“O comércio precisa reabrir as portas”, desabafa Aparecida dos Santos, presidente da Acim
Conversamos com Aparecida dos Santos, presidente da Associação Comercial e Industrial de Mirandópolis, para entender seu posicionamento em relação ao decreto que fechou o comércio da cidade com objetivo de prevenir a transmissão do coronavírus. Indo para seu segundo ano na presidência da Acim, Cidinha, como é conhecida, entende que os lojistas precisam trabalhar com medidas preventivas, ou seja, que é hora das lojas voltarem a funcionar. No bate papo ainda ressalta a falta de fiscalização e o drama de alguns comerciantes que estão sem renda. Confira abaixo a entrevista completa.
Como enxerga o atual momento de quarentena em Mirandópolis?
Se todos respeitassem esse isolamento estaria OK, o problema é que nem todos estão respeitando e isso vem causando um estresse na população, principalmente dos comerciantes.
Não estão respeitando o decreto e as recomendações?
Se não for para respeitar, acho que devemos trabalhar. Porque os boletos chegam e nós que vivemos das vendas (ela também é comerciante) não está sendo fácil. Acho que temos que abrir as portas e respeitar as normas. Porque tem muitas pessoas que não vão conseguir viver sem trabalhar. Porque nós do comércio estamos em crise e isso pode gerar uma guerra.
Qual é a situação do comércio em Mirandópolis?
Têm muitas pessoas que foram dispensadas e estão em casa sem ganhar nenhuma renda. Eu mesmo só estou conseguindo pagar os funcionários da minha loja porque recebi ajuda financeira do meu filho. Se não fosse ele, não sei o que seria de mim. Só que infelizmente muita gente não tem esse suporte que eu tenho, imagina como está essa situação.
Você é a favor de abrir o comércio?
O comércio precisa reabrir as portas sim, com medidas preventivas. Trabalhar de luva, máscara, álcool em gel e com limites de pessoas no local. Está todo mundo pensando no aluguel e na renda que não vai ter mais. Encontro comerciantes na rua que choram. Hoje fui em uma amiga que é cabeleireira para conversar e ela chora com medo de demorar para acabar esse isolamento e não ter mais nenhuma renda.
Qual é o seu maior receio nesse momento?
Vai começar a ter roubos, porque as pessoas vão ficar sem nada em casa e vão precisar roubar para ter comida.
Na sua visão está faltando fiscalização?
Na verdade, o povo não respeita. Por exemplo, na Aliança (bairro)que faz parte do nosso munícipio, passo lá e está tudo aberto. O prefeito está tentando fazer a parte dele e respeito muitos as ações tomadas, mas acho que precisa de mais gente para fiscalizar. Por exemplo, tem loja (prefere não citar nome) que vende pouca coisa de alimento e com isso tem o direito de ficar aberto por ser algo essencial. Mas a maioria dos seus produtos não são essenciais, com isso os comerciantes estão revoltados e eu apoio totalmente eles, porque não é justo.
Chegou a falar com o prefeito?
Sim, mas a orientação dele é que a ordem precisa vir do governador para mudar o decreto. Então recomendo fiscalização atuante onde tem salão de cabeleireiro, por exemplo, que está atendendo. Assim como nas Alianças, está tudo aberto e precisa de fiscalização.