Da infância no sítio ao empreendedorismo: a trajetória de Radames no Bar do Rada
Foto: Allan Mendonça
Com uma infância feliz no sítio ao lado dos pais, Natalino e Maria das Graças, Radames Amâncio, 48 anos, conta que, junto aos irmãos Lucineide, Dulcineia e Elso, ajudava os pais nas tarefas diárias. Ele relembra que aprendeu a fazer lanches com Matias em 1989, quando tinha apenas 13 anos, em um trailer ao lado da rodoviária. A experiência foi tão gratificante que, hoje, possui seu próprio negócio, o Bar do Rada, que há mais de 7 anos serve saborosos lanches e porções para a população de Mirandópolis. Rada é casado com Emilena e pai de Gabriel (13 anos) e Maria Eduarda (11 anos). Ele também morou em Santos, onde trabalhou como funcionário público, e relembra um acidente de moto que sofreu ao voltar do trabalho. Confira a entrevista completa.
Onde nasceu e estudou?
Nasci em Mirandópolis em 1976 e morei no São João da Saudade, São Lourenço de Fátima e no centro. Atualmente, resido no Santa Paula. Até os 7 anos, vivi no sítio, e essa foi a melhor fase da minha vida, pois me sentia mais livre e com menos responsabilidades. Estudei no Edgar e Noêmia, foi um período muito bom, em que aproveitei bastante minha infância ao lado dos meus irmãos e amigos. Naquela época, a infância era diferente; vivíamos na rua, nos divertindo com brincadeiras como futebol, bicicleta e “betia”, em contraste com os dias de hoje, que são dominados por computadores e celulares. Desde cedo, ajudava meus pais na roça. Meu pai plantava cebola e cultivava arroz, feijão, milho e algodão. Desde sempre, trabalhei. Depois, meu pai começou a trabalhar na Alcoomira, momento em que nos mudamos para a cidade, mas continuamos com o trabalho na roça. Naquela época, ainda havia a Patrulha Mirim, e eu conciliava os estudos com serviços de cobrança.
Como surgiu o interesse em aprender a fazer lanches?
Aos 13 anos, comecei a trabalhar à noite, onde aprendi a fazer lanches em 1989, no Snacks Bar, um trailer que ficava ao lado da rodoviária, de propriedade do saudoso Marco Nakamura. Passei cerca de 4 anos ali, e quem realmente me ensinou foi Paulo César Matias, que produzia os lanches na época. Como estudávamos juntos, ele me convidou: “Você não quer ir lá aprender a fazer lanches?” Aceitei o convite e aprendi. Com 26 anos, dei uma pausa na lanchonete, pois fui chamado para um concurso público que havia prestado e morei em Santos de 2002 a 2015. No entanto, percebi que era complicado criar meus filhos lá, então minha esposa decidiu voltar. Eu permaneci por mais um ano, tentando conseguir a transferência, mas não consegui. Saí de férias e não voltei mais. Depois, morei em Andradina com meus sogros. Como minha esposa já havia conseguido um emprego, decidimos nos estabelecer lá. Trabalhei por cerca de 8 meses no Wilson Lanches e, em seguida, consegui comprar o bar onde estou atualmente em Mirandópolis. Em 2017, sofri um grave acidente de moto ao voltar para Andradina. Atropelei uma vaca que estava dormindo em pé no meio da pista e, quando percebi, não consegui evitar. Na minha mão, foram colocados 11 pinos e cheguei a um ponto em que quase precisei amputar o braço. Graças a Deus, o médico desistiu da amputação, mas quebrei vértebras, o cóccix e tive algumas hérnias de disco. Fiquei 6 meses sem trabalhar, mas estou aqui, vivo e podendo fazer o que gosto. Agradeço ao Rael, que me ajudou nesse período, pois não consegui trabalhar.
Como surgiu o Bar do Rada?
Em março de 2017, iniciei uma lanchonete na Rua Anchieta, sendo que em setembro, surgiu a oportunidade de abrir o local onde atualmente estou atendendo, um espaço que já abriga o bar há mais de 7 anos. Mudamos para cá devido à alta demanda por lanches e à necessidade de uma cozinha maior, e o proprietário me fez a oferta. Embora meu desejo inicial fosse abrir um bar com comidas de boteco, como mocotó e outros caldos, e espetinhos, amigos das antigas começaram a lembrar dos lanches e insistiram para que eu os fizesse. Eles até pegaram uma chapa emprestada do Boi, compraram carne e outros ingredientes, e disseram: “Agora você vai fazer o lanche!” Foi assim que tudo começou a crescer, e hoje meu carro-chefe é o X Bacon e o X Americano. O local é alugado e tenho o desejo de ter meu próprio negócio. No entanto, enfrento desafios, como a falta de mão de obra, pois gostaria muito de poder fazer os caldos que tenho em mente. Atualmente, conto com mais de 10 pessoas me ajudando e sou muito grato por tudo o que conquistei. Minha maior alegria é ver meus filhos vindo ajudar, pois assim eles não ficam dependentes; ensinei que, se querem comprar algo, precisam ajudar aqui para conquistar o que desejam.
O que Mirandópolis representa para você?
Mirandópolis é minha casa e eu gosto muito de viver aqui. Morei em Santos, mas afirmar que era feliz lá não é verdade, pois aqui é minha terra e eu amo minha cidade. Fui nascido e criado aqui e pretendo permanecer. Espero conseguir conquistar um lugar que possa montar ao meu estilo. Temos vendido bem por aqui e sou grato a todos que me apoiam, especialmente à minha mãe e irmã, além de Mirandópolis, que me acolheu novamente e tem prestigiado o Bar do Rada. A lanchonete está localizada na rua Paulo Leite Ribeiro, nº 523, no Jardim Santa Rosa, servindo seus famosos lanches e porções. Os clientes podem fazer pedidos através do WhatsApp pelo número (18) 99717-2537 ou ligando no 3701-2525, com opções de delivery, retirada, ou até mesmo para saborear seu lanche no local.
