‘Mirandópolis é a minha raiz’, diz Cezar Douglas
O jornal AGORA NA REGIÃO conversou com Cezar Douglas, conhecido em Mirandópolis também como Xuxa. Atleta de vôlei nos anos 90, atuou contra jogadores mundialmente famosos como Escadinha, Dante, Anderson, Andre Nascimento, Max e Giba. Como treinador iniciou sua carreira em 2005 no Vôlei Futuro, em Araçatuba, depois treinou São Bernardo e Taubaté, hoje está na Itália. Confira abaixo o bate papo que tivemos sobre os desafios enfrentados e sua paixão por Mirandópolis.
AGORA: quais são suas lembranças da infância em Mirandópolis?
Sem dúvida do Elefantão, que hoje é o Ginásio do Esporte. Ali vivi minha infância. Saia da escola, almoçava rápido e já corria para o ginásio ver o pessoal mais velho treinar vôlei (lembrou de nomes como Wagner, Rizzo, Joel, Valdecir e Zé Renato).
AGORA: jogou vôlei em Mirandópolis até qual idade?
Fiz aqui até a categoria infantil, daí quando iria começar o infanto juvenil, em 1989, fui fazer um teste no São Carlos porque um ano antes foi Cleber Soares, Robson Fornazari e Rogério Dalla. Passei no teste e disputei o Campeonato Paulista da categoria. Era um nível bom de competição e com treinamento diário. Fiquei um ano lá e acabei voltando porque o Professor Fumagali estava montando um time em Mirandópolis para jogar os Jogos Regionais. Voltei e fomos campeão dos Regionais em 1990, depois no Jogos Abertos ficamos entre os oito melhores. Foi quando me indicaram para Botucatu, fiz um teste lá (1991) e acabei ficando por três anos.
AGORA: ali era algo mais profissional, podemos dizer?
Sim, pois recebia uma ajuda de custo, estadia e comida. Mas o principal ponto era que jogávamos contra muitos clubes tradicionais, ou seja, o nível de competição era maior e isso me fez crescer profissionalmente. Depois passei por alguns times (Prudente, Guaratinguetá, Piracicaba e Rio Preto) antes de jogar a Superliga pelo Lupo, em Araraquara (1999). Fiquei um ano jogando lá como líbero e individualmente foi muito bom. Daí apareceu uma boa proposta para jogar no São José, em Santa Catarina. Fiquei seis meses e tive um problema de vesícula que os médicos não descobriram na época qual era meu problema. Isso fez com que voltasse pra Mirandópolis, daí fui no médico em Araçatuba que me operou no dia seguinte. Na época o treinador pediu pra voltar, mas decidi ficar por aqui para fazer faculdade de Educação Física em Andradina e trabalhar como treinador de vôlei em Mirandópolis (2001). Acabei ficando seis meses e depois joguei seis meses em Americana. Só que em 2002 surgiu um convite de Araçatuba para jogar lá e continuar fazendo a faculdade.
AGORA: foi a transição de jogador para treinador?
Isso, meu último ano como atleta foi em 2004, sendo que comecei como treinador em 2005. Meu início como treinador foi bom, conseguimos bons resultados e no ano seguinte já começamos a disputar a Superliga. No Vôlei Futuro fiquei até 2013 como técnico. Começamos com um projeto modesto e chegamos a ganhar Campeonato Paulista e disputar uma final de Superliga. Treinei os principais atletas do país, foi muito importante para crescer profissionalmente.
AGORA: chegou a fazer estágios na Seleção Brasileira?
Fiz três anos consecutivos de estudo com o Bernardinho, sendo que no último ano me convidaram para ser assistente técnico por três meses do Rubinho na Seleção Sub-23 em uma competição em Porto Rico. Foi uma experiência muito importante.
AGORA: depois de Araçatuba foi para o Taubaté?
Passei rapidamente pelo São Bernardo por três meses, daí na sequência fui treinar o Taubaté porque o projeto era ambicioso. Fiquei por quatro temporadas e conseguimos ganhar Campeonato Paulista e Copa Brasil. Além de disputar final de Sulamericano e Superliga.
AGORA: hoje você está trabalhando na Itália?
Fui em agosto de 2017 para inicialmente estudar a língua italiana, pegar minha cidadania e fazer um ciclo de estágio. Mas em 2018 surgiu a oportunidade de trabalhar em um clube, não como treinador, mas assumi a função de diretor esportivo no Andria. Agora estou no Santa Croce para um novo projeto.
AGORA: o que significa Mirandópolis na sua vida?
Mirandópolis é a minha raiz e é aqui que recarrego as minhas energias. Acredito que seja a simplicidade de estar com amigos e família. É muito bom ter essa afinidade mesmo passando um bom período do ano longe. De certa forma preciso me esforçar para não me enraizar aqui, pois na minha profissão como treinador não dá para ficar por aqui. Agora estou buscando meu espaço na Itália para depois buscar novas oportunidades pelo mundo, mas sempre lembrando da minha raiz que é Mirandópolis.