Sesi de Mirandópolis realiza I Salão de Arte e Cultura
A escola Sesi de Mirandópolis realiza o I Salão de Arte e Cultura inspirado pela filosofia de vida da Comunidade YUBA. O evento tem como objetivo criar uma linha tênue entre o olhar amador dos estudantes e o clique profissional de Lucille Kanzawa. O salão estará aberto para visitação pública de 11 a 19 de junho, em horário de expediente.
Os estudantes do terceiro ano do Ensino Médio visitaram as terras da Comunidade, e, seguindo seus instintos e emoções, com o apoio do Professor de Arte Cleber Ferreira, captaram momentos que foram eternizados em uma série fotográfica.
Sobre a obra de Lucille Kanzawa
São brasileiros os que ficaram? O homem, a terra, seus princípios fundamentais, sua arte, sua ancestralidade: o que se faz com todos esses valores quando Issamu Yuba lê, do outro lado do mundo, no Japão, um anúncio que diz “Vá para a terra prometida, livre e sagrada da América do Sul”? Assim, junto com a sua família e amigos, Issamu, levando consigo aquilo que leu naquele anúncio, aceita o desafio e parte rumo a um país desconhecido. Sua linguagem, seu gestual, seus usos e costumes, tudo isso, o acompanha no começo da saga da Comunidade Yuba.
Na tradição japonesa, são considerados irmãos aqueles que nascem sob o signo da mesma origem, e assim, o médico Yoshito Kanzawa, que nasceu na mesma região onde até hoje vive a Comunidade, prestou assistência médica gratuita aos seus conterrâneos, ele que é pai de Lucille Kanzawa, e pode-se considerar o elo que justifica o motivo das fotografias estarem aqui.
Com um olhar íntimo no corpo e na alma dos Yubas, as imagens da fotógrafa percorrem os dias e as noites na Comunidade. A relação com a terra, o trabalho nas suas várias expressões, o gestual dos músculos sob o sol, o entardecer e as noites, quando, reunidos, seus habitantes se entregam aos anseios da arte.
As fotografias que estão no “I Salão SESI de Arte e Cultura” nos mostram o homem diante da natureza do mundo e diante da sua própria natureza. Apontam para questões definitivas da existência: Qual de nossas duas casas será mesmo a primeira? Como vivemos dentro de um tempo de violência buscando a harmonia, se o mundo contemporâneo faz de conta que não enxerga sentidos como harmonia, amor, emoção? Os Yubas se preservam diante desse mesmo mundo: embora sabendo que diante do futuro exista o fluxo dos acontecimentos.
E aqui, quando digo acontecimentos, quero dizer capitalismo. As fotografias de Lucille Kanzawa são imagens para o não-esquecimento. Passeiam por esse universo com a leveza de um gesto butô. Vê crianças das gerações seguintes cuidadas para não perderem a memória; vê mulheres e homens no cultivo da terra no sempre desafio que a fotografia propõe: o limite entre a verdade e a beleza; vê Katsue Yuba se maquinado para entrar em cena e o que ela pinta em seu rosto são os rios da sua história e da história do seu povo; e vê a luz acesa do teatro para que os atores e bailarinos entrem em cena, esse mesmo teatro que durante o dia é o campo onde os grãos de feijão azuki são levados para secar.
Também são pequenos e silenciosos haikais essas fotografias. Delicadas como arte e como memória. É a prova de amor que Lucille Kanzawa encontrou e cumpriu para contar a sua história e a história do seu povo.
“Diógenes Moura – Curador” (Texto adaptado)
I Salão de Arte e Cultura
– 10/06 até 19/06/2019
– Vernissage: 10/06 às 19:30
– Visitação Pública: 11/06 até 19/06
– Visitação de Grupos: mediante agendamento prévio no (18) 3701 -5656
– Local: Escola Sesi de Mirandópolis
– Entrada Gratuita