‘Não imaginava que iria tomar essa proporção’, confessa Claudio Maneja, da Vitória Régia, ao vivenciar o crescimento do negócio
Foto: Allan Mendonça
Conversamos com Claudio Maneja, de 65 anos, casado há 46 anos com Maria Inês. O casal tem dois filhos, Gustavo e Junior, e dois netos, Marjorie e Mauricio. Aos dez anos, Claudio começou a trabalhar em uma padaria ao lado de seu irmão José. Após anos dedicados ao trabalho em uma padaria na cidade grande, as longas jornadas e o constante medo afetaram sua qualidade de vida. Decidindo mudar para Mirandópolis, o negócio prosperou. Hoje, com 25 funcionários, a padaria Vitória Régia produz em média 3 mil pães por dia. A seguir, apresentamos a entrevista completa com Claudio.
Como foi sua infância?
Nasci na região da Vila Mariana em São Paulo e cresci na cidade grande com meus cinco irmãos. Minha infância foi comum, trabalhando desde cedo para auxiliar em casa. Iniciei na padaria aos dez anos, como ajudante de padeiro, ao lado de meu irmão José, que na época era um padeiro empregado, por volta de 1970.
Como surgiu seu interesse pela produção de pães?
Meu irmão mais velho me incentivou a trabalhar desde cedo, devido às necessidades familiares da época. Com a doença de meu pai, todos precisavam buscar o sustento diário. Com o tempo, permaneci em São Paulo, atuando no ramo de padaria por 50 anos. Era o que sabíamos fazer e não tínhamos muitas opções, especialmente por falta de estudo.
Quando decidiram abrir o próprio negócio?
Meu irmão mais velho, que era funcionário de padaria junto conosco, reuniu a família e propôs que era hora de termos nosso próprio negócio. Com a venda de um terreno dele e a negociação de uma casa por parte de meu pai, adquirimos nossa primeira padaria, um empreendimento modesto no bairro Ibirapuera. Trabalhávamos praticamente 24 horas por dia, dormindo muito pouco. Além de assar pães, também fazíamos as entregas. Posteriormente, adquirimos uma segunda padaria na Vila Gumercindo, visto que a primeira já não comportava o sustento da família toda. Crescemos progressivamente e, devido ao grande número de irmãos, compramos mais unidades para distribuir as responsabilidades. Na foto que vê agora no balcão aqui em Mirandópolis, é uma das primeiras padaria que tivemos. Antes de nos mudarmos para Mirandópolis, conseguimos adquirir cinco padarias simultaneamente, até possuir um total entre 15 e 20, devido às compras e vendas que fazíamos, todas localizadas em São Paulo.
Quando e por que decidiram mudar-se para o interior?
Em 2008, tomamos a decisão de vir para Mirandópolis e inauguramos a padaria em 2009. A mudança foi motivada pelos frequentes assaltos que sofremos na cidade grande, quase semanalmente. A situação nos entristecia profundamente e minha esposa constantemente dizia: “vamos embora, vamos embora”. Surgiu então a oportunidade de comprar uma padaria já existente em Mirandópolis, mas após descartarmos essa opção, decidimos abrir a nossa. A tranquilidade da cidade nos atraiu e incentivamos nossos filhos a se juntarem a nós. Gustavo trabalhava com instalação elétrica automotiva e o Junior com audiovisual. Inicialmente, planejávamos ter um negócio pequeno, dividindo as responsabilidades – eu cuidaria da produção e minha esposa das vendas. Nem imaginávamos o quanto o negócio cresceria. No primeiro dia, nenhum cliente apareceu, o que me deixou preocupado e comentei com meu sogro: “onde foi que me meti?”. No entanto, seis meses depois, o negócio decolou e chegamos a vender até 4 mil pães por dia. Não sabíamos que ia tomar essa proporção, de hoje ter 25 funcionários. O que me deixa muito feliz foi ter conseguido gerar empregos na cidade. Foi difícil, mas estamos aqui firmes e fortes, obrigado Mirandópolis (emocionado).
Quem escolheu o nome?
O nome Vitória Régia foi uma escolha da minha esposa, Maria Inês. Ela se inspirou em uma padaria em Santo André que leva o mesmo nome e sempre admirou. Foi uma decisão exclusiva dela, sem questionamentos por parte de ninguém. Como diz o ditado, “mulher manda, obedece quem tem juízo”. Vale ressaltar que a padaria Vitória Régia está localizada na rua João Ferratone, nº 1918, no Centro.
Qual é o sentimento ao ver o negócio prosperar em Mirandópolis?
Ver o negócio prosperar, gerando empregos e crescendo para ter hoje 25 funcionários, é incrivelmente gratificante. Estou emocionado e agradecido pela acolhida da cidade. O fato de termos alcançado um patamar onde contribuímos para a economia local, gerando oportunidades de emprego, me deixa extremamente feliz. Mirandópolis nos proporcionou a qualidade de vida que tanto desejávamos. Estou contente por termos feito essa mudança e só lamento não tê-la feito antes, pois certamente minha saúde estaria melhor. Antes, devido ao ritmo de trabalho intenso, nunca passava o Natal com minha família, mas agora posso desfrutar de um tempo mais tranquilo e equilibrado. Para os próximos anos, planejo passar o comando do negócio para meus filhos e focar em desfrutar a vida ao lado da minha esposa.