Milton Raimundo: uma vida dedicada ao transporte
Conversamos com Milton Raimundo sobre suas jornadas na boleia de um caminhão até chegar a ter 16 ônibus de turismo na Translabor. Com 67 anos, dois filhos e quatro netos, Milton fez de tudo um pouco quando o assunto é transporte. Levou comida para o Ceasa em São Paulo, transportou leite para a Nestlé, foi motorista da Reunidas e depois empresário no ramo. Confira abaixo a entrevista completa.
Como foi sua infância?
Nasci em Lavínia e cresci no sítio junto com seis irmãos, sendo dois homens e quatro mulheres. Morava na região do Tabajara e fiquei até os 18 anos por lá. O pessoal na lavoura começava a trabalhar cedo, com dez anos já estava ajudando meus pais, não tinha como escapar. A escola frequentava no sítio, naquela época tirava até o quarto ano e pronto. Hoje tem transporte que ajuda muito, naquele tempo não tinha e complicava. Trabalhava na Fazenda do Dr. José, tirei carta e viemos para Mirandópolis.
Veio para trabalhar?
Comecei a trabalhar com caminhão, fui fazer serviço para algumas firmas, sendo que o meu primeiro serviço foi a construção da via de acesso de Lavínia, em 1972. Trabalhava com basculante, puxando terra. Dali fui para Fernandópolis, na mesma firma, trabalhei em rodovia. Na sequência voltei para Mirandópolis para trabalhar com transporte de leite e depois ainda fiz transporte de cimento para a barragem. Sem esquecer que trabalhei um tempo na Reunidas, daí em 1980 eu saí e consegui comprar meu primeiro caminhão.
Nessa época já era casado?
Casei com 27 anos e quando comprei o caminhão a Elizandra (filha) era recém-nascida. Fazia bastante viagem para São Paulo e Rio de Janeiro no Ceasa, mas quando não tinha nada certo pegava frete para qualquer canto. O problema que daqui para São Paulo naquela época só tinha pista dupla na Castelo Branco, era complicado viajar.
O caminhão era sua paixão?
Quando saí da Reunidas muitos amigos falavam para não comprar caminhão, mas era algo que gostava muito, foi uma excelente oportunidade. Quando a gente é jovem enfrenta muita coisa.
E a Translabor?
Sempre digo que o início da empresa foi quando começaram a construir o presidio em Mirandópolis, por volta de 1986. Ajeitei um serviço para levar o pessoal até lá, lembro que foi dando certo e cheguei a trabalhar com dez conduções, naquele tempo o transporte era mais em caminhão mesmo, não tinha problema. Daí depois o engenheiro responsável queria que eu transportasse o pessoal da diretoria em ônibus, foi quando comprei meu primeiro ônibus e depois foi dando certo. Depois ainda tentamos o ônibus urbano por Mirandópolis, os mais jovens não devem nem acreditar, mas tínhamos dois ônibus rodando pela cidade. Depois disso começamos a transportar estudante e fazer turismo. Chegamos a ter 16 ônibus de turismo e mais de 25 funcionários. Foram muitos anos de alegria e satisfação, até que vendemos a empresa em 2013.
E a política na sua vida?
A política aconteceu por acaso, nunca tive vocação para ser sincero. Como trabalhava de certa forma com a prefeitura, o pessoal acabou me convidando para ser candidato por ter boas relações. Participei de uma eleição como vereador e uma outra de vice-prefeito. Na época, no entanto, na campanha de vereador nem fiz campanha (foi quando descobriu um problema de saúde) e tive 450 votos, fui muito bem votado, graças a Deus. Acabei não sendo eleito e depois nem me envolvi mais em política, mas tudo serve de experiencia.
É um apaixonado por Mirandópolis?
Vivi a vida inteira por aqui, passei um tempo em Fernandópolis e Assis, mas a minha residência sempre foi Mirandópolis. Sempre me dei bem e amo a cidade. Hoje meus filhos se enraizaram, por isso quero aproveitar para agradecer o povo de Mirandópolis de uma forma geral, sempre deram preferência para a Translabor. Quero também agradecer de coração as pessoas que trabalharam comigo, tendo como um grande exemplo a minha irmã Lena, que desde o primeiro dia da empresa estava lá. A vida foi muito generosa comigo.
Hoje qual é a sua ocupação?
Além de cuidar dos netos, minha ocupação é com pescaria (risos), então sempre que tenho uma folga vou relaxar e brincar na beira do rio.