Pais pedem turma de meio período para alunos com indicações médicas

Pais pedem turma de meio período para alunos com indicações médicas

Foto: Vinicius Macedo

Pais de estudantes do 1º ano do Ensino Médio matriculados na escola estadual de tempo integral Dr. Edgar Raimundo da Costa estão solicitando a criação de uma turma no período vespertino na escola Noêmia Dias Perotti. Eles argumentam que, seguindo recomendações médicas, esses jovens deveriam frequentar a escola em apenas um período do dia. Contudo, a Diretoria Regional de Ensino de Andradina tem negado essa possibilidade.

Em entrevista ao jornal AGORA NA REGIÃO, alguns pais revelaram que a Noêmia Dias Perotti oferta turmas do 2º e 3º ano do Ensino Médio em meio período, exceto do 1º ano. No ano passado, segundo os pais, havia turmas em todos os períodos na unidade escolar. Entretanto, a partir deste ano, não foram disponibilizadas turmas para o 1º ano em nenhum turno, apenas integral, resultando na mudança dos alunos para aulas das 7h às 16h, na escola Dr. Edgar.

Um grupo no WhatsApp com cerca de 30 pais foi criado para debater o assunto. Uma docente da escola Noêmia relatou ao jornal que a instituição possui infraestrutura adequada para acomodar estudantes do 1º ano do Ensino Médio no turno vespertino. No entanto, ela expressou perplexidade quanto à hesitação da Diretoria Regional em autorizar essa medida. Uma carta feita pelos pais chegou a ser enviada ao Ministério Público para que providências pudessem ser tomadas.

Familiares dos estudantes informaram que buscaram diálogo diretamente com a Diretoria Regional de Andradina, mas não conseguiram ser atendidos pela diretora regional. Eles também mencionaram que, uma semana antes do começo do ano letivo, em fevereiro, participaram de uma reunião que contou com a presença de representantes do Conselho Tutelar e da Diretoria Regional. Apesar disso, até o momento, não obtiveram qualquer posicionamento oficial sobre a criação de uma nova turma para o 1º ano voltado para esses alunos. 

Tatiane Priscila Nunes da Mata relata que seu filho de 15 anos foi diagnosticado com Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD) e, seguindo as orientações de um neurologista, deveria frequentar a escola apenas em meio período. Contudo, a proposta da direção da escola Dr. Edgar de oferecer uma sala de descanso para o aluno permanecer na instituição por mais tempo não foi aceita por Tatiane. “Quando são 11 horas da manhã, eu vou buscá-lo e tiro ele de lá,” disse ela, apoiando-se no laudo médico que justifica a necessidade da adaptação de horário.

Jucimara Cristina, por sua vez, possui um laudo médico indicando que sua filha sofre de depressão e ansiedade, agravadas por experiências traumáticas vividas no ambiente escolar, como bullying e insultos, que resultaram em medo e trauma de conflitos. A recomendação médica é que a estudante também evite o período integral e permaneça na escola somente por meio período. “Ninguém vai emitir um laudo médico de brincadeira. Não estamos tratando isso como uma brincadeira. Quem consegue gerenciar a ansiedade? Isso leva a vômitos, autolesão e outros comportamentos prejudiciais,” afirmou a mãe, ressaltando a seriedade da situação.

Os pais relataram que receberam informações indicando que, caso os estudantes não participassem do ensino em período integral, poderiam perder o acesso à bolsa de estudos do ensino médio. 

Este incentivo financeiro, oferecido pelo governo federal, tem como objetivo beneficiar estudantes de baixa renda, premiando-os por sua matrícula nos três anos do ensino médio, assiduidade às aulas, participação no Enem e conclusão do curso. Até o momento, não existe uma diretriz que exclua alunos de meio período desse benefício. O programa visa assegurar a conclusão do ensino médio por estudantes oriundos de famílias beneficiárias do Bolsa Família, apoiando seu progresso educacional.

Os pais dos estudantes buscaram a intervenção do vereador Cláudio Morena (PP) para encontrar uma solução para o problema. Morena, que teve experiência na abertura de turmas noturnas e atuou como conselheiro tutelar, expressou preocupação com a violação dos direitos dos alunos. “Devido à minha experiência anterior em facilitar a criação de turmas noturnas e ao meu conhecimento sobre os direitos que estão sendo infringidos, assumi o compromisso nesta causa. É essencial que respeitemos nossos estudantes”, disse o vereador.

Os pais também relataram que a escola Edgar frequentemente enfrenta problemas com a falta de água e que as salas de aula não estão equipadas com ar-condicionado.

O QUE DIZ O ESTADO

A reportagem procurou a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo. Em nota, a pasta respondeu aos questionamentos dizendo que a promoção de uma educação inclusiva e o apoio aos alunos da educação especial são compromissos da Secretaria, que trabalha para o aprimoramento das políticas públicas voltadas a esse público.

“A Escola Estadual Noêmia Dias Perotti, atende alunos do ensino médio que cursam ensino profissionalizante do Novotec na 2ª e 3ª série e do ensino fundamental. A Escola Estadual Dr. Edgar Raimundo da Costa poderá flexibilizar a saída dos alunos nos horários de atendimento médico, terapia e as demais situações que a família apresentar como relevantes para a escola”, confirmou o Estado, por nota. 

Com relação à falta de água, a Secretaria de Educação informou que se tratava de uma questão pontual que afetou todo o município. Já com relação a climatização dos ambientes com ar-condicionado, a Secretaria disse que as escolas da Diretoria de Ensino de Andradina estão em fase de adequação da rede elétrica para instalação de aparelhos de ar-condicionado.


                       
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