Do sonho de ser policial ao sucesso com a tesoura: a história de Antônio Neto
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Ele é um dos nomes mais conhecidos quando o assunto é barbearia em Mirandópolis. Antônio Correia de Oliveira Neto, 31 anos, mais conhecido como Neto da Barbearia, tem uma história de superação, fé e reinvenção. Natural de Votorantim, filho de Adilson Aparecido de Oliveira (In Memoriam) e Joelma de Oliveira Amorim, Neto trabalhou no comércio local e depois decidiu empreender como barbeiro. Irmão mais velho de Clara Liz e Ana Mel, o empreendedor revela que os laços familiares são muito importantes para ele. Ao jornal AGORA NA REGIÃO, ele compartilhou detalhes da sua trajetória.
Onde você nasceu e como veio parar em Mirandópolis?
Nasci em Votorantim, em 1994. Vim para Mirandópolis quando tinha quatro anos. Meu pai era policial militar e acabou prendendo um chefe do crime da cidade. Um dia acharam três caras indo colocar fogo na nossa casa. Aí meus pais decidiram vir pra cá, cidade natal da minha mãe.
Onde você estudou?
Estudei dez anos no SESI e depois fiz o ensino médio no Noêmia (CENE). Na sequência fiz dois anos de contabilidade, mas sofri um acidente de moto bem complexo e precisei trancar a matricula.

Como foi o início no mercado de trabalho?
Comecei cedo, com 15 anos, de empacotador no Nilton Supermercado. Depois trabalhei com empréstimos consignados, na HR Soluções e na sequência iniciei na Duran. Enquanto eu estava na Duran, fiz o curso de barbeiro.
Você sempre quis ser barbeiro?
Não. Eu sempre quis ser policial (risos), cheguei a prestar concurso algumas vezes, mas reprovei na fase psicológica. A barbearia veio depois, quase por acaso. Eu sempre tive muito cabelo, barba desde cedo, e vi essa tendência do “barber shop” crescendo. Fiz o curso em 2016, percebi que tinha habilidade e fui me apaixonando pela área.
Como foi o começo na profissão?
Trabalhei nove meses com o Brás. No início era tudo muito difícil — eu demorava até uma hora pra cortar um cabelo. Mas sempre tive facilidade pra conversar, pra deixar o cliente à vontade, então o atendimento ajudava muito. Em 2017, resolvi abrir minha própria barbearia.
Empreender foi um desafio?
Com certeza. No curso a gente aprende a cortar cabelo, mas não a empreender. O erro de muitos barbeiros é fazer conta rápida: “30 reais o corte, 10 cortes por dia, 300 reais, vou ganhar muito dinheiro”. Mas tem custo, aluguel, manutenção… depois que percebi isso, busquei cursos para aprender mais sobre gestão.
Sua barbearia trouxe um novo conceito pra cidade?
Sim. Fui um dos primeiros a colocar mesa de sinuca, chopp, um ambiente mais descontraído. No começo era legal, chamava atenção, mas depois percebi que também gerava bagunça. Em cidades grandes talvez até funcione, mas em Mirandópolis a realidade é outra.
Você passou por um acidente grave em 2014. O que aconteceu?
Eu estava indo trabalhar e um carro cortou minha preferencial. Bati e quebrei o fêmur em dois lugares, além de fraturar a mão. Fiquei internado por três meses. Os médicos até brincaram que a gordura me salvou, acabou de certa forma me protegendo. Naquela época eu estava gordo.
Você passou por uma transformação física importante. Como foi?
Foi uma virada de chave. Eu cheguei a pesar 190 kg. Não conseguia amarrar o tênis, nem colocar a meia. Roncava muito, suava demais e chegou um ponto que eu comecei a sentir vergonha. Com o incentivo da minha mãe, eu decidi fazer bariátrica. E posso afirmar que a cirurgia mudou minha vida. Perdi 23 kg no primeiro mês e hoje tenho outra relação com a saúde. Mas entendi que a cirurgia representa 30% do processo. Os outros 70% é a nossa cabeça.

E a perda do seu pai, como te impactou?
Foi a dor mais difícil da minha vida. Eu nunca tinha perdido alguém tão próximo. Só quem passa por isso entende. Mas logo depois veio o nascimento do meu sobrinho Francisco, que trouxe alegria de novo para a família.
Sua fé teve papel importante nesse processo?
Total. Fui criado num lar evangélico e acredito muito em Deus. A Bíblia diz que a vontade Dele é boa, perfeita e agradável. A fé me ajudou a entender a perda e acreditar que um dia vou reencontrar meu pai e meu tio, que faleceu há pouco tempo. É isso que nos conforta.
E hoje, como você define a Barbearia do Neto?
Hoje eu tenho uma visão diferente. O mercado mudou. Corte de cabelo é estética, mas também é identidade. Eu trabalho com visagismo, analiso o rosto, o estilo e o que combina com cada cliente. Não é só “raspar o cabelo”. Eu ofereço um atendimento premium, personalizado, e ensino o cliente a se cuidar. Hoje atendo na rua Dr. Edgar Raimundo da Costa, nº 565 — em frente ao Varanda Grill, e meu Instagram é o perfil @antonioneto.studio.

