‘Nesse momento o importante é ter solidariedade e bom senso’, pede a médica Fabiana Furlan
Conversamos com Fabiana Furlan Galano para falar sobre a pandemia do coronavírus em Mirandópolis e região. Apaixonada por medicina desde criança quando assistia um seriado na televisão, hoje a profissional atua como médica clínica geral com especialização em Geriatria. Confira abaixo a entrevista completa.
Você nasceu e cresceu aonde?
Em Tabatinga, uma cidade que fica uns 60 quilômetros de Araraquara. Foi ali que morei muitos anos, onde meus pais moram até hoje.
Quando começou a se interessar por medicina?
O meu interesse surgiu ainda quando criança. O engraçado é que não tenho nenhum médico na família e não tinha nenhuma referência muito próxima que me incentivou. Lembro de pequena já assistindo um seriado de médicos que passava na madrugada na televisão, chamava Plantão Médico. Dali assistindo já não tinha dúvida do que queria para minha vida profissional. Meu pai até tentou fazer eu mudar de opinião, mas não quis e graças a Deus segui por essa profissão que me faz muito feliz.
Onde fez faculdade?
Foi na Universidade de Marilia, a UNIMAR, me formei em 2004. Na sequência fui fazer Residência em Medicina da Família e Comunidade, na FAMEMA (Faculdade de Medicina de Marília), sendo que depois ainda fiz especialização em Geriatria na UNOESTE (Universidade do Oeste Paulista).
Quando chegou em Mirandópolis?
O destino me trouxe para Mirandópolis em 2007, uma cidade que hoje considero como minha, amo muito as pessoas e a cidade como um todo.
Onde você atende ?
Me revezo entre o atendimento no consultório aqui em Mirandópolis e nos atendimentos em UBS (Unidade Básica de Saúde) nas prefeituras de Guaraçaí e Rubiácea. Além disso, faço um grupo de estimulação cognitiva, junto com a psicóloga Fernanda Fioravante, aqui em Mirandópolis.
Como enxerga a realidade do coronavírus em Mirandópolis e região?
Podemos dizer que por enquanto aqui na região o coronavírus está sob controle. Temos alguns casos suspeitos e poucos confirmados, por isso o nosso sistema de saúde está dando conta de atender. O ponto de atenção é que o esperado é que aumente os casos confirmados entre maio e junho, esse é o ponto que não podemos nos descuidar na questão da quarentena. Há muitos estudos promissores para ajudar no tratamento e diminuição da gravidade da doença, tenho muita esperança e fé que não chegará em colapso na nossa cidade e região.
Recentemente realizou ações doando aventais?
Isso, sabia que precisava contribuir de alguma maneira e ajudar o próximo. Fizemos uma ação para doação de aventais de tecido (TNT) para o Hospital Estadual de Mirandópolis. Contei com doação de amigos que colaboraram e entenderam a importância de ajudar esses profissionais que atuam na linha de frente a se protegerem. É importante frisar que muitas lojas deram descontos no valor do tecido e até as costureiras me ajudaram com um preço abaixo da média para ajudar a combater o covid-19. Graças a Deus nesse momento tem muitas pessoas querendo ajudar.
Os idosos estão respeitando esse momento de isolamento?
Enxergo os dois lados. Vejo muitos idosos respeitando, mas temos que ser sinceros que muitos outros pelas ruas estão saindo sem proteção e ficando em grupo. Acho que a quarentena aqui começou um pouco cedo, não tínhamos casos quando fechou tudo, isso que foi complicado. Sabemos que vai chegar e que é importante o isolamento, mas não dá para ser 100% fechado pela questão econômica, pois envolve muitas famílias. Lógico que a saúde é importante e se tiver um colapso nenhum hospital da região vai aguentar, mas agora a previsão é para ter um aumento de caso em maio ou junho, até lá espero que a medicação esteja mais avançada e os hospitais estejam ainda mais estruturados. Acho que alguns setores terão que voltar a funcionar, mas com restrições de pessoas no local e medidas protetivas. O importante é as pessoas terem consciência de manter a distância e usar máscara para não propagar o vírus. Manter a medida de higiene é fundamental. Precisamos manter os hábitos saudáveis para o bem de todo.
Como acha que vamos passar por isso?
O importante é as pessoas não julgarem o próximo porque é uma situação mundial muito grave. Todas as pessoas estão sendo prejudicadas, cada uma na sua esfera, social ou profissional. Não tem um culpado por esse momento que estamos vivendo, o importante é ter consciência e não ficar criticando, mas sim ter solidariedade e bom senso. Vamos nos apoiar para lá na frente saírmos fortalecidos. Com muita fé em Deus vamos superar esse problema.