Astúcia

Astúcia

Foto: ACI Digital

Logo no primeiro capítulo de sua Carta aos Gálatas, São Paulo Apóstolo ensina com firmeza: “Mas, ainda que alguém – nós ou um anjo baixado do céu – vos anunciasse um evangelho diferente do que vos temos anunciado, que ele seja anátema” (v. 8) – anátema quer dizer excomungado. Ora, nenhum dos anjos dos Céus, que já fizeram sua escolha definitiva, anunciaria qualquer coisa diferente da verdade e da vontade de Deus; só mesmo um demônio é capaz de intentar algo contrário à revelação divina.

Apresentando-se sob uma forma assustadora, o demônio facilmente pode ser rechaçado, mas se aparecer de modo belo e sedutor, a vítima cai mais facilmente. E muita gente cai… O papa São Gregório Magno (540-604), numa de suas homilias, afirma que muitos “chegam à fé, mas bem poucos ao Reino dos Céus. O rebanho da Igreja acolhe tanto os bodes como os cordeiros; mas, segundo o testemunho do Evangelho, quando o Juiz vier, há de separar os bons e os maus”. É o que ensina Jesus no Evangelho de São Mateus (cap. 22, v. 14): “Porque muitos são os chamados, e poucos os escolhidos”.

É terrível encarar isso… Embora o próprio São Gregório afirme que nem devemos presumir da nossa própria salvação, achando que está garantida, e nem perder a esperança na salvação do próximo, mesmo mergulhado em vícios (pois não conhecemos os tesouros a misericórdia divina), é duro saber que muita gente foi e está sendo dobrada pelas artimanhas do maligno, com suas meias-palavras, seus agrados, seu discurso manso… Quantos jovens ingênuos não foram pervertidos por ideologias espúrias? Quantas moças não caíram na lábia de aproveitadores? Quanta gente não se deixou levar pela vantagem e o dinheiro fácil?

Há séculos revolucionários trabalham pela degradação de tudo o que Deus plantou na terra. A revolta e o ódio contra o Criador e contra tudo o que é bom e verdadeiro, marca satânica na mentalidade revolucionária, visam demolir o que foi construído sobre as bases sólidas da revelação divina, do bem e da verdade. Assim, nossa caminhada de fé deve ser regada por meio da oração, vida sacramental, aceitação das adversidades, cumprimento humilde das obrigações e também do estudo e do desenvolvimento da inteligência para nos defendermos com astúcia – vale muito a pena ler e meditar o conhecido capítulo 6 da Carta de São Paulo ao Efésios, sobre a armadura espiritual do cristão!

Que São Benedito, santo de devoção de muitos e celebrado hoje, e os Santos Anjos da Guarda, a quem recorremos durante o Cerco dos Anjos e cuja memória litúrgica foi no último dia 2, nos guardem das ciladas do inimigo e agucem nossa inteligência e vontade para viver em conformidade com os desígnios de Deus!


                       
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