Ex-modelo internacional e hoje empresário, a trajetória de Marcelo Francisco Matsunaka

Foto: Arquivo Pessoal / Marcelo Matsunaka

Com uma história marcada por desafios, superações e conquistas fora do país, o ex-modelo internacional e hoje empresário, Marcelo Francisco Matsunaka, natural de Araçatuba e com fortes raízes em Lavínia e Mirandópolis, compartilhou sua trajetória em entrevista ao AGORA NA REGIÃO. Da infância simples no interior paulista aos contratos em países da Ásia como Tailândia, China, Indonésia e Malásia, ele conta como a vida o levou a explorar o mundo, enfrentar barreiras culturais e construir uma carreira sólida. Hoje, morando em São Paulo, ele mantém o vínculo com Mirandópolis, cidade que considera seu porto seguro.

Onde você nasceu e cresceu?

Nasci em Araçatuba, no dia 11 de julho de 1984, mas vivi toda a minha infância em Lavínia. Meu pai, Armando Matsunaka, era agricultor, e minha mãe, Iria Lisboa Matsunaka, costureira. Tive uma infância típica dos anos 80 e 90 — cheia de boas lembranças. Brincava na rua com os amigos, tomava tereré em frente de casa, e tive muito contato com a natureza e com os animais. Estudei o ensino fundamental e médio na escola Padre Cesare Toppino, uma escola pública muito boa, com professores e funcionários dedicados. Aos 15 anos, me mudei com minha família para Mirandópolis, e foi um período desafiador. Logo meu pai foi para o Japão a trabalho e, infelizmente, tivemos a perda do meu irmão, que também estava no Japão na época.

Foi um momento muito difícil para vocês?

Sim, sem dúvida. Quando meu pai retornou ao Brasil, tivemos que nos reestruturar como família. Abrimos um comércio, que mantivemos por cerca de cinco anos. Nesse período, comecei a cursar Direito em Araçatuba. Foi também nessa fase que minha vida começou a mudar: em 2009, fui descoberto por uma agente de modelos internacionais em Presidente Prudente. Logo depois, assinei meu primeiro contrato internacional e fui para Bangkok, na Tailândia, iniciar minha carreira como modelo.

E como foi essa experiência fora do país?

Foi desafiadora e ao mesmo tempo incrível. Quando cheguei na Tailândia, o país vivia um clima tenso por causa de uma guerra civil, e eu também não dominava o inglês, o que dificultou muito a adaptação. Mesmo assim, foi uma das melhores experiências da minha vida. Eu tinha sede de descobrir o novo, de explorar o mundo. Fiz amigos que carrego até hoje, experimentei sabores únicos, conheci culturas fascinantes e visitei algumas das praias mais lindas do planeta. Ainda em 2010, fechei contratos com outros países asiáticos: China, Indonésia e Malásia. Cada lugar trouxe aprendizados e vivências únicas.

O mercado da moda internacional é difícil?

Muito. No início foi bem complicado. A concorrência é enorme e a falta de experiência, somada à barreira do idioma, me deixou inseguro. Depois de um ano, voltei ao Brasil e fiquei em Mirandópolis com minha família. Esse tempo foi importante para me preparar melhor — tanto profissional quanto emocionalmente — para retornar ao mercado internacional.

Acabou voltando para o exterior depois disso?

Sim. Em 2015, retornei para a Ásia. Passei novamente por Indonésia, Tailândia, China e conheci Singapura em um período curto de trabalho. Decidi, por conta própria, me estabelecer em Bangkok, na Tailândia, onde morei até 2021. Acabei voltando ao Brasil por causa da pandemia.

Como foi esse retorno?

Foi um momento tenso, como para todos nós. Acabei me mudando para São Paulo, e a adaptação foi tranquila, especialmente por ser uma cidade agitada e cheia de oportunidades — o que combina com meu ritmo atual de vida. A única coisa que realmente me incomoda é a insegurança nas ruas. Hoje, me estabeleci aqui, viajo apenas a passeio e me dedico ao meu trabalho como investidor e empresário.

E qual é sua relação com Mirandópolis hoje?

Tenho muito carinho por Mirandópolis. Sempre que posso, volto para visitar. A cidade me traz uma sensação de aconchego, de casa. Tenho familiares e amigos muito queridos que moram por lá, e esses reencontros tornam tudo ainda mais especial. Mirandópolis, sem dúvida, ocupa um lugar importante na minha história.