Cíntia Sato: professora estreia no universo literário com lançamento de obra infantil
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A educação e a literatura sempre caminharam lado a lado na vida de Cíntia Sato, 33 anos, professora da rede municipal de ensino de Mirandópolis. Natural de Bilac, ela acaba de transformar uma experiência pessoal marcada por perdas e descobertas em sua primeira obra literária: um livro infantil que fala de amor, pertencimento e saudade. Em entrevista ao AGORA NA REGIÃO, Cíntia compartilha detalhes de sua trajetória, inspirações e expectativas com a nova fase de sua vida.
Quem é você fora da escrita, pode nos contar um pouco sobre sua trajetória?
Minha primeira faculdade foi Administração, mas a vida foi me levando para outro caminho. Passei em um concurso público na minha cidade natal, Bilac, como monitora, e foi ali que tive meu primeiro contato com crianças. Essa experiência me despertou um novo olhar, e decidi cursar Pedagogia. Depois me especializei em alfabetização e permaneci nesse trabalho até concluir a faculdade. Com o tempo, senti a necessidade de buscar novos desafios, exonerei o cargo e me dediquei aos estudos para concursos. Logo vieram as aprovações, e uma delas foi aqui em Mirandópolis, onde hoje tenho a honra de atuar como professora na Escola Hélio Faria. Fora da escrita, sou antes de tudo mãe, filha e alguém que acredita na educação como ferramenta de transformação.
Como surgiu o gosto pela literatura e a vontade de escrever?
Desde pequena, meus pais sempre me incentivaram a ler. Eles compravam almanaques da Turma da Mônica, revistinhas da Recreio, e isso me aproximou dos livros. Curiosamente, eu não era fã das leituras obrigatórias da escola, mas um livro mudou essa visão: Bisa Bia, Bisa Bel. Li para uma prova e simplesmente me encantei. Desde então, nunca mais parei de ler. Já a escrita surgiu em um momento delicado. No início de 2024, perdi meu pai, e escrever se tornou uma forma terapêutica de lidar com a dor. Pouco tempo depois, descobri que estava grávida. Quando segurei minha filha no colo pela primeira vez, senti que havia encontrado o verdadeiro sentido da vida. Ao olhar o orquidário do meu pai, lembrei dos valores que ele me transmitiu e percebi o quanto queria passar isso adiante para minha filha. Foi como um sussurro: a ideia de unir essas duas pessoas tão especiais em uma história que falasse de amor e de legado.
Quem foram suas inspirações literárias?
Tenho muito carinho por autores que escrevem para crianças, porque é nesse universo que encontro sentido. Gosto bastante dos livros da Sônia Junqueira e da Mary França, que inclusive utilizo muito nas minhas aulas. São referências que me inspiram pela delicadeza com que tratam os sentimentos e pela forma como conseguem dialogar com os pequenos.
O que os leitores podem esperar encontrar na obra?
Os leitores vão encontrar uma história infantil que aborda sentimentos profundos como amor, pertencimento e saudade, mas de uma maneira acessível às crianças. Muitas vezes, subestimamos a capacidade delas de compreender questões emocionais, mas a verdade é que elas têm uma sensibilidade enorme para perceber tradições, lembranças e emoções que fazem parte de nossa vida. Meu objetivo é mostrar que a infância também é um espaço para falar sobre memórias, sobre conexões entre gerações e sobre a importância de valorizar o que nos trouxe até aqui. Para mim, esse livro é mais do que uma simples narrativa: é um elo entre passado e futuro, um convite ao acolhimento e uma oportunidade de refletirmos sobre nossos próprios sentimentos.

Por que você escolheu lançar o livro agora, neste momento da sua vida?
Senti que era o momento certo. Estou afastada do trabalho para me dedicar integralmente à minha bebê, e, de certa forma, a escrita preenche esse espaço que ficaria em aberto. Além disso, acredito que o livro reflete exatamente o que estou vivendo agora: um período de reencontros comigo mesma, de redescoberta da maternidade e de ressignificação das memórias do meu pai. Foi um jeito de transformar um ano desafiador em algo produtivo e significativo.
Terá algum evento presencial de lançamento?
O lançamento será exclusivamente digital, pelas plataformas Amazon e pelo site da Editora Amelie. Ainda não pensei em um evento físico, mas estou aberta à ideia para o futuro. Neste momento, a proposta é facilitar o acesso e permitir que leitores de qualquer lugar possam conhecer a obra.
Você já pensa em próximos projetos literários?
Sim, já tenho uma ideia para a sequência, com os mesmos personagens. Quero trazer situações do cotidiano, mas apresentadas de forma lúdica, trabalhando temas que também são explorados nas escolas. Acredito que a literatura infantil tem um potencial enorme de contribuir para a formação das crianças, e quero continuar nessa linha, sempre unindo aprendizado e emoção.

