‘Construí uma história como comerciante em Mirandópolis que tenho muito orgulho’, lembra Mané do Arco-Íris
Conversamos com José Manoel Ramos, conhecido popularmente como Mané do Arco-Íris por conta do comércio que comandou por muitos anos em Mirandópolis. O comerciante que nasceu em 1955 cresceu no sítio, mas com 18 anos mudou com a família para São Paulo, onde ficou até 1989, quando retornou para Mirandópolis. Confira abaixo a entrevista completa.
Nasceu e cresceu aonde?
Nasci em Mirandópolis, em 1955, mais precisamente no sítio do Benjamin Delai, onde fiquei até os seis anos. Meu pai trabalhava lá e depois mudamos. Ficamos um ano em Clementina e depois retornamos novamente para cá. Meu pai trabalhava com agricultura, com café de colônia. A última fazenda que o meu pai trabalhou foi na Ermelindo Galo.
Começou a trabalhar cedo?
Ainda criança já comecei a ir para a roça, tinha mais ou menos sete anos. Como se diz, não tinha nada para fazer e a enxada estava lá, então a gente tinha que se virar. Tirei o meu diploma da quarta série enquanto morava no sitio, em 1965 no Amandaba. Fazia aquele caminho a pé e voltava para trabalhar no café, dava uns seis quilômetros.
Quando sai de Mirandópolis?
Nós ficamos aqui até 1973, foi quando no começo do ano fomos para São Paulo. Infelizmente perdi a minha mãe quando ela tinha apenas 48 anos por câncer. Nós somos em dez filhos e estão todos vivos, graças a Deus. Meu pai foi trabalhar como servente de pedreiro, mas daí em 1975 ele foi atropelado na Via Anhaguera e veio a óbito. Nós ficamos sozinhos e eu fiquei tomando conta dos irmãos menores, trabalhei de cozinheiro e por último de motorista.
Cozinheiro e motorista?
Trabalhei como motorista com muita gente boa. Já viajei para fora do país como motorista, fui levar uma patroa para Montevidéu, no Uruguai, e fiquei 23 dias lá na capital. Fui e voltei como motorista, naquele tempo era uma Belina LDO (risos). Com essa mulher a gente trabalhava e morava lá no apartamento dela. Eu trabalhava de motorista e a esposa de cozinheira cuidando da casa. Até que a patroa falou que queria ir para o Uruguai e nós fomos de Belina, que naquela época era o carro do ano, era das primeiras que saíram com cinco marchas, estava com 17 mil km, era uma delícia de dirigir. Também conheci o Paraguai e alguns estados do nosso Brasil.
E a volta pro interior?
Em 1989 vim passar as férias em Mirandópolis e aqui na rua Seimi Sadano tinha um salão que nunca tinham colocado comércio, então eu falei com um primo meu, o Sergio Martins, e nós nos tornamos sócios. Abrimos uma mercearia, nessa época meu filho Armando já tinha 6 anos, ele nasceu em 1983. Pagava aluguel aqui e tinha uma casinha em São Paulo, até que eu achei o Bar Arco-Íris à venda e comprei em fevereiro de 1990, lá já tinha esse nome e comprei para continuar tocando. Nós ficamos e estamos lá até hoje. O comércio foi bom, porque na época em que começamos lá eram só esses comércios pequenos, não tinha mercado grande, então era uma maravilha ter a mercearia, Além disso, o bairro estava crescendo e tinha muita plantação de algodão, assim como a usina. Aproveitei também a época da penitenciária, que empregou muita gente, então foi muito bom. Hoje o bar está alugado, resolvi dar oportunidade pro rapaz trabalhar também e eu não queria colocar funcionário, aluguei e vim ajudar o Armando.
Hoje só ajuda o Armando?
Sim, fico aqui na loja (Armando Veículos) para quando precisar buscar ou levar um carro para a oficina, assim como ajudo e tenho alguns carros com ele também, então vamos vivendo a vida e negociando.
Pretende sair de Mirandópolis?
Eu nasci aqui, me criei aqui e adoro Mirandópolis, acho que daqui só saio para o cemitério (risos). Brincadeiras a parte, sei que precisamos de algumas coisas para melhorar, como indústria e emprego, mas é difícil porque está muito longe da capital, mas falta isso. Mas a cidade está prosperando, já vai melhorar com a chegada do mercado e também do posto de combustíveis. Se Deus quiser cada dia vai melhorar mais.