Hamilton Rufo: uma vida dedicada à construção civil em Mirandópolis
Trabalhar no ramo da construção civil por mais de quatro décadas não é para qualquer um. Aos 76 anos de idade, Hamilton Rufo decidiu que chegou o momento de encostar as ferramentas. Foram muitos anos dedicados à construção de centenas de imóveis pela cidade e região. Ao todo, mais de 600 edificações. O desânimo que logo no começo da carreira tomara conta, fazendo inclusive com que se mudasse ao Maranhão, não foi suficiente para acabar com o sonho de seguir no ramo. Voltou à cidade e alavancou sua empresa, que já chegou a contar com 30 funcionários. Nas obras, construiu prédios de expressão como o do Rotary Club, da Loja Fraternidade Labor, do Velório Municipal, da Caixa Econômica Federal e da Apae. Pelo lado social é um dos apoiadores da causa animal. E na política, se lançou a candidato ao Executivo e Legislativo em busca de tirar do papel o tão sonhado Distrito Industrial. Em seu currículo tem ainda o curioso trabalho na busca de um transmissor de sinal de TV para população de Mirandópolis. Confira.
Como ocorreu sua relação com a cidade?
Nasci em Guaraçaí. Vim para Mirandópolis em 1960 trabalhando na área rural até os 19 anos e depois me mudei para a cidade. Trabalhava como servente de pedreiro. Comecei a fazer um curso de radiotécnico. Me formei e passei a trabalhar em uma oficina de conserto de eletrodoméstico. Depois de alguns meses eu comprei essa oficina. Fiquei com ela de 1967 a 1986, chamava ‘A Eletrônica’. Em 1978, montei uma loja de material de construção em paralelo com essa oficina. Fui percebendo que além de vender o importante também era construir. E resolvi montar uma construtora, a Construar. Daí fui abandonando aos poucos o ramo de eletrodoméstico e fiquei só com o da construção civil.
É onde está até hoje?
Mas pretendo não seguir mais. Terminei mais seis apartamentos e agora acho que vou descansar um pouco. Na cidade, talvez esses tenham sido os últimos trabalhos. Pretendo investir agora nas cidades onde meus filhos estão morando. Um dos meus filhos tem intenção em fazer investimento imobiliário. Vou me dedicar um período para ajudá-lo. Vou ser um palpiteiro (risos). Ainda tem muito espaço para quem quer trabalhar. Eu fui uma das pessoas diferente das demais. Eu tinha um sistema de entregar a casa toda pronta, com material e mão de obra. Fiz mais de 600 casas com esse sistema em Mirandópolis, Lavínia, Guaraçaí e o bairro Formosa.
Como foram seus trabalhos sociais?
Fui presidente da Associação Comercial por três períodos, entre 1988 e 1991, e depois entre 2000 e 2002. Fiz parte do Rotary Club, inclusive a sede foi construída por mim. Faço parte da Maçonaria Fraternidade Labor e que também foi construída pela minha empresa. Também fui convidado para a Loja Maçônica de Lavínia. Sobre a causa animal, eu penso que os animais não pedem para nascer. Eu sou favorável que cada pessoa seja responsável por cuidar do seu. Mas sabemos que não é possível, por isso precisamos que alguém olhe para isso. Eu ajudo de forma indireta. Compramos uma chácara para abrigar esses animais abandonados. São cerca de 40 animais. Ajudo na compra de material, fazendo campanhas… Outro feito bom para a cidade foi a minha ida a São Paulo enquanto presidente da Associação Comercial para pedir asfalto no trecho entre Mirandópolis e o Amandaba, juntamente com uma comissão de japoneses. Fomos fazer o pedido ao então secretário de transportes do governo Orestes Quércia. Graças a Deus saiu o asfalto. O velório municipal foi outro trabalho importante. Minha empresa fez toda aquela fundação de forma gratuita. Em 2002, também ajudei na organização do Clube Atlético de Mirandópolis, que não andava muito bem das contas. Trocamos a diretoria e eu ajudei de forma voluntária.
Qual sua avaliação na política?
Já tive um projeto voltado ao Distrito Industrial juntamente com outros parceiros. Seriam empresas que poderiam ter sido instaladas naquele espaço. Eram fábricas do ramo de artefato de concreto, tecido, calçado e de extrusão de alumínio. Desde 2002 venho com essa ideia. Pensando em colocar em prática essa proposta de desenvolvimento, eu me lancei a vice-prefeito. Primeiro com o médico Dr. Vagner e depois com o Dr. Sunada. Meu projeto não era ambição financeira, era buscar o desenvolvimento da cidade, mas a população não entendeu. Havia até o desenho da cozinha-piloto para 200 funcionários. Com as cotas que poderiam ter sido vendidas, daria para arrecadar quase R$ 10 milhões. E mesmo não ter vencido as eleições, eu coloquei o projeto à disposição de todos os prefeitos que passaram. Embora não tenha sido colocado em prática, ainda tem espaço para se tornar realidade. Tentei mais uma vez nesta última eleição para vereador, porém não me elegi. Eu só me candidato agora se for uma coisa muito certa. Não precisaria ser político para fazer isso. Mas queria que alguém da política tivesse essa mentalidade.
O sr. ajudou a trazer sinal de TV para cá?
Até 1967 a nossa região não tinha televisão. Quando começou vinha um sinal muito precário de Araçatuba. Foram feitas algumas comissões aqui da cidade para irmos atrás da contratação do primeiro transmissor de sinal de televisão. Foram feitas rifas e doações para a compra. Fui a Bauru busca-lo, em 1969. Instalamos no bairro Amandaba. Passávamos a ter um sinal melhor com a TV TUPI. Por entender do ramo e com a cidade de Ilha Solteira em expansão, eu tinha amizade com um engenheiro. A CESP colocou a torre por conta deles também no Amandaba e nos ajudou a trazer a TV Record. Depois veio a TV Bandeirantes. Tudo de forma precária. Em 1977, através do trabalho do Rotary, conseguimos a autorização de cinco canais de forma oficial, o chamado sistema de homologação de canais. Foi trabalhoso, mas muito gratificante.