Apaixonante e fascinante: a arte de colecionar em depoimentos
Um ser inquieto, um apaixonado por tesouro perdido, um pesquisador por natureza. Em qualquer parte do mundo, os colecionadores adotam atitudes parecidas, ou seja, são capazes de grandes façanhas para adquirirem uma peça.
Incrivelmente existem coleções das mais triviais às mais curiosas. Tem gente que coleciona selo, moeda, cédulas, pedras, cartões telefônicos, gibi, rolha, bebida, instrumentos musicais, carros antigos, perfumes, bonecas, e até aí tudo bem. Mas outros colecionam ossos, meias, guardanapos usados e, alguns, pasmem, colecionam chiclete mascado e até sobras de lápis.
Uma referência entre os colecionadores de todo o Brasil é a Ana Caldatto. A mirandopolense tem como foco colecionar, principalmente, as bonecas de produção nacional, dos anos 60, 70 e 80, é uma verdadeira caçadora de relíquias. Já perdeu as contas de suas idas em feiras, bazares beneficentes, encontros de antiguidades e sites de vendas para encontrar algo diferenciado– entre as bonecas preferidas estão Susis, Barbies e Blythes.
“Recordo que comecei a ter contato com a palavra coleção ainda na minha infância com os papéis de carta e álbum de figurinha. Na época era moda colecionar e trocar entre amigas nos anos 70 e 80. Depois colecionei selos quando tinha uns 12 anos”, lembra Ana, que explica que da sua adolescência até os dias atuais passou colecionar de tudo um pouco, onde a paixão está em preservar a memória de uma forma geral.
“Recebi o nome ‘Colecionadora de Emoções’ por conta do blog que iniciei em 2008 como forma de catalogar meu acervo de brinquedos e bonecas. Fui a primeira blogueira brasileira a fazer registro de informações de bonecas comercializadas no Brasil através de fotos que causavam verdadeira emoção de quem as via, remetendo fortes lembranças em muitos adultos que através do blog puderam matar a saudade da infância”, confidencia Ana.
A colecionadora completa que carregar esse rótulo é uma honra, pois passou a ser guardiã da memória emocional de muita gente que enviam seus brinquedos ao acervo, suas fotos e seus relatos para que ela deixe tudo catalogado.
DO SELO AO REI
Outro mirandopolense que tem paixão por coleções é José Antonio de Lima. Aos 67 anos, Lima, como é conhecido em Mirandópolis, iniciou sua coleção de selos em 1962.
“Logo que ganhei meus primeiros selos já comecei a catalogar e organizar em álbuns. Depois comecei a colecionar cartão telefônico, hoje tenho cerca de 17 álbuns. O engraçado é que passei por toda a história do cartão, porque antigamente era ficha telefônica, daí surgiu o cartão e hoje podemos dizer que nem existe mais”, lembra Lima.
O colecionador explica que ainda tem coleção de pedras semipreciosas, de cédulas e moedas e uma outra só de calendário de bolso. “Sou um apaixonado por coleções, tenho muitos gibis guardados, assim como uma coleção do Roberto Carlos com seus 42 discos de vinil”, confidencia Lima, que revela que no início sua mulher criticava, mas hoje entendeu a paixão de colecionar e ajuda na organização.