‘De Mirandópolis lembro do fundador e também da formação da cidade’, recorda Chico Perez

‘De Mirandópolis lembro do fundador e também da formação da cidade’, recorda Chico Perez

Conversamos com Francisco Perez Carmona, nasceu em Penápolis, em 1935, e chegou em Mirandópolis, em 1936. Casou em 1956 e teve 5 filhos, sendo que dois já faleceram. Chico Perez trabalhou por muitos anos na máquina de café e como avaliador no Banco do Brasil. Confira na sequência a entrevista completa.

Como foi sua infância?

Fui coroinha na igreja, mas com oito anos já estava trabalhando. Eu ia para escola cedo e na parte da tarde comecei a trabalhar no armazém de secos e molhados do Amin Chahrur. Depois trabalhei no escritório de contabilidade do Manoel Sanches Garre. Depois disso fui para Valparaíso, porque aqui não tinha onde estudar.

Estudava e trabalha lá?

Fui para lá fazer escola técnica de comércio, fiquei 10 anos em Valparaíso e depois voltei para cá. Em Valparaíso fui chefe de assessor de peças da Ford. Também fiz serviço militar por um ano. Na época tinha feito um curso de cabo, mas naquele tempo era muito rígido e quase engajei no exército, mas depois parti para outras coisas. Quando eu voltei já estava casado, me casei em 1956. Minha esposa faleceu agora, está com um pouco mais de dois anos.

Como foi esse retorno para Mirandópolis?

Comprei a parte do sócio do meu pai, na máquina de café. Então trabalhei muitos anos com isso. Também fui avaliador do Banco do Brasil, fiquei trabalhando lá por 13 anos. Aqui já teve um bom movimento de café, a região era riquíssima em café. Nós tínhamos aqui umas seis máquinas de café. Em 1975 veio aquela geada que queimou e dali pra frente não saiu mais nada. Aqui também teve muita plantação de algodão, aqui era uma produção enorme de algodão.

Quais as lembranças antigas da cidade?

Lembro do primeiro cinema, ali onde foi o prédio da Casa Moreira, lá pelos anos de 44, era coisa simples com banco de madeira. Teve também o cinema do Ferratone, que acabou passando para o Ezoi. Me recordo também da construção do CAM, começamos com um terreno vazio, na época os diretores eram Eu, Florecin Marques Fernandes, Faria do Bradesco, Dirceu da Casa Moreira, Alfredo Mota Franco e Eder Botura. Nós conseguimos montar piscina e um monte de coisa, depois no fim mudou a diretoria e a vida seguiu.

Fiquei sabendo que gostava de aviação?

Uma paixão que eu tive também na minha vida foi a aviação. Fiz curso de aviador, mas depois casei e aviação é um negócio que custa muito dinheiro. Aqui mesmo acabou o campo de aviação, mas lembro que desci várias vezes. Eu voava por esporte. Pousei também muitas vezes na Fazenda Primavera, o campo era do Oswaldo Leite Ribeiro. Eu conhecia o dono da fazenda, ele vinha sempre conversar comigo sobre aviação, depois o filho acabou falecendo também, aí não sei se vendeu ou se arrendou.

Lembra da explosão do trem em 1946?

Se eu falar você não vai acreditar! Posso dizer que assisti a explosão do trem de frente. Estava em casa, naquele tempo era um terreno bem aberto, da janela dava pra ver a estação. Então quando deu o estouro pensei que era uma bomba que algum avião tinha soltado, pois naquela época tinham as guerras. Quando vi o telhado desabou, passamos na cozinha e não tinha forro, cheio de telha no chão. Só depois de algumas horas que nós conseguimos sair para fora e descobrimos que tinha explodido um vagão, mas foi um estrago muito grande, morreu um colega nosso de escola.

Você foi presidente do CMDR?

Sim, fui presidente do conselho do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural. Fui por nove anos presidente, depois não quis mais mexer com isso. Hoje podemos dizer que está abandonado, isso me deixa muito triste.


                       
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