Cláudia Negrini conta os desafios à frente do grupo da melhor idade de Mirandópolis e do centro cultural de Lavínia

Cláudia Negrini conta os desafios à frente do grupo da melhor idade de Mirandópolis e do centro cultural de Lavínia

Foto: Arquivo Pessoal/Claudia Negrini

A brincadeira favorita de Cláudia Elaine Bonfim Negrini, 57 anos, era dançar em volta das jabuticabeiras. Nasceu em Lavínia e cresceu em uma infância repleta de afeto, em uma família grande e unida, ao lado dos pais Clodomiro Negrini e Nair Bonfim Negrini, e dos irmãos Júlio Cesar Negrini e Ana Carla Negrini Ferreira. Recentemente, Cláudia voltou ao Grupo de Coreografia da Melhor Idade de Mirandópolis e continua seu trabalho no Centro Cultural de Lavínia. Casada com Renato Dagoberto Gonfiantini, mãe de três filhos – Renato, Raissa e Renan – ela compartilha os desafios enfrentados à frente do grupo da melhor idade e do centro cultural. Confira a entrevista.

Onde você nasceu e cresceu?

Nasci em Lavínia, em casa, sob os cuidados da parteira Dona Chica, minha saudosa tia. O Dr. Afonso chegou apenas para cortar o cordão umbilical. A minha infância foi repleta de afeto, em uma família grande e unida. Brincávamos na rua e comíamos muitas frutas direto do pé, pois todos os quintais tinham árvores frutíferas. Sempre gostei de música e dança; minha brincadeira favorita era dançar em volta das jabuticabeiras.

Qual sua formação acadêmica?

Estudei em Lavínia na escola Joaquim Franco de Mello, do 1º ao 2º ano do ensino fundamental. Depois, fiz o 3º ano até o Magistério na escola Cesare Toppino. Optei por realizar dois cursos profissionalizantes: Magistério pela manhã e Prótese Dentária na FOA à noite. Prestei vestibular para Dança na Unicamp, que era um curso muito concorrido, mas não consegui ser aprovada. Naquela época, a Unicamp era uma das únicas faculdades de Dança no Brasil e também era responsável pela coreografia das balizas da fanfarra da escola.

Como conheceu o grupo da melhor idade?

Cheguei a Mirandópolis no ano 2000 para morar perto da escola dos meus três filhos (Colégio 14 de Agosto – Objetivo). Na cidade trabalhei como professora nas escolas Dr. Edgar Raimundo da Costa e Ebe Aurora, antes da municipalização. Também fui contratada pelo departamento de Educação da Prefeitura de Mirandópolis para trabalhar como professora de projetos especiais, atuando como monitora de Dança no “Projeto Dançar” para crianças e jovens de 2006 a 2010, durante a gestão do prefeito José Antônio Rodrigues. Foi nessa época que recebi o convite da então primeira-dama, Carmem Lúcia, para trabalhar com o Grupo da Terceira Idade, com o objetivo de conquistar boas classificações nos Jogos Regionais do Idoso (JORI), organizados pela Secretaria de Esportes do Estado de São Paulo. Também fiz cursos de Dança Contemporânea pela Secretaria do Governo Estadual, que foram fundamentais na minha trajetória.

Houve um período em que saiu do projeto?

O grupo participou de todos os eventos do município de Mirandópolis desde 2006 até o início de 2020, com a chegada da pandemia. Em 2021, o projeto foi retomado, mas não pôde ser realizado no salão da Melhor Idade devido aos protocolos de saúde. Realizamos os ensaios em uma quadra aberta, utilizando máscaras, álcool gel e mantendo o distanciamento, além de organizarmos horários de reposição. Em 2020, durante o período da Covid, recebi integralmente, mas não consegui realizar a reposição em home office, pois a terceira idade enfrenta muita dificuldade para se conectar. O JORI foi cancelado em 2020 e 2021, e a coreografia que trabalhamos seria apresentada em 2022. No entanto, não fui contratada. Entrei em contato com o setor responsável em 3 de março de 2022, mas a resposta não foi agradável, e fiquei chateada com o que me disseram. Depois, houve uma cobrança do grupo ao prefeito, e fui chamada para conversar com o setor responsável. Para minha surpresa, a proposta deles para me contratar era a de fazer a reposição de horário de outro projeto, “Corpo e Arte”, um grupo de jovens do CRAS, que a administração não deu continuidade. Recusei, pois estava disposta a repor cada segundo, mas era outra contratação, outro grupo e outro trabalho; além disso, já havia feito a reposição do grupo em questão. Senti-me humilhada pela maneira como fui tratada.

Foto: Arquivo Pessoal/Claudia Negrini

Quando recebeu o convite para retornar?

No dia 20 de agosto, recebi o convite através do Júnior Maneja, atual diretor da Cultura. Fiquei emocionada, pois revivi tudo o que passei durante o fim do projeto. Aceitei o convite e, desde então, realizamos três encontros com determinação. A primeira apresentação ocorreu no dia 24 de setembro, no Shopping Praça Nova de Araçatuba, e fomos muito aplaudidos. Agradeço a Deus pelo dom de trabalhar naquilo que amo, por ser feliz e por fazer o grupo feliz. Sinto-me abençoada e realizada. Agradeço ao povo de Mirandópolis pelo carinho constante com o grupo; fazemos parte da história da cidade, uma história bonita, cheia de vitórias e superação. Gostaria de ressaltar que sou agente cultural no Centro Cultural de Lavínia, um projeto idealizado pela minha mãe enquanto vereadora, chamado “Fênix”. Ela conseguiu a primeira autorização do DNIT, por meio de um abaixo-assinado, para que a administração obtivesse a concessão do prédio, reformasse e o mantivesse, pois estava em ruínas. O local leva o nome da minha avó, Centro Cultural Jardelina Alta de Oliveira Bonfim, e assim recebo visitantes, agendo visitas de escolas, grupos e entidades, além de receber acervos.


                       
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