Dr. Antonio Duenhas Monreal, decano do Direito mirandopolense
Conversamos com o Dr. Antonio Duenhas Monreal, natural de Promissão – nasceu no dia 16 de maio de 1931, estudou em Lins e depois foi fazer faculdade de Direito em São Paulo, na PUC (Pontifícia Universidade Católica). Depois de formado, em 1958, veio para Mirandópolis de trem noturno. Casou com Terezinha Monreal, com quem teve 3 filhos, hoje já tem duas bisnetas, e construiu uma história de respeito na política, parte social e profissional. Confira a entrevista com o Dr. Antonio:
Como foi sua juventude até chegar em Mirandópolis?
Fiz o primário em Promissão, o secundário em Lins (Ginásio e Cientifico) e depois faculdade de Direito na PUC, em São Paulo. Colei grau em março de 1958, em abril vim para Mirandópolis porque tinha alguns conhecidos da Casa Moreira e Banco Bandeirantes. Desci no trem as 10 horas da manhã, peguei o carro de praça (táxi) do Cesário Bomtempo e fui para um hotel que ficava em frente onde é hoje o Multi Shop. Faz mais de 60 anos que sou mirandopolense, inclusive com um título de cidadão honorário.
Quais são as lembranças desse tempo?
Fui um tempo de muito trabalho e perseverança. Fui vereador, secretário da câmara, presidente da câmara, vice-prefeito e prefeito. Penso que em muitos lugares da cidade têm um dedo meu. Fui presidente por dois anos da Casa da Criança, lembro que para construir fomos comprar madeira no norte do Paraná e as telhas em Avanhandava. Sou sócio fundador da Apae. São boas lembranças porque consegui ajudar de alguma maneira essa cidade.
Foi o primeiro advogado de Mirandópolis?
Sim, quando cheguei aqui tinha um pessoal estudando, mas para trabalhar só tinha eu mesmo. Lembro que nessa época a minha expectativa era transformar Mirandópolis em um centro regional administrativo, pois a cidade fica entre Andradina e Araçatuba. Queria tornar aqui uma regional da Fazenda e da Saúde.
E a política na sua vida?
Nunca recebi um centavo como vereador, vice-prefeito ou prefeito, foi tudo doado para Casa da Criança. Não queria entrar na política, mas foi um pedido de um amigo. O homem público precisa ter uma visão maior para sociedade, uma globalização. Naquele tempo quando cheguei aqui os títulos eram honoríficos e os vereadores eram de uma mentalidade muito pequena, só assunto pessoal e nada proveitoso.
Teve algum problema que desabonou?
Já naquela época lembro do Luiz Oscar Ribeiro. Ele me denunciou falando que tinha feito um discurso na câmara incitando as forças armadas contra o povo. Tudo mentira, tinha falado que no Japão, quando fez o acordo com a Segunda Guerra, era um povo pacifico e que os políticos tinham valor. Elogiei o Japão, o que era verdade. Mas ele fez uma denúncia e era coisa séria com a ditadura na época. Foi instaurado um inquérito policial, fui em Bauru dar um depoimento. Depois arquivaram o inquérito e processei o Luiz Oscar, que foi condenado por dois anos.
Falando em Japão, o senhor estava na comitiva nos anos 70?
Estive presente na comitiva que marcou a história da irmandade entre Takaoka e Mirandópolis, lá em 1974, quando um grupo foi convidado pelo presidente da empresa Hokuriku Aluminium , Sr. Saburo Arai, para visitar as instalações da indústria no Japão. A parceria resultou na implantação da empresa Alumínios Nitinam que prestou serviços por longos anos no trevo de acesso à rodovia Marechal Rondon (SP-300) e mantém até hoje a Escola de Língua japonesa Takaoka oferecendo aprendizado às crianças, jovens e adultos.
Sempre gostou da parte social?
Cheguei aqui em abril, daí em junho um pessoal resolveu montar o CAM – Clube Atlético Mirandópolis. Escolheram 100 sócios, eu era o número 11 na carteirinha. Nesse ano de 1958 sediamos os Jogos Noroestino. Além disso, o Rotary em 1959 tinha dois sócios, o Alfredo Mota Franco e o Arnaldo, do Cartório. Não tinha muita atuação, daí em fevereiro de 1959 veio um pessoal de Guararapes, Araçatuba e Valparaiso para refundar o Rotary, daí fiquei sócio e presidente na mesma noite. Depois de um ano já tínhamos nove sócios e com isso foi crescendo. Estou a mais de 60 anos lá.
Tem alguma ideia que gostaria de dividir com os leitores do jornal?
A minha ideia sempre foi construir um centro político administrativo que abrangesse todos os departamentos em um só local. Indiquei o terreno da Espora de Prata (Recinto Antonio Hidalgo), cujo contrato vence em 2022, e eles até se prontificaram a antecipar a devolução para prefeitura. Não importa quem começa a mudança, o importante é finalizar. Já perdemos a oportunidade de construir o Fórum ali, agora estamos tendo uma segunda oportunidade para reunir poder executivo, legislativo e judiciário há poucos metros. Todo arcabouço do município ficaria ali. O que está ocorrendo hoje é um absurdo, o contribuinte que está sendo prejudicado. Onde está a prefeitura, junto com a rodoviária, nunca foi um local adequado. Faríamos um concurso entre engenheiros e arquitetos, que tem muitos mirandopolenses espalhados pelo Brasil, e a maquete seria uma honraria para o autor do projeto. Tenho lutado por essa ideia.
Qual a sua ligação por Mirandópolis?
Uma grande afeição, me fiz aqui e quero ser enterrado nessa cidade. Tenho uma grande estima pela cidade e pessoas, naquele tempo a gente se conhecia pelas Famílias, como militei na política eu conhecia praticamente todo mundo. Eu amo essa cidade