Perdoai-nos as nossas ofensas

Perdoai-nos as nossas ofensas

Foto: Freepik

Quanto das nossas orações é dedicado a atos de contrição e pedidos de perdão? Sem dúvida alguma precisamos suplicar a Deus seus favores, sua providência, seus milagres, sua ação amorosa e curativa em nós, sem a qual nada nem ninguém se sustenta; mas pecadores que somos, devemos clamar também sua misericórdia a apagar nossas faltas.

Em latim, esse trecho do Pai-Nosso diz “débita nostra”, ou seja, nossas dívidas. Alguém pode objetar afirmando ser um termo de teor financista ou contábil, mas o fato primordial é este: já somos endividados, pois Deus nos criou do nada e com o máximo de amor possível nos colocou num mundo repleto de maravilhas, tão diverso e rico que mal conseguimos conhecer; para nos realizarmos integralmente, Ele nos cumulou de faculdades humanas e dons morais e espirituais; e como se não bastasse, para a nossa salvação, ofereceu sua própria vida e seu próprio sangue, inocentes, imaculados, sacrossantos e adoráveis.

São João Maria Vianney (1786-1859), patrono dos párocos e modelo para todos os sacerdotes, homem de muita penitência, dizia que poucos haviam feito tanta penitência quanto São Jerônimo (aproximadamente 347-420), que batia no peito com uma pedra até sangrar pela boca – como se não bastassem outras severas severidades relatadas por ele próprio, como permanecer sob o calor escaldante do deserto em meio a feras e escorpiões, e jejuar durante semanas, tudo para expiar os pecados e vencer as más inclinações.

Alguns julgam ser exagero, mas acontece que o aprofundamento no conhecimento de Deus e de seu amor leva os santos ao conhecimento de si mesmos e ao ódio dos pecados. O restante das pessoas, cristãos ou não (a não ser psicopatas), por consciência também sabe que deve agir bem e evitar o mal, que o certo deve ser buscado e o erro combatido e superado.

Quanto a nós, cristãos, santos ou não, sabemos pela Revelação divina, cujo depósito é custodiado pela Igreja, que Deus é sumamente bom, sem mancha, defeito ou culpa, perfeitíssimo e repleto de misericórdia; assim, nossos pecados são sempre uma ofensa a Ele – que só quer o nosso bem – e nos põem em situação de devedores. Por isso é que devemos suplicar, com humildade e perseverança: perdoai-nos, ó Pai!


                       
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