Professor Zanin, um mestre apaixonado pela educação

Professor Zanin, um mestre apaixonado pela educação

Conversamos com Jose Otavio Zanin, mais conhecido como Professor Zanin. Natural de Uchoa, nasceu em 1939 e cresceu em uma casa com outros cinco irmãos. Aos sete anos chegou em Mirandópolis, onde já começou a trabalhar em uma sacaria de algodão, depois aos 15 anos mudou-se para Araçatuba em busca de alcançar novos objetivos. Ficou alguns anos trabalhando e estudando, mas o destino trouxe de volta para Mirandópolis, onde com 20 anos começou a dar aula. Inquieto e sempre querendo evoluir, fez Ciência Naturais, Biologia, Pedagogia e Direito. Casou-se com Geni Aparecida Marcos, com quem teve quatro filhos, e foi vereador por três mandatos. Confira abaixo a entrevista completa.

Onde o senhor nasceu?
Nasci em Uchoa, uma cidade pequena perto de São José do Rio Preto. Quando tinha sete anos meu pai mudou para Mirandópolis para trabalhar na usina de algodão. Quando chegamos ele já me colocou para ajudar a limpar a sacaria, naquele tempo não tinha moleza porque era de uma família bem simples. Com oito anos comecei a estudar no grupo e com isso trabalhava dentro do escritório como office boy.

Com uns dez anos sentia vontade de ser médico, mas desde pequeno meu pai deixou claro que não tínhamos condições financeiras. Isso me deixou inquieto, daí com 15 anos consegui um emprego em Araçatuba para trabalhar de dia e estudar a noite. Fiquei uns anos e depois prestei um concurso para trabalhar no Banco da Lavoura. Entrei e ali melhorei um pouco de vida. Nessa época consegui juntar um dinheiro e combinei com alguns amigos de ir para Ribeirão Preto fazer medicina.

Meu pai até me apoiava, pois ele sempre falou para estudar para não levar a vida difícil que ele levava. Mas eu sabia que meu pai estava em uma condição difícil por aqui, tinha meus outros cinco irmãos, com isso não achava justo ir para lá e não ajudar ele por aqui. Pensei, vou dar uma força e depois vejo se consigo fazer medicina.

Daí voltou para Mirandópolis?
Isso, voltei com 20 anos, fiz um curso nas férias e comecei a dar aula no normal municipal, que foi uma das grandes experiencias da minha vida. No outro ano, quando completei 21 anos, comecei a dar aula no Estado.  Depois fiz curso de Ciência Naturais, em Dracena, na sequencia continuei estudando por mais dois anos para fazer Biologia. Além disso, fiz Pedagogia e por último Direito, formei em 1965.

Como era ser professor?
Fiquei 32 anos em sala de aula e me realizei completamente. Fui muito feliz, não tem preço as pessoas te encontrar na rua e lembrar da época de escola.

E como surgiu a política na sua vida?
Por muitos anos fui reticente em entrar na política, até recebia convites, mas preferia apoiar um candidato, que por sinal sempre ganhava a eleição. Só que teve um ano que entrei como vereador porque achava que conseguiria contribuir e consegui ganhar como o mais votado, isso em 1982. Fiquei no total por três mandatos e cheguei até ser presidente da câmara.

Não ganhávamos nada e trabalhávamos bastante, outros tempos, só que minha passagem foi bem complicada, pois foi na época da cassação da Maria Helena, tudo muito conturbado. Lembro que consegui fazer bons contatos em São Paulo, foi importante porque fiz amigos e também consegui desenvolver um bom trabalho.  

Agilizei aquelas casas do Agostinho Franco e por incrível que pareça nem me convidaram pro lançamento. Consegui fazer o primeiro posto médico no Amandaba e na Aliança e construí uma escola no 42. Quando terminei o terceiro mandato a cidade inteira pedia para sair como prefeito, mas o Dr. Jorge Maluly indicou o Jorginho, seu filho, com isso perdi espaço. Daí desanimei e não quis mais saber de política.

O que Mirandópolis representa na sua vida?
Tudo, foi aqui que consegui fazer boas amizades, criar uma linda família e me tornar um profissional respeitado, independentemente do setor que trabalhei. Sou feliz porque consegui ajudar de alguma maneira a cidade.

Além disso, quero deixar um recado sobre a importância da amizade. Procuro sempre visitar meus amigos, principalmente os que estão doentes, porque sei que nesses momentos muitos somem.

Quero dizer também que sou muito grato a minha esposa Geni Aparecida Marcos Zanin, que é uma verdadeira parceira. Além disso, tenho muita gratidão pela Dona Maria Bruzadin, que considero como uma segunda mãe que tive. A gente era pobre e ela me levava para sua casa para poder estudar e jantar. Na verdade, levava mais gente, pessoas que depois se formaram no ITA, viraram dentista e alguns médicos. Ela não media esforços para ajudar, tenho muito respeito e carinho por ela.


                       
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