‘A Casa do Oleiro salva muitas vidas’, comenta Wilson Tadeu sobre o trabalho realizado na casa de recuperação
Conversamos com Wilson Tadeu, presidente da Casa do Oleiro, que iniciou há dois anos um trabalho de atendimento para internos da antiga instituição Eloin, que por medidas administrativas teve que ser fechada. Aos 56 anos, Wilson passou sua infância e juventude em Araçatuba, depois aos 20 anos foi pastorar no Piauí, sendo que em 1990 chegou em Mirandópolis. Confira abaixo a entrevista completa.
Como foi sua infância?
Nasci em Auriflama, mas fui criado em Araçatuba. Tive uma infância difícil porque perdi meu pai com sete anos, erámos uma família com quatro filhos e eu era o mais velho. Lembro que eram muitas dificuldades, e tudo começou a mudar porque minha mãe chegou a se casar novamente, sendo que meu padrasto em uma situação achou uma bíblia na rua Marechal Deodoro, em Araçatuba. Quando ele chegou em casa, eu tinha por volta de uns 12 anos, foi a primeira vez que tive acesso a uma bíblia. Comecei a ler, sem entender muito, mas me direcionou alguns ensinamentos.
Quando aprofundou na religião?
A minha mãe sempre me incentivou a fazer algo, daí comecei a fazer datilografia no Instituto Bíblico de Evangelização, uma escola teológica. Lá conheci dois professores que me levaram para a igreja Bíblica de Araçatuba, meus primeiros passos foram lá com cerca de 13 anos. Fui muito bem recebido e amparado. Dentro dessa escola tive o desejo de estudar, fiz Senai e comecei a trabalhar na JToquetão como mecânico. O problema é que a escola era tempo integral, então com 17 anos decidi focar na escola teológica, onde terminei com 20 anos.
Foi quando saiu de Araçatuba?
Isso, fui para o Piauí, lá comecei a pastorear uma igreja com 20 anos na cidade de Jerumenha. Fiquei dois anos e meio e fui para Parnaíba, no litoral do Piauí. Também fiquei 2 anos e meio, mas como queria casar e formar família, entendia que precisava de um centro com mais qualidade de vida. Foi quando o pastor de Araçatuba indicou duas igrejas em São Paulo, na capital, e uma aqui em Mirandópolis. Na ocasião imaginei que o interior seria a melhor opção. Cheguei em Mirandópolis no dia 7 de março de 1990. Lembro que a igreja era na rua Nove de Julho, algo bem pequeno, no máximo 20 pessoas.
Hoje a igreja está bem estruturada?
Estamos aqui nesse prédio desde 2009, ainda estamos estruturando, mas é a maior igreja evangélica da cidade, com um importante patrimônio evangélico. Fazemos um trabalho forte com ações sociais, ajudamos muitas famílias com cestas básicas, temos uma parceria com a prefeitura de ajuda mutua de ações sociais. Temos uma visão a longo prazo de formação escolar. Entendemos que a igreja precisa ser relevante em várias áreas, por isso também iniciamos a Casa do Oleiro.
Como surgiu esse projeto?
Iniciou em 2018 com objetivo de atender alguns internos da instituição Eloin que por medidas administrativas teve que ser fechada. Participei de uma reunião e me disponibilizei a começar uma nova instituição.
Quantos internos e quais os trabalhos?
Hoje contamos com 17 internos que tem uma sistemática diária. Levantam por volta das 6h30, daí às 7h tem um culto e na sequencia o café da manhã. Depois eles são divididos para serviços como limpeza e alimentação. Hoje a instituição conta com um diretor social, dois obreiros e dois conselheiros. Fazemos pela igreja a parte de tesouraria e administração. Com a pandemia não conseguimos manter a assistente social, fazemos uso de psicólogos, psiquiatras e médicos por meio do sistema do SUS. Queríamos ter uma equipe técnica de forma interna, que seria uma assistente social e psicólogos, mas por ser uma instituição que não gera recurso fica complicado
Como vocês mantem o projeto?
Sobrevivemos de doações e ofertas de famílias. Assim como não posso esquecer da ajuda que recebemos da igreja católica. Temos um gasto de cerca de R$ 1200 por interno. Estamos trabalhando para estruturar, ainda estamos formalizando nossos canais sociais na internet para que esse trabalho fique ainda mais conhecido na sociedade.
Quais os resultados?
Trabalhamos com um prazo de recuperação de nove meses e temos muitos resultados não só aqui em Mirandópolis, mas pessoas da região que estão libertos. Estamos muitos felizes com essa ajuda ao próximo.