O crime está evoluindo e reage, a sociedade precisa estar unida, diz Gilberto Sekime

O crime está evoluindo e reage, a sociedade precisa estar unida, diz Gilberto Sekime

Temos como meta cuidar de pessoas, preservar vidas, fazer a lei ser cumprida e preservar a ordem pública. Esse lema Gilberto Issau Bueno Sekime, 35 anos, Capitão de Polícia Militar da 3ª Cia do 28º Batalhão, leva à risca no seu dia a dia. Natural da Mirandópolis, teve uma infância tranquila empinando pipa e jogando bola na escola, já em casa, teve nos estudos uma exigência diária dos pais.

Na carreira militar o incentivo surgiu de um amigo, o Sargento aposentado Berbel, que mostrou para o ainda jovem Gilberto Sekime todas as oportunidades que ele iria encontrar. Entrou na Academia de Polícia Militar do Barro Branco, depois trabalhou nas ruas do Guarujá por quatro anos, até chegar de volta em sua terra natal. Confira a entrevista completa que o jornal AGORA DA REGIÃO fez com o Capitao Sekime.

AGORA: Quais suas lembranças da infância e como seus pais eram na questão de educação?
Gilberto Sekime: Não posso queixar da minha infância, foi bem legal e prazerosa. Sou de família humilde, com minha mãe na época costureira e meu pai caminhoneiro, mas dentro do possível nunca faltou nada. Com relação ao estudo sempre foi pauta prioritária dentro de casa, eles eram rígidos nesse quesito e exigiam ao máximo de nós (Sekime tem um irmão, Guilherme, que é professor). Também tive um certo prazer em estudar, graças a Deus não tive dificuldade. Durante todo o ensino médio chegava da escola na hora do almoço e daí na parte da tarde fazia reforço com uma vizinha, a Rosangela. Depois no segundo colegial meus pais se esforçaram muito para me colocar em uma escola particular com objetivo de me ajudar no vestibular.

AGORA: O viés Militar, quando começou a enxergar com outros olhos essa carreira?
Sekime: Foi uma conversa no final do terceiro colegial, tenho que dar esse mérito para o Sargento Berbel (aposentado), que era um amigo da família. Eu não sabia nada sobre o histórico Militar, não entendia como funcionava. Ele abriu meus olhos, plantou uma sementinha para ficar curioso. Graças a Deus consegui entrar na Academia de Polícia Militar do Barro Branco, em 2001.

AGORA: Como foi chegar em São Paulo e seu início na vida militar?Sekime: Fiquei quatro anos (2002 até 2005) em São Paulo, sendo os três primeiros anos em regime fechado. O primeiro desafio era adaptar a cidade, pois sempre cultuei bem essa vida do interior, por isso que sempre que tinha uma brecha de final de semana vinha para Mirandópolis. O segundo desafio foi adaptar ao regime militar porque não tinha tanto conhecimento. Mas aprendi muito nesse período, tanto de controle, como de criação de metas para vida. A instituição agrega muito valor nesse sentido, fui afortunado em escolher a carreira militar.

AGORA: Depois trabalhou aonde?
Sekime: Eu escolhi uma vaga no Guarujá, porque não tinha oportunidade em Mirandópolis. Fui para o 21º Batalhão, que agrupava também as cidades de Cubatão e Bertioga. Nunca tive complicação em ocorrência, fiz muitos amigos na cidade e essa carga de estresse por ter alto índice criminal foi importante para hoje ter uma gama maior e comandar uma companhia. Fiquei quatro anos lá, depois surgiu a oportunidade de voltar para a nossa terra.





AGORA: Depois trabalhou aonde?
Sekime: Eu escolhi uma vaga no Guarujá, porque não tinha oportunidade em Mirandópolis. Fui para o 21º Batalhão, que agrupava também as cidades de Cubatão e Bertioga. Nunca tive complicação em ocorrência, fiz muitos amigos na cidade e essa carga de estresse por ter alto índice criminal foi importante para hoje ter uma gama maior e comandar uma companhia. Fiquei quatro anos lá, depois surgiu a oportunidade de voltar para a nossa terra.

AGORA: Queria falar sobre Mirandópolis, sei que é filho da terra, como foram os primeiros anos de trabalho por aqui?
Sekime: O interior é um trabalho que tem um estresse diferente. Apesar de ter o índice criminal baixo quando comparado com Guarujá, por exemplo, ficamos com uma responsabilidade extra de dar uma resposta para o cidadão. É uma cidade pequena, que todo mundo conhece todo mundo, então a tensão é diferente. Graças a Deus todos que trabalham aqui tem essa consciência, trabalham com essa tensão social, de preservar a imagem da instituição, com um atendimento mais elaborado, mesmo que até extrapole a nossa responsabilidade, coisa que cidade grande não acontece por causa da quantidade de ocorrência.

AGORA: Em Mirandópolis a segurança mudou muito nos últimos 20 anos, como você enxerga essa transformação?
Sekime: O crime evoluiu, infelizmente é um fato. Na minha infância brincava na rua até 11 da noite, hoje temos esse receio com nossos filhos. O tráfico de entorpecente é um problema muito severo que acredito que seja muito maior que uma ocorrência policial, é um problema de saúde pública. O tráfico de entorpecente é a espinha dorsal das maiorias dos crimes, pois o usuário que não tem como sustentar seu vício e vai roubar. Mas não é só na nossa região, isso acontece em todas as cidades. É um grande desafio não só para a instituição, é um mal que o Estado como um todo precisava de um olhar diferente, com leis e penas mais rígidas.

AGORA:  Qual a importância da união entre sociedade e Polícia?
Sekime: Fundamental, pois a vida está tão corrida que muitas famílias se ilham e não tem uma aproximação com a sociedade de uma forma geral. Essas famílias perderam o vínculo com os vizinhos, com os moradores do bairro, e isso é bom para o crime. Temos o projeto Vizinhança Solidária que para dar certo será necessário reciprocidade. Se eu não quero que acontecesse comigo, não deixo acontecer com meu vizinho. Se eu ver alguma atitude suspeito, preciso ligar pra Polícia. O segundo sentimento que tenho é o de pertencimento, as pessoas precisam se sentir pertencido ao bairro e a cidade, queremos aflorar esse sentimento nas pessoas. Com esses dois sentimentos o projeto Vizinhança Solidária tem chance de dar bons frutos. Hoje tudo é globalizado e conectado, todos os órgãos públicos precisam desse pensamento de não trabalhar sozinho, pois o crime está evoluindo e reage. Nós não podemos ficar parado, temos que criar mecanismo para combater e atingir nossas metas, que é cuidar de pessoas, preservar vidas, fazer a lei ser cumprida e preservar a ordem pública.


                       
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