‘Quando comecei a dar aula já sabia que trabalhar na educação seria por toda minha vida’, conta Wanda Ermini
Conversamos com Wanda de Sylos Ermini, nascida em Mirandópolis, no ano de 1945. Sua primeira experiência como professora foi em 1964, depois foi coordenadora e diretora. No início da pandemia parou de trabalhar, com isso passou a “enxergar” coisas que na correria do dia a dia não observava. Casada com Dorival, tiveram três filhos – Isabel, Denis e Daniela. Confira na sequência a entrevista completa.
Como foi sua infância?
Nasci em Mirandópolis, em 1945, minha mãe era costureira e o meu pai trabalhava no hospital geral. Tive um irmão, o Valney, só que quando meus avós morreram, aí os dois irmãos da minha mãe vieram morar com a gente, então eles criaram quatro filhos. Os meus pais sempre priorizaram os estudos, eu fiz magistério, mas na verdade eu não queria, pois queria cursar a faculdade de letras, porque eu queria dar aulas de língua portuguesa e inglês que era o meu forte. Admirava alguns professores, a Dona Celina, que era uma professora de inglês maravilhosa que inspirava a gente, e também a Dona Mayumi, que me incentivava muito ao ver que eu me interessava. Acabei fazendo o magistério e nisso saiu a criação do científico e do clássico aqui no Cene, então eu fazia o magistério a tarde e o clássico a noite.
Quando começa a dar aula?
Terminei o magistério em 1963, parei o clássico e fui para a sala de aula trabalhar como professora em 1964. Morava em uma fazenda e adorava dar aula para as crianças, ali eu vi que eu gostava, pois não via o tempo passar. Comecei na zona rural, depois eu me efetivei e fiquei por sete anos na fazenda dos Baleroni. Depois passei no concurso no Sesi e também efetivei no estado. Nesse período fui fazer faculdade em Andradina, de administração escolar, nisso já estava casada e com uma criança pequena, em 1972. Não tinha licença gestante para estudante, então com 20 dias voltei para a faculdade e o meu marido (Dorival) ficava com a nossa filha, tinha que se virar. Fiquei no Sesi por 13 anos, aí me convidaram para ser coordenadora em Valparaíso e assistente no Amandaba. Nesse período eu já estava com dois filhos, assim foi, mas eu não fiquei muito tempo, porque aí eu me efetivei como assistente de diretora, aí eu tive que sair do Amandaba e ir para o Hélio Faria, onde eu também fiquei por mais 13 anos.
Depois foi para a escola 14 de Agosto?
Me aposentei no Hélio Faria, nisso me convidaram para ir trabalhar na 14 de Agosto, que depois teve toda uma formação da escola Objetivo, em Mirandópolis. Lá fiquei por 29 anos, foi aonde mais trabalhei. Ali foi onde passei a gostar de trabalhar com adulto, porque se você trata ele com respeito e paciência você tem parceiro. Fiquei até 2020, aí em março, no dia 29, eu fui chamada na escola porque veio a pandemia, e por causa da idade, fui afastada.
Qual sua ligação com Mirandópolis?
Eu amo Mirandópolis. Há uns 10 anos nós compramos uma casa em Campo Verde-MT, onde a minha filha Dani mora. Fiquei lá quando ela teve a segunda menina, por um tempo, mas é diferente porque aqui a gente tem raízes e essa cidade é maravilhosa e as pessoas também, aqui você encontra tanta gente boa, que tem hora que você pensa como sair de uma cidade dessas.
O que lembra da juventude?
Quando mocinha o que eu gostava mesmo era do cinema, nossa, que delícia! Aquele jardim também e tinha o FUT, que a gente ficava andando por ali, o cinema e os amigos. Foi uma infância e juventude muito proveitosa em Mirandópolis, com muitas amizades e brincadeiras.
Qual a sua ocupação hoje?
Tenho procurado estudar muito sobre religião e sobre a vida de um modo geral, principalmente algo relacionado ao final das nossas vidas. Sempre prezei em respeitar as pessoas, desejar um bom dia com sorriso. Hoje estou vivendo uma experiência que as vezes a pressa não me deixava ver, então estou vivendo isso e agradeço ter tempo de acordar e agradecer a Deus por ter saúde e levantar sem dor, nem nada, as vezes dormir a noite inteira, então você começa a enxergar tanta coisa maravilhosa, que as vezes na pressa, ou quando você é mais jovem, não para pra observar. É a maturidade.