunidade em relação a essa decisão. Essa experiência me ensinou que é mais fácil buscar soluções populistas que agradem a todos momentaneamente, mas as decisões que realmente cortam na carne, que exigem sacrifícios, são as que trazem um impacto mais significativo e duradouro. E nós ainda iremos mandar alguns projetos para a Câmara Municipal que vamos cortar na carne. No início parece ser ruim, mas, lá no futuro as pessoas vão enxergar que realmente foi para o melhor.

Quais parcerias tem sido mais efetivas?

A gente tem valorizado muito as parcerias. A primeira é interna, com todos os departamentos da prefeitura — dou liberdade aos diretores, o que tem gerado bons resultados. Destaco também o SEBRAE, que atua diretamente com a gente, oferecendo cursos e agora vai liderar o estudo para a reformulação do plano diretor, com base nos anseios da população. Outras parcerias importantes incluem a ETEC, com previsão de curso de enfermagem; as penitenciárias, que têm colaborado bastante; os clubes de serviço; a Igreja Católica e as igrejas evangélicas, que têm sido grandes aliadas. Também temos excelente relação com o governo estadual, com acesso direto ao secretariado e apoio da Assembleia Legislativa. No campo social, temos parceria com entidades como a APAE, o Ser Criança (que será realocado para a antiga Casa das Crianças), a AMAI, a Geroge Muller e a Gateiras do Brasil, que nos conecta com os protetores independentes e trouxe o deputado Rafael Saraiva, defensor da causa animal, que firmou compromissos com a cidade.

Pensando em inovação, para sair do mesmo, tem alguma tecnologia sendo adotada nesta administração?

Pensando em inovação, estamos participando do programa Muralha Paulista. Mirandópolis não fazia parte, mas agora já está inscrita, apta e buscamos, seja por meio do programa ou com recursos próprios, instalar câmeras por toda a cidade. O objetivo é garantir segurança, inibir o abandono de animais e também impedir que as pessoas descartem lixo fora dos horários e locais adequados. Essa é uma das maiores inovações que estamos implantando: transformar Mirandópolis em uma cidade 100% monitorada por câmeras, em parceria com a Polícia Militar, por meio da atividade delegada.

Como você lida com críticas e feedback da população, especialmente sendo ativo nas redes sociais?

Lido muito bem. Sempre vai existir crítica, isso é do ser humano. E sinceramente? Tranquilo. Crucificaram Jesus e soltaram Barrabás, então sei que nunca vou agradar todo mundo. As críticas políticas não me incomodam, porque cada um tem o direito de gostar ou não das minhas decisões. O que me entristece são os ataques pessoais, quando tentam destruir nossa imagem, como se fôssemos algo que não somos. A gente tem nome, endereço, telefone, estamos sempre à disposição. Mas, infelizmente, por politicagem, algumas pessoas preferem atacar o lado pessoal. Isso incomoda. Mas, no geral, críticas políticas fazem parte do jogo, e eu encaro numa boa.

Qual a identidade cultural que você considera primordial preservar em Mirandópolis?

A gentileza. Mirandópolis é uma terra de gente acolhedora, de coração enorme. Precisamos valorizar isso. Inclusive, o tema “Gentileza gera gentileza” é nacionalmente conhecido e temos aqui o Profeta Gentileza, o senhor Datrino, sepultado em nosso cemitério. Isso precisa ser explorado com mais força. Também não podemos deixar que se percam nossas raízes culturais, como as comunidades das Alianças, a cultura nipônica e o Yuba, que tem uma forma de viver única.

Se você tivesse 10 minutos para conversar com qualquer pessoa do mundo, quem seria?

Ah… seria com meu pai. Acho que eu nem saberia o que falar, só o abraçaria. Se ele tivesse que brigar comigo, ele brigaria. Se tivesse que me elogiar, ele elogiaria. Tenho certeza de que ele me diria: “Você é homem, não desista, aja como homem.” Com certeza, seria com ele que eu gostaria de falar.

Qual mensagem deixa para a população de Mirandópolis?

Minha mensagem é de agradecimento. Com pouco tempo, já conquistamos muitas coisas. A antiga Escola Sara Beatriz está a todo vapor, ajudando nossos pequenos agricultores e assentados. Este ano, conseguimos quase R$ 1 milhão em alimentos por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que vai beneficiar a população mais carente. Resolvemos o problema da ponte, entregamos kits escolares, levamos todos os alunos para passear no Acqua Linda. Temos trabalhado intensamente para dar dignidade e melhorar o dia a dia da nossa população. Ainda falta muito, mas vamos chegar lá. Já temos uma cidade mais limpa e vamos deixá-la cada dia melhor. Temos um povo simples, mas feliz. Em breve, teremos a tão sonhada indústria, que vai gerar de 60 a 100 empregos diretos, além dos indiretos. Neste aniversário de 91 anos de Mirandópolis, peço que Deus esteja presente em cada lar, trazendo paz e harmonia. Que Ele esteja presente também na administração da cidade, para que possamos trabalhar unidos, com seriedade, pensando sempre no bem da população. Deus abençoe Mirandópolis e obrigado a cada um de vocês pela honra de representar nossa cidade. Vocês não têm ideia do quanto isso significa para mim. Espero deixar uma marca positiva para que, no futuro, todos se lembrem com carinho do prefeito Grampola.

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