‘Nunca imaginei trabalhar com o autismo. Hoje não me vejo fazendo outra coisa’, conta Vanessa Delai, fundadora da Ser Criança
Conversamos com Vanessa Delai Dias Bogaz, fundadora da Ser Criança, entidade com prioridade de fazer diagnóstico e intervenção de crianças que tem transtorno de espectro autista, déficit de atenção, hiperatividade e dislexia. Apaixonada pelo trabalho social, a mirandopolense contou sua trajetória de vida na entrevista abaixo, confira.
Nasceu em Mirandópolis?
Nasci e cresci. Estudei no Hélio Faria e Noêmia, sendo uma infância bem tranquila, onde brincávamos na rua de forma bem saudável. Saí para fazer faculdade na Fundação Paulista de Tecnologia e Educação (FPTE), em Lins. Me formei e fui para Catanduva trabalhar no Hospital São Domingos. Depois voltei para Lins para trabalhar com medida sócio educativa de adolescentes infratores. Depois de alguns anos passei em um concurso em Lavínia, foi quando voltei para cá. Para resumir, depois ainda fui diretora do departamento social na Prefeitura e empreendi em um restaurante, o Luar da Vila.
Qual a sua ligação com a parte social?
Comecei a entender mais essa questão social por causa da Zeze Zanon. É que teve um período que ela trabalhou junto com a Mara (Maria José Lisboa), que era assistente social do município. Como a Zezé é minha prima sempre passava lá para ver o trabalho deles, foi quando comecei a entender a importância, ali já comecei a me interessar pela questão social.
Como surgiu a Ser Criança?
Nunca imaginei trabalhar com crianças que tem autismo e déficit de atenção, mas passei por um problema pessoal e com isso comecei a conviver mais perto com essas questões. Até que um dia vendo alguns trabalhos sociais fui conversar com a Ana Carolina, que é terapeuta ocupacional, foi quando comentei com ela de montar uma entidade com objetivo de traçar diagnostico e intervenção.
Quando que foi isso?
Em 2017, mais ou menos, sendo que depois levou um tempo até montamos a diretoria, daí em 2018 demos o pontapé inicial. Vale explicar que o Ser Criança é uma entidade com prioridade de fazer diagnóstico e intervenção de crianças que tem o transtorno de espectro autista, déficit de atenção, hiperatividade e dislexia. A prioridade no atendimento é a primeira infância, mas não fechamos a porta para ninguém.
Como foi a estruturação do espaço?
Depois de montado a diretoria e o estatuto, achamos importante ter um local. Conseguimos bastante doações, fizemos uma reforma no local porque sabíamos da importância de ter um espaço agradável, já que recebemos crianças. Nosso objetivo é a realização de diagnóstico e intervenções que se fizerem necessárias. Contudo, como não temos em nosso quadro todos os profissionais, encaminhamos para profissionais da rede municipal e particular quando necessário.
Como funciona os atendimentos?
Hoje recebemos muitas crianças que as próprias escolas encaminham até a gente, bem como demandas espontâneas. Como o trabalho está sendo mais reconhecido a procura está aumentando. Temos constantemente cerca de 50 crianças sendo atendidas. Muitas vezes o município não consegue resolver todas essas demandas, por isso é importante o nosso trabalho, para não deixar ninguém desassistido nessa questão.
Vocês recebem auxilio da prefeitura?
Sim, depois de um ano conseguimos passar a receber uma subvenção. Começou com R$ 30 mil anual e hoje recebemos R$ 100 mil por ano. Ainda não é um valor que supri todos os nossos gastos, mas resolve 50% da nossa despesa total. Para fechar a conta fazemos promoções como venda de pastel, cachorro quente, show de prêmios, feiras de doces, entre outras. Assim como recebemos ajuda da população que faz doação mensal.
Como é a estrutura atual?
Hoje temos duas psicólogas e duas psicopedagoga. Eu estou como coordenadora e o atual presidente é o Andre Ricardo Bogaz Sagrado. Sabemos que temos muito no que avançar e que falta profissionais para completar o nosso quadro, mas devagar e com a ajuda da população, tenho certeza que vamos chegar lá. Estamos de portas abertas para quem quiser fazer uma visita. Estamos localizados na rua Dom Pedro I, 1375. O nosso telefone é (18) 3701- 2203, qualquer coisa é só ligar e agendar uma visita para conhecer de perto o nosso trabalho.