‘Comecei a pintar quando tinha 14 anos, depois nunca mais parei’, comenta Marcelino Soares

‘Comecei a pintar quando tinha 14 anos, depois nunca mais parei’, comenta Marcelino Soares

Conversamos com Marcelino Pedro Soares, que nasceu em 1959 e chegou em Mirandópolis com três anos de idade. Começou a trabalhar com 12 anos no Posto Sadano, depois ficou um tempo na Vidraçaria Paulista, até conhecer a pintura, aos 14 anos. De lá para cá não parou, até mesmo no Japão, onde morou por mais de 10 anos, deixou sua marca registrada. Confira abaixo a entrevista completa.

Nasceu aonde?

Nasci em Pereira Barreto, em 1959, e vim para Mirandópolis com meus pais quando tinha 3 anos e então não saímos mais. Somos em cinco filhos, 4 homens e 1 mulher. O meu pai era padeiro e confeiteiro, ele trabalhou muito na padaria do Joaquim, do Laurindo e bem antes trabalhou pro Ovídio, que tinha a padaria em frente a Casa Moreira.

Começou a trabalhar cedo?

Com 12 anos como frentista do Posto Sadano. Era o Luiz Sadano na época, depois ele sofreu um acidente e depois foi preciso mandar embora os que eram menores de idade. Depois fui ser vidraceiro, trabalhei dois anos na Vidraçaria Paulista e nesse meio tempo eu também era entregador de jornal, do Estadão e da Folha de São Paulo, e entregador de pão. Fiz três serviços, por mais ou menos uns dois anos. Foi quando consegui comprar a minha primeira bicicleta e tenho ela até hoje, vira e mexe eu ando com ela na rua e o pessoal acha engraçado, é a Monareta.

E a pintura na sua vida?

Quando estava na vidraçaria eles começaram a vender tinta também, daí eu via um rapaz escrevendo nas paredes, mas era difícil para escrever porque ele bebia e tremia muito. Um dia parei com a bicicleta, fiquei olhando e perguntei se queria ajuda. Até então eu nem brincava de pintar. O curioso é que ele me ofereceu por exemplo 20 reais para preencher o muro com a palavra “Escritório Orlando Nogueira”, ai o cara riscou as letras e eu fui preenchendo rápido, ele me deu o dinheiro, mas foi um dinheiro bom, porque por mês eu ganhava tipo 40 reais na vidraçaria.  O detalhe é que em duas horas eu ganhei metade desse valor, com isso animei. Aí passou mais alguns dias e ele me chamou para outro serviço, eu saia rapidinho da vidraçaria, preenchia e já voltava, até que eu fui pedir as contas pro Marcondes. Comecei com pintura quando tinha 14 anos, depois nunca mais parei.

E o esporte?

Sempre gostei de judô, comecei a treinar com 24 anos. De repente um amigo meu que trabalhava no Banco do Brasil, o Bertaco, começou a treinar e me chamou para ir junto. Desenvolvi no esporte e consegui progredir bem, fui várias vezes campeão na região, vice-campeão estadual e regional. Tenho a faixa preta de mérito, que é pelo tempo de treino. Depois dei aula, é uma coisa que gosto demais.

Quando foi para o Japão?

Tive três filhos (2 mulheres e 1 homem), quando a primeira começou a faculdade foi ficando mais apertado financeiramente por ser autônomo, então nós (Marcelino e a esposa Beth) decidimos ir pro Japão para estudar os nossos filhos. Fui inicialmente para ficar cinco anos, que era o tempo de pagar a faculdade dos meus filhos, mas as coisas foram ajeitando e ficamos 11 anos, voltei em 2013 ou 2014. O tempo todo eu fiquei em fábrica, mas consegui ajeitar pintura também. Desenhos, letreiros, reformas de apartamentos, fachadas. Como eu já sabia fazer foi mais fácil, fazia esses serviços nas minhas folgas que eram nos sábados, domingos e em alguns feriados.

Marcelino e Beth durante passeio na praia

Quais aprendizados teve por lá?

No Japão é tudo direitinho e eles tem muito respeito com o ser humano. A educação lá já se sabe que é de primeiro mundo, então funciona limpeza, cultura, saúde e segurança. Gostava muito de morar lá e tive uma vida muito boa enquanto estive no Japão. Aprendi a falar japonês, comprei cursos de DVD e assistia todos os dias, eram aulas bem práticas para aprender, então no Japão eu já não me perco e nem passo fome. Depois que formamos nossos filhos aproveitamos para viajar e conhecer alguns lugares. Ao invés da gente vir para o Brasil os filhos iam para lá nas férias da faculdade.

E seu retorno?

A minha volta foi fácil por causa da minha ligação com a cidade, os meus irmãos e parentes moram aqui por perto, então do dia pra noite já acostumei. Graças a Deus quando sai deixei um bom trabalho, então a maioria dos clientes nem se preocupou em saber, já foram pedindo os trabalhos e a adaptação foi rápida. Um outro detalhe importante, a maioria das pessoas acha que fiquei rico, mas do jeito que fui eu voltei. O que eu recebi investi nos meus filhos e do jeito que eu voltei continuei trabalhando. Fui com um objetivo, consegui algumas coisas a mais, mas do resto eu continuo na luta.

E a experiência política?

Estava em casa tranquilo e o Davi me chamou para ser vice dele. Até então nunca tinha passado na minha cabeça me envolver com política, mas ele chamou umas duas vezes, foi quando decidi aceitar o desafio. Ele sempre foi batalhador, por isso resolvi arriscar e foi bom, uma experiência muito boa. Deu para ver como é a mente dos munícipes, foi bom porque vi que tenho bastante amigos que reconhecem que sempre trabalhei e fui honesto, isso ajudou muito. Amo Mirandópolis, por isso decidi aceitar o desafio e mesmo não sendo eleito valeu a pena.


                       
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