‘Cheguei em Mirandópolis em 1939, aqui fiz grandes amizades e criei meus filhos’, lembra Alice Junqueira

‘Cheguei em Mirandópolis em 1939, aqui fiz grandes amizades e criei meus filhos’, lembra Alice Junqueira

Conversamos com Herminia dos Santos Junqueira, que nasceu no dia 16 de junho de 1922. Alice, como é popularmente conhecida, completou recentemente 100 anos em uma comemoração reunindo grande parte dos 6 filhos, 14 netos e 17 bisnetos. Chegou em Mirandópolis em 1939, cidade onde fez grandes amizades e criou seus filhos. Confira na sequência a entrevista completa.

Porque te chamam de Alice?

Quando eu nasci, já tinha um irmão que era adulto e ele (Candido) ficou responsável de ir ao cartório para me registrar. Como meu pai já estava com uma certa idade, delegava umas funções para os filhos. O meu irmão que ia ao cartório queria colocar meu nome de Alice, mas meu pai falou para colocar Herminia. Claro que meu irmão aceitou e me registrou como Herminia, mas sempre me chamou de Alice, tanto ele como meus outros irmãos. Inclusive muita gente não sabe que me chamo Herminia (risos).

Como foi sua infância?

Eu nasci em uma fazenda em que meu pai morava, ele trabalhou nesse local durante 25 anos, em Promissão. Nós éramos em 13 irmãos, 3 homens e 10 mulheres e um casal que faleceu. Minha mãe teve 15 filhos. Meu pai saiu dessa fazenda quanto eu tinha uns 13 anos, daí foi quando mudamos para a cidade. Estudar só foram dois anos, é que como meu pai tocava roça, então íamos para o engenho ajudar, desde pequenos. Ficamos em Promissão até quando eu tinha 17 anos, foi quando cheguei em Mirandópolis, isso em 1939.

Alice tem 6 filhos, 14 netos e 17 bisnetos, quase todos presentes em sua festa de 100 anos realizada no dia 16 de junho

Quais as lembranças antigas daqui?

Tinha poucas casas, digo que Mirandópolis não era nada. Mas mudamos porque moravam aqui duas irmãs e meu marido tinha um primo. Mas lembro que na cidade mesmo não tinha quase nada. Casei em 1944 com Norinho Junqueira, foi quando fui morar na região da paulista, em um sitio também. Ficamos quase dois anos lá, mas era difícil porque tinha muito bicho. Era uma casa geminada de barro, as cobras entravam e subiam na parede até o telhado. Meu marido que matava. No dia que ele matou 13 cobras em casa eu falei que não moraria mais lá (risos). Depois fomos para Avanhandava, também em uma fazenda e na sequência Andradina. Depois de muito trabalho conseguimos comprar um sítio na Aliança, ficamos alguns anos por lá até que voltamos para Mirandópolis e nunca mais saí.

Você vendia manteiga?

A gente sempre mexeu com leite. Eu e meu marido tirávamos o leite, uma parte desnatava, eu batia manteiga, vendia para o pessoal e ele vendia o leite. A gente ia juntando a manteiga num latão, meus filhos venderam muita manteiga nas casas.

Qual a receita para essa saúde?

Graças a Deus estou muito bem, tenho algumas dificuldades, mas coisa natural pela idade. Mas acredito que o segredo foi ter trabalhado muito, sempre fui muito ativa. E claro, sempre me alimentei bem e nunca fumei e nem bebi. Já tive dengue e recentemente superei a covid, fora que tive pneumonia, mas agora estou bem. Na semana passada praticamente conseguimos reunir toda família, foi uma festa muito linda, fiquei muito feliz de comemorar 100 anos com toda minha família.

E qual seu sentimento por Mirandópolis?

Posso dizer que acompanhei toda evolução da cidade, pois cheguei aqui em 1939, ou seja, 83 anos atrás, somente cinco anos depois da sua fundação. Melhorou muito, depois do tempo que eu mudei para cá. Gosto muito daqui, pois fiz grandes amizades e foi onde posso dizer que criei meus filhos.

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