Antes tradicional nas ruas, malha sobrevive com poucos praticantes em Mirandópolis

Antes tradicional nas ruas, malha sobrevive com poucos praticantes em Mirandópolis

Se você é mais jovem talvez nunca escutou falar, mas se for mais velho tenho certeza que conhece a malha, aquele esporte em que se lançam discos de metal em direção a um pino com a intenção de derrubá-lo ou então deixar a malha o mais próximo possível do alvo.

Em Mirandópolis, a prática do esporte é antiga e movimentou muita gente nos anos 80 e 90. Quem incentivava, em forma de brincadeira e interação entre as pessoas, era Gerson Possenti com suas atividades de lazer pelos bairros da cidade.

“Sempre gostei de montar essas brincadeiras para a população se divertir na rua e a malha não podia faltar. Claro que preparava futebol e vôlei, mas os adultos sempre estavam me cobrando para montar a quadra de malha. Lembro que tinha mais de 30 duplas e virava aquela disputa”, recorda Possenti.

Antigamente, um local que sempre tinha o esporte era na frente do bar do Antonio Macaxeira, onde hoje é o Bar do Dodo, assim como no antigo Bar do Coelho, que ficava na rua Santos Dummont. Algumas pessoas não perdiam uma partida: Valdemar Stilingard, Cido Fumaça, João de Barro, Arthur Lazzari, assim como João Verga, Chiquinho Marcondes, Carrilho e Barba.

Segundo Gerson, com o passar dos anos os participantes de malha começaram a diminuir em seus eventos principalmente porque surgiram algumas quadras pela cidade. “Nos anos 80 não tinha onde as pessoas jogarem, então quando realizava os eventos era a oportunidade de muitos praticarem o esporte. Depois montaram uma quadra ao lado do ginásio e com isso eles começaram a praticar por lá”, explica Possenti.

EQUIPE DE MIRANDÓPOLIS

Lauriano Candido Gonçalves, que pratica o esporte há mais de 30 anos, começou a reunir pessoas que gostam de jogar malha para montar uma equipe para defender Mirandópolis em competições oficiais. Os treinamentos aconteciam, antes da pandemia, duas vezes por semana (de quarta e sábado), sendo que 12 atletas fazem parte da equipe da cidade.

“Mirandópolis tem uma equipe regionalmente bem forte de malha e nos últimos anos conquistamos quatro vezes vice-campeonatos dos Jogos Regionais, assim como um título que foi especial porque foi em cima de Fernandópolis, que na época era campeão brasileiro. No Jori (Jogos Regionais do Idoso) fomos vice-campeão várias vezes”, conta Lauriano

Uma preocupação de Lauriano é que o esporte, que é praticado na cidade por sua grande maioria por adultos, não terá continuidade porque os jovens não se interessam pela modalidade. “Um time de base dificilmente vamos ter, é uma pena, porque a gente vê que por aqui os jovens não tem o interesse. Muitas vezes convidamos conhecidos para aprender e participar, mas na verdade acabam não indo”, conclui Lauriano.

CURIOSIDADES

A malha é um jogo de origem antiga. A sua prática em Portugal é relatada em documentos desde que começaram a ferrar os cavalos do exército romano. Para ocupar as horas de lazer nos acampamentos, os soldados tiveram a ideia de aproveitar as ferraduras imprestáveis.

No Brasil, textos históricos indicam que o esporte era praticado na Rua 25 de Março, em São Paulo, desde 1890. Os praticantes eram operários, que, ao sair do trabalho praticavam usando pedras, ferraduras e pedaços de chapas de ferro como peças para o jogo.

O jogo de malhas pode ser praticado de forma individual, duplas, quarteto ou turmas.


                       
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