O essencial

O essencial

Foto:

Último dia de agosto e o ano avançando. Logo estaremos novamente nos preparando para o Natal… Ao que parece, a maioria das pessoas, talvez à exceção de crianças e jovens, tem a impressão de que o tempo está passando rápido e as coisas já não são como antes… E cada dia mais somos chamados a nos apegar ao que permanece e abandonar ou relativizar o que é fugaz.

As leituras deste fim de semana tratam disto: na primeira, do Livro do Deuteronômio (cap. 4), Moisés admoesta o povo a seguir as leis e decretos que ele mesmo lhe transmitiu, após tê-los recebido de Deus: “guardai os mandamentos do Senhor vosso Deus que vos prescrevo. Vós os guardareis, pois, e os poreis em prática, porque neles está vossa sabedoria e inteligência perante os povos” (vv. 2 e 6). O que vem de Deus é que deve ser seguido em primeiro lugar, não o que é humano.

Tanto é assim que no Evangelho (de São Marcos, cap. 7) Jesus admoesta fariseus e mestres da Lei com suas críticas a alguns discípulos por comerem sem a purificação ritual: “Vós abandonais o mandamento de Deus para seguir a tradição dos homens” (v. 8), diz o Senhor. Além do que havia sido prescrito por Moisés, os judeus seguiam muitas regras recebidas por tradição oral, não reveladas pelo próprio Deus – e o problema não é a transmissão por via oral ou escrita, mas a origem da regra.

A famosa crítica protestante à Igreja, segundo a qual somente a Sagrada Escritura tem valor de revelação, não se sustenta: quando Moisés transmitiu a Lei ao povo, muitos não sabiam ler, da mesma maneira que, à época de Jesus, multidões ouviam os ensinamentos divinos por meio da sua voz, não dos seus escritos, e tudo o que os Apóstolos aprenderam foi pelos ouvidos e os olhos, pois Ele não deixou nenhum texto escrito. Foi Lutero quem formulou essa crítica, que na verdade não passa de uma espécie de tradição humana – ele criou e conferiu peso normativo àquilo que ele mesmo criticava.

Já na segunda leitura, do primeiro capítulo da Carta de São Tiago, ouvimos: “Recebei com humildade a Palavra que em vós foi implantada, e que é capaz de salvar as vossas almas. Todavia, sede praticantes da Palavra e não meros ouvintes, enganando-vos a vós mesmos” (vv. 21-22). Como se diz, até o diabo conhece as Escrituras, aliás melhor do que qualquer ser humano, mas isso não resulta em seguimento e obediência.

A nós então cabe a busca pelo que é perene – a verdade e os conhecimentos mais altos – e o pedido insistente para que Deus nos dê sabedoria para praticá-los em espírito de amor e obediência!


                       
1726513054