Saúde mental e prevenção ao suicídio: entenda a importância do Setembro Amarelo

Saúde mental e prevenção ao suicídio: entenda a importância do Setembro Amarelo

Desde 2014, a Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP, em parceria com o Conselho Federal de Medicina – CFM, organiza nacionalmente o Setembro Amarelo. O dia 10 deste mês é, oficialmente, o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, mas a campanha acontece durante todo o ano.

A campanha visa conscientizar a população sobre o suicídio, pratica associada à depressão. Apesar de setembro simbolizar o mês da campanha, é importante salientar que a abordagem ao tema deve ser feita durante todo o ano.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) informa que a cada 40 segundos, uma pessoa morre por suicídio no planeta. Além disso, cerca de um milhão de casos de óbitos por suicídio são registrados por ano ao redor do mundo. No Brasil, os casos chegam a passar de 12 mil devido à subnotificação, que ainda é uma realidade. De acordo com os dados da OMS, o suicídio é a segunda maior causa de mortes entre os jovens de 15 a 29 anos.

Segundo a psicóloga Fernanda Fioravante, o suicídio é definido pela CID 10 como morte violenta por causas externas e multifatoriais decorrente de um ato deliberado (voluntário) de dez a vinte tentativas até o desfecho fatal. Vale explicar que CID é a nomenclatura simplificada de “Classificação Internacional de Doenças”, se referindo aos instrumentos de base epidemiológica que organiza informações sobre doenças, sinais, sintomas, achados anormais, queixas, circunstâncias sociais e causas externas.

“Um dos principais fatores de risco são os transtornos mentais, seguido do histórico familiar de suicídio, perdas, desespero, desamparo, ausência de vínculos. As notificações tornaram-se obrigatórias desde 2011. Desde então, pelos dados apresentados pela OMS, os homens cometeram mais suicídios comparados às mulheres, porém as tentativas provocadas por autolesão são maiores nas mulheres. As notificações tornaram-se obrigatórias desde 2011”, ressalta Fernanda.

Fernanda é especialista em terapia cognitivo comportamental, neuropsicologia e reabilitação

O COMPORTAMENTO SUICÍDA

Não é incomum escutarmos frases como: “Ah mais quem quer se matar não fala”, “Tudo frescura isso aí”, “Isso é falta do que fazer”. “Você reclama de barriga cheia”. A falta de informação adequada e os tabus interferem na busca por ajuda. Falar sobre saúde mental para todas as idades é o primeiro passo para romper os mitos e tabus sobre a dor psíquica. A cultura de valorizar as emoções e aprendermos que todos os sentimentos são necessários para a construção do nosso repertório emocional é fundamental para conscientização.

“Alguns sinais podem ser observados na fala ou nas atitudes frente a algumas situações de desamparo, desesperança, depressão, impulsividade, agressividade e dor psíquica. O primeiro passo é observar a intencionalidade suicida que vem acompanhada de ambivalência entre o querer morrer e o querer viver de maneira diferente. A pessoa pensa em suicídio, porém tenta fugir da ideia”, alerta Fernanda.

A ideação suicida consciente é possível de ser observada por atitudes de autonegligência. Quando a pessoa procura envolver-se em situações de maior risco, abuso de substância química e aumento dos comportamentos impulsivos e autodestrutivos.

COMO PODEMOS AJUDAR?

A psicóloga relata que a melhor solução é não julgar uma dor que não é sua. Afinal, nem todos conseguem verbalizar que pensam em suicídio, pois falar sobre morte ainda é um tabu, portanto anunciar a morte seria mais ainda.

“A intervenção é psicoterapêutica e psiquiátrica, quando conseguimos identificar rapidamente a intencionalidade ambivalente e ideação suicida. Para isso precisamos falar mais sobre saúde mental nos contextos sociais. Podemos conscientizar sobre onde buscar ajuda e intervenção adequada como: CVV (Centro de Valorização a Vida), CAPS (Centro de Assistência Psicossocial) e no site do Ministerio da Saúde”, finaliza Fernanda.


                       
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